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Esta semana – a Semana Santa – é um tempo propício para meditarmos, de modo mais especial, sobre os últimos acontecimentos da vida de Jesus Cristo, Nosso Senhor, em sua entrega plena de amor por nós.
Reflitamos sobre o início de tudo ou o início do fim da vida pública de Cristo neste mundo. É a história de um inocente traído, preso sem direito à ampla defesa, e abandonado pelos seus… Isso é o que vemos se olharmos, cruamente, para os relatos da prisão, sem levarmos em conta a total entrega de Jesus por você e por mim, naquela noite, depois de lavar os pés dos Apóstolos e querer ficar conosco, de modo perpétuo, na Eucaristia.
O primeiro ponto que nos chama a atenção é a traição de Judas, um dos doze, que sempre esteve com o Senhor. Por 30 moedas de prata ele entrega o Mestre e amigo com quem convivera por três anos e de quem fora discípulo. No meio dos discípulos, há um traidor…
O Senhor que é verdadeiro Homem também é verdadeiro Deus e, por isso tudo sabe, de modo a prever: “Um de vós há de me trair”. Cada um dos doze não apontou para o irmão, mas, ao contrário, examinou a própria consciência: “Acaso, serei eu, Senhor? ”, até que o verdadeiro culpado surge. É Judas. Pega o pão, come e sai para concretizar sua traição nefasta e vergonhosa. Volta com os soldados – que também cumpriam ordens – e ainda tem a desfaçatez de dar um beijo no Senhor, que o recrimina docemente: “Judas, com um beijo traís o Filho de Deus? ”
Tudo, porém, já estava feito e o desenlace, que já conhecemos, será celebrado nos próximos dias. O desespero não constrói nada de bom, só leva a desatinos, como o de Judas. Enforcou-se! Seu psicológico não aguentou tamanha covardia para com Aquele que só fez o bem a todos. Peçamos, aqui, duas graças a Deus: a de ser como os Apóstolos, na hora da Ceia, antes de acusar alguém, examinar primeiro a nossa consciência: “que fiz eu de mal, Senhor? Como posso mudar de vida?…” Mas também a de não ser como Judas que trai o Senhor, não mais por 30 moedas, mas, talvez, por um cargo, por um status social, pelo poder etc.
O segundo ponto desta meditação é o despojamento de Cristo totalmente humano ali no Horto das Oliveiras. Quando Pedro corta a orelha do servo do chefe de polícia, Jesus cura o ferido e repreende o líder do Colégio Apostólico mandando-o guardar a espada. Se não quisesse dar a vida por nós, pediria ao Pai e Ele mandaria legiões de anjos que, em pouco tempo, reduziria as centúrias de soldados a cinzas. Mas não é hora da grandeza, e, sim, do despojamento total.
Charles de Foucauld, assassinado em 1916, no Marrocos, Beato da Igreja, aprendeu com o Pe. Huvelin, seu diretor espiritual, uma verdade que bem se aplica a este momento da vida de Jesus e da nossa: “Aprendamos uma coisa, dizia o padre, devemos buscar sempre o último lugar, mas Cristo já o ocupou de tal maneira que só nos resta o penúltimo”. Ora, de Jesus aprendamos a superar a violência, derramando mais amor e nunca (nunca) sangue inocente.
O terceiro ponto, dentro da dramática prisão de Jesus, é a negação covarde de Pedro. Esteve sempre com o Senhor, tem o primeiro lugar entre os doze, fala, em sua teimosia, que vai morrer no lugar de Jesus, mas, na hora decisiva, nega o Mestre como o próprio Senhor previra. “Eu não conheço esse homem”. Que fracasso o de Pedro e também o nosso quando o Evangelho nos chama a dar testemunho de nossa fé com sadia radicalidade. Falamos também: “Estou pronto a morrer pelo Senhor”, mas depois O negamos, nem sempre somos fiéis até o fim.
É preciso, contudo, lembrar que, longe de entrar em um desespero angustiante, Pedro se arrependeu de sua covardia e chorou amargamente. Depois da Ressurreição, reafirmou por três vezes seu amor a Cristo, assumiu a sua função, pregou, de modo destemido, o Evangelho e morreu mártir, em Roma, crucificado de cabeça para baixo. Não se achou digno de falecer como Jesus. Aprendamos com Pedro, não a teimosia nem muito menos a covardia, mas o arrependimento salutar que perdoa as nossas faltas e restitui a nossa dignidade perdida.
O quarto ponto é o julgamento de Jesus em si. Quem O julga tenta se livrar do pecado de condenar um inocente, enquanto Jesus assume os pecados da humanidade. Eis a oposição entre a humildade do Deus-Homem e a arrogância de alguns homens que se julgam deuses e aptos a condenar à morte um inocente. Sem entrar nos detalhes longos do que ocorreu, pois os veremos na Sexta-feira Santa, na Celebração da Paixão, deixo um ponto para reflexão.
Os acusadores e condenadores de Jesus sabem que prendem e condenam um homem puro e soltam Barrabás, um malfeitor. No “calor” do momento pedem que o sangue de Cristo caia sobre eles em forma de maldição. Contudo, Jesus não paga o mal com o mal, mas, sim, com o bem. Retribui-lhes com a bênção de seu sangue redentor, ela dá a cada pecador, sinceramente arrependido, a graça do perdão e da vida eterna. Pensemos nisso. Amém!
Orani Joao, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Fonte: olharjornalistico.com.br
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