Queremos ver Jesus
28/06/2011São Pedro e São Paulo
29/06/2011Há uma constatação quase generalizada a respeito da avaliação da pessoa humana em nossos dias. Houve uma decadência muito acentuada entre o homem pensado por Deus e o homem moderno. Apesar de toda evolução conquistada em todas as áreas, assim mesmo o homem não se sente realizado e feliz.
Vive sequioso, na busca de um manancial onde possa beber a felicidade da vida. Depois de um percurso longo de existência, parece ter a sociedade chegado a um termo de esgotamento que o homem se apresenta anêmico, chagado, infeliz. Desviou-se certamente da trilha destinada a encontrar o verdadeiro sentido da sua existência.
Quantas vidas mal vividas, vazias, lacônicas, depressivas! Quantas vidas sem sentido, carregadas de neuroses e insatisfações! Não é este o homem que Deus quer, nem esta mulher que Deus projetou.
Urge, pois, fazer a pessoa humana voltar a acertar o caminho que possa levá-la a reconstruir-se e ser conforme Deus a arquitetou: íntegra, verdadeira, nobre, feliz. Jesus Cristo expressou esse desejo de Deus: “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância”.
E uma das palavras que a Bíblia utiliza para expressar a vida sonhada por Deus é a paz. Por isso, a Campanha da Fraternidade prega solidariedade e paz, pedindo um basta à violência, às afrontas contra a dignidade humana, a tudo que desrespeita o homem e a mulher, criados à imagem de Deus. Paz não é só ausência de guerra, mas vida em plenitude, em que a dignidade de filhos de Deus é colocada em primeiro lugar, em todas suas dimensões.
Podemos consultar a história e ela nos mostrará modelos que inteligentemente conseguiram alcançar a plenitude do seu próprio ser, isto é, a realização da própria identidade querida e projetada por Deus.
Entre esses modelos, recordamos Francisco de Assis, o santo cuja mensagem continua atual, conclamando-nos à vida plena, à paz, ao bem. A saudação franciscana “paz e bem” soa vibrante fazendo coro ao apelo da Campanha da Fraternidade.
São Francisco de Assis é um protótipo perene que podemos apresentar de um homem realizado, feliz, por isso santo. Seu modo de vida serve para todos os tempos, especialmente para o nosso. Importante na vida do pobrezinho de Assis foi a sua conversão, isto é, mudança de direção, transformação interior que também levou a uma revolução exterior.
Foi corajoso e radical, sentiu que a vida é uma só e cada momento que se perde faz a vida se esvair. Disse não ao caminho da riqueza e optou fortemente pelo caminho da pobreza, do despojamento.
No mundo das idéias, Francisco quis direcionar toda sua vida na busca de um ideal único, ideal do seguimento de Jesus Cristo. Não menos importante na vida de Francisco foi sua paixão. Foi um homem apaixonado, o que vale dizer que quando decide se lança com tudo e tem a certeza de alcançar. A sua paixão teve uma única direção: identificar-se com Jesus Cristo.
No mundo das emoções quis ser um elo em toda a criação, em toda a humanidade, optou pela fraternidade cósmica. No meio de um grupo de irmãos pobres, apregoou no meio do mundo a fraternidade, pois acreditou firmemente na paternidade universal de Deus. Esse Francisco tornou-se no mundo o arquétipo de um humanismo novo, que busca resgatar o modelo de pessoa criada por Deus.
A mensagem de Francisco de Assis se projeta nos ideais da Campanha da Fraternidade que pede “solidariedade e paz” e proclama “felizes os que promovem a paz”. A campanha quer unir igrejas cristãs e pessoas de boa vontade na superação da violência, promovendo a solidariedade e a construção de uma cultura de paz. Com Francisco somos chamados a ser construtores da paz, a paz que Jesus veio nos trazer e que tem o sentido de vida plena.
Bom seria se conseguíssemos ressuscitar em nós o Francisco que mora em nossos desejos, pois nossos anseios condizem com os do pobrezinho de Assis. A diferença está em que ele conseguiu realizá-los e nós ainda estamos a caminho. Para ser franciscano é preciso ser apaixonado, simples, pobre, mas acima de tudo fraterno. E só é possível construir a solidariedade e a paz quando vivemos a fraternidade.
Por: Frei Augusto Giroto