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Por Pe. Agnaldo José
O Brasil possui extraordinárias riquezas, tanto de ordem natural, cultural, como religiosa. Por mais que se conheçam suas regiões, sempre há surpresas com a beleza, a história e a diversidade de sua gente. Recentemente, visitei Caxias do Sul, Farroupilha e Bento Gonçalves, no Estado do Rio Grande do Sul. Um dos momentos mais emocionantes aconteceu no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha.
Construído pela liderança dos imigrantes italianos, esse lugar sagrado recebe milhares de peregrinos, devotos de Maria Santíssima, cuja festa acontece no dia 26 deste mês, data de sua aparição, na cidade de Caravaggio, Itália, em 1432. A história conta que uma camponesa, de 32 anos, muito piedosa, sofria nas mãos do marido, conhecido pelo seu mau caráter. Maltratada e humilhada, Joaneta, como fazia quase todo dia, estava cortando capim, para dar aos animais, em um prado próximo, chamado Mezzolengo, distante dois quilômetros de sua casa. Entre lágrimas e orações, avistou uma mulher, com o aspecto de uma rainha, que se mostrava cheia de bondade. Mandou que se ajoelhasse para receber uma grande mensagem, e disse-lhe: “Eu sou Maria, a Mãe de Jesus. Tenho conseguido afastar do povo cristão os merecidos e iminentes castigos da Divina Justiça, e venho anunciar a Paz”. Nossa Senhora pediu que o povo voltasse a fazer penitência, jejuasse às sextas-feiras, fizesse muitas orações e, ainda, que lhe fosse erguida uma capela. Como sinal da origem divina da aparição e das graças que ali seriam dispensadas, no lugar onde estiveram os pés da Virgem Santa, ficaram as pegadas de sua presença. Também, milagrosamente, Deus fez brotar uma fonte de água límpida e abundante, existente até os dias de hoje, na qual muitos doentes recuperam a saúde. Um dos primeiros frutos da aparição foi a conversão do marido de Joaneta e a conquista da paz entre as cidades próximas a Caravaggio, que viviam em constante guerra.
O santuário, em Farroupilha, fez o tempo parar ao meu redor. Entrei pelo corredor central e vi, à direita, a imagem da Virgem Maria e Joaneta, ajoelhada aos seus pés. Muitas flores enfeitavam o altar de Nossa Senhora. Ajoelhei-me. Fechei os olhos e pensei no seu carinho pelos pecadores e por todos os que sofrem nesse mundo. Vieram, em minha imaginação, as pegadas deixadas no lugar da aparição e a fonte de águas cristalinas. Sabe-se que Maria acolheu Jesus no seu ventre, mas foi discípula de seu próprio filho. Os evangelhos narram muitos momentos em que ela esteve ao lado de Jesus: apresentando-o no Templo de Jerusalém, nas bodas em Caná e, sobretudo, aos pés da cruz. Por isso, pode-se dizer: onde estão as pegadas de Maria, estão as pegadas de Jesus! As marcas dos pés de Jesus, sempre um pouco à frente, abrindo os caminhos que conduzem à vida plena. Que Nossa Senhora de Caravaggio continue intercedendo pelo povo da diocese de Caxias do Sul. Que ela ajude a todos a imitar o seu filho, que passou pela história humana realizando o bem e fazendo bem todas as coisas.
Publicado na revista Ave-Maria edição de maio de 2016.
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