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A relação entre a maturidade humana e a religiosa nem sempre é abordada em nossas comunidades. Entretanto, é uma questão que necessita de um olhar mais atento, pois nem sempre a maturidade humana caminha em uníssono com a maturidade religiosa.
Podemos encontrar pessoas maduras e integradas em quase todas as dimensões, mas que apresentam formas de religiosidade muito infantil e, em alguns casos, até mesmo insana. Não há dúvida de que as consequências dessa dissonância levam a pessoa a viver contradições internas e dramáticas. Por outro lado, há pessoas com uma profunda e saudável experiência de Deus, mas que possuem alguns desajustes pessoais que necessitam ser trabalhados.
Como nos diz São Paulo, levamos o tesouro da nossa fé em vasos de barro (cf. 2Cor 4,7). Isso supõe cuidar para que o precioso tesouro da fé não seja comprometido por nossas ações, especialmente quando temos sob nossa responsabilidade o cuidado pastoral de outras pessoas.
A partir disso, apresentarei algumas características que devem configurar a maturidade humana dos agentes pastorais:
Os agentes pastorais necessitam de equilíbrio emocional e estabilidade psicológica, especialmente para lidar com situações adversas no ambiente em que se encontram. É comum encontrar líderes que não sabem lidar com o contraditório: quando confrontados por outros membros da comunidade, por exemplo, entram em crise. Em casos extremos, até abandonam a comunidade. São Paulo nos ensina que, mesmo abatidos, não somos destruídos (cf. 2Cor 4,9). Situações assim são uma oportunidade para crescer humana e espiritualmente.
Sentido de responsabilidade, capacidade para tomar decisões e levar projetos até o fim: esses três elementos são fundamentais em uma comunidade, especialmente quando há um planejamento pastoral que norteia o caminhar eclesial. Tomar decisões nem sempre é fácil, especialmente quando há possibilidade de erros, mas o Papa Francisco nos ensina que é preferível “uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, nº 49).
Capacidade para acolher, escutar e respeitar os demais: um agente pastoral deve praticar constantemente a arte da escuta: “Deve-se escutar muito, é preciso partilhar a vida das pessoas e prestar-lhes benévola atenção” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, nº 158). O próprio Deus, segundo nos ensina a Sagrada Escritura, adapta-se a nós para que possamos entrar em diálogo com Ele.
Discernimento das próprias capacidades e limitações na realização de projetos pastorais: é comum encontrarmos agentes pastorais engajados em várias pastorais e movimentos ao mesmo tempo. Em alguns casos, isso pode ser uma fuga das outras responsabilidades familiares, profissionais e sociais. Discernir é saber dizer “sim” quando é possível e “não” quando sabemos de nossas limitações.
Embora haja muitos outros elementos que devem ser contemplados no agir pastoral, partindo dos citados cada comunidade eclesial pode, a partir de sua própria realidade, dedicar espaços formativos com temas de maturidade humana, pois a fé, como experiência total, implica a totalidade da pessoa.
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