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A Igreja na Amazônia Legal busca ser sinal vida e esperança junto aos povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, moradores das cidades e na defesa da biodiversidade.
No rosto transparece a dor, num choro contido e silencioso ela se contorce no banco. Não quer falar. Irisnete Conceição está muito apreensiva, disse que sente dores no corpo todo. Raimundo Nonato Rodrigues Filho tem o olhar distante. Há muita tristeza em seu rosto, tem os olhos marejados e vermelhos. Silencia e parece perdido, olhando para o nada. “Meu sonho é voltar a trabalhar, poder levantar cedo e ter o direito de ir e vir em meu roçado.”
Ambos são da comunidade Bem Feito, município de Formosa da Serra Negra (MA), na Amazônia Legal. Eles tiveram as terras invadidas por um grileiro. A comunidade vive nesse local há mais de cem anos e agora apareceu um “dono”; com a iminente expulsão das terras a comunidade não tem para onde ir. Populações e biomas, nessa região, são constantemente ameaçados.
No Brasil, a concentração fundiária vem acrescendo, com um agravante: a Amazônia e os cerrados tornaram-se, desde 1970, as novas regiões de fronteira agrícola e agropecuária, pois nas demais regiões do país praticamente não existem mais terras disponíveis para tal prática.
Estima-se que a Amazônia brasileira desaparecerá em quarenta anos caso sejam mantidos os índices de desmatamento atuais.
Diante dessa realidade, a Igreja na Amazônia Legal tem buscado ser discípula missionária, numa atitude samaritana e profética diante das realidades que ferem e matam as populações e a biodiversidade da região. Pois, como afirma o Papa Francisco, “A Igreja está na Amazônia não como aqueles que têm as malas na mão para partir depois de terem explorado tudo o que puderam”. Já em 1954 os bispos da Amazônia, reunidos em Manaus (AM), fizeram ecoar pelo Brasil que a Amazônia é responsabilidade de toda a Igreja do Brasil.
Em novembro de 2016 aconteceu em Belém (PA) o II Encontro da Igreja na Amazônia Legal. À luz do Evangelho de Jesus e do legado de tantos homens e mulheres que entregaram a vida na vasta terra amazônica, bispos, padres, religiosos(as), leigos(as) e lideranças pastorais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dos Regionais da Amazônia Legal – Norte 1 (norte do Amazonas e Roraima), Norte 2 (Pará e Amapá), Norte 3 (Tocantins), Nordeste 5 (Maranhão), Oeste 2 (Mato Grosso) e Noroeste (Acre, sul do Amazonas e Rondônia) – encontraram-se para viver momentos de diálogo, de escuta, de partilha, de busca comum e de atualizar o compromisso profético de vida e esperança, para que brilhe a luz da vida para os povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, moradores das cidades, mulheres, jovens, crianças e todas as pessoas empobrecidas e excluídas da região amazônica.
A partir das reflexões do II Encontro da Igreja na Amazônia Legal foi ressaltado o difícil momento da história do Brasil e da humanidade. Articulação da Igreja – Fundada pela CNBB, Conferência Episcopal da América Latina (Celam), Comissão Justiça e Paz, Confederação Latino-Americana de Religiosos (CLAR) e Caritas América Latina e Caribe, nasce a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), em setembro de 2014, em Brasília (DF). O nascimento se dá a partir de uma provocação da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em Aparecida (SP), que sugeriu, no Documento de Aparecida (DA) 475, “Criar nas Américas a consciência sobre a importância da Amazônia para toda humanidade. Estabelecer entre as Igrejas locais de diversos países sul-americanos, que estão na bacia amazônica, uma pastoral de conjunto com prioridades diferenciadas para criar um modelo de desenvolvimento que privilegie os pobres e sirva ao bem comum”. Desde então se inicia um diálogo de maturação, até se criar a Repam, que abraçasse a realidade da Pan-Amazônia, que envolve os nove países que têm a Floresta Amazônica em seu território: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Amazônia Legal corresponde à área de 61% do território brasileiro e engloba nove Estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Estado do Maranhão (a oeste do meridiano 44°W), perfazendo pouco mais de 5 milhões de quilômetros quadrados. O território nacional tem cerca de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Na Amazônia Legal residem 56% da população indígena brasileira. A Repam, além do intercâmbio com organismos da Igreja Católica, visa a parcerias, em todas as regiões brasileiras, com representantes de organizações da sociedade civil, governo, setor privado, organismos multilaterais, academia e outras redes que atuam, direta ou indiretamente, na promoção e na garantia de direitos dos povos indígenas, ribeirinhos, afrodescendentes, moradores das cidades, mulheres, jovens, crianças e todas as pessoas empobrecidas e excluídas na região amazônica, na defesa da vida humana e da biodiversidade da região.
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Artigo de autoria de Osnilda Lima, fsp.
Texto extraído da seção “Missão” da Revista Ave Maria – Edição Abril/2017.
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