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Por Lucimara Trevizan.
Não se pode falar da Igreja sem falar de Maria. Tampouco da Catequese. Na religiosidade do nosso povo, ela ocupa um lugar especial. Mais do que qualquer outra mulher, nos revela o “rosto materno” do Pai, voltado para nós. O povo se identifica profundamente com Maria e a venera como mãe muito amada.
Maria é alguém, pessoa humana como nós, que se abriu de tal forma ao dom do Espírito Santo que é chamada e invocada pelo povo cristão como Mãe de Jesus e Nossa Senhora. Nela se encontra a realização daquilo que cada cristão é chamado a ser na própria vida. Nela descobrimos o perfil espiritual da primeira cristã: pobreza, serviço, temor de Deus, consciência de sua própria fragilidade, sentido de justiça, solidariedade com o povo de Deus, abertura e disponibilidade ao Plano da Salvação, confiança na realização das promessas divinas, fidelidade e misericórdia.
Na Bíblia, Maria representa todo o povo de Israel, que espera ansiosamente o Messias. Em contraste com o Não de Eva (representando o Não da humanidade – cf. Gn 3,15), Maria dá seu SIM incondicional a Deus (cf. Lc 1,38). Assim, ela é associada à obra da redenção. No evangelho de João (cf. Jo 19,25-27), na cruz, Jesus entrega sua mãe a João, que representa ali a Igreja, e entrega João a Maria. Assim, Maria é a Mãe da Igreja. Como Mãe de Jesus Cristo, ela é também a mãe de cada um de nós, por pertencermos à família de Jesus.
Os dogmas (afirmações de fé) sobre Maria devem ser vistos em referência a Jesus Cristo. Eles querem ressaltar a importância do Cristo. O Concílio Vaticano II, na Lumen Gentium, reafirma a maternidade de Maria. O Concílio apresenta Maria dentro do Plano da Salvação. Maria está em relação a Cristo e à Igreja, sua maternidade não é considerada em si, mas em seu valor salvífico. Maria não é apresentada como mãe somente por ter gerado a Cristo, mas como aquela que acompanha sempre o Filho, com sua consagração –dedicação total – a Jesus Cristo. Maria é apresentada como modelo da Igreja.
Maria não é só nossa Mãe. Ela também é nossa irmã, porque é a primeira do Povo de Deus a receber a salvação por seu Filho. Salva por Cristo, ela é livre do pecado desde o início da sua existência (Imaculada Conceição) e ela já entrou na glória, onde participa em plenitude, da ressurreição do seu Filho (Assunção de Nossa Senhora). Maria já é totalmente redimida. A íntima relação de Maria com Cristo é que a leva ser preservada do pecado. Esta preservação não se refere aos sofrimentos, dores e morte. Maria, proclamada Igreja, é totalmente de Deus, o pecado não a contaminou. A definição dogmática da Assunção não se refere à morte de Maria, não quer fazer referência a algum lugar; ser elevada, glorificada, significa ser elevada à presença de Deus.
Maria está totalmente voltada para Deus; é toda amor-doação ao Senhor. Pobre e humilde, tornou-se fecunda pelo Espírito (cf. Lc 1,35). Maria é toda de Cristo e toda servidora dos homens. Este é o sentido profundo da sua virgindade. A Lumen Gentium 64 apresenta a virgindade, disponibilidade e entrega, como valor para toda Igreja.
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