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O Diretório Nacional de Catequese – DNC, em seu primeiro capítulo, cita as conquistas e desafios do movimento catequético pós Concílio Vaticano II, trazendo em seu item 14, “os grandes desafios à tarefa de se realizar uma catequese verdadeiramente voltada para a iniciação à vida cristã”. São listados quinze itens, todos de suma relevância, colocados ali para despertar a consciência do catequista no sentido de acordar para uma realidade que se faz urgente: devolver à catequese o verdadeiro sentido de complemento à Iniciação Cristã que deveria ter começado com a família nos primeiros anos de vida da criança.
Mas, o que chama a atenção, num primeiro momento, é o desafio de “(…) passar de uma catequese só orientada para os sacramentos, para uma catequese que introduza ao mistério de Cristo e à vida eclesial” (item g, DNC 14). Este é, sem dúvida, um dos maiores desafios que a catequese nos apresenta hoje.
Percebe-se uma catequese longe da mistagogia catequética dos primeiros tempos da Igreja, distante da liturgia e, mais ainda, de introduzir o cristão a uma participação efetiva na comunidade/igreja.
Ao longo do tempo, construiu-se a crença de que a família estaria fazendo o papel do primeiro anúncio de Cristo, do “querigma”, da conversão, enfim. Porém, o que se vê é uma família frágil em suas crenças e na condução de uma educação cristã de seus filhos. Isso porque ela já vem de uma catequese totalmente voltada para os sacramentos, sem profundidade na fé. Hoje, a grande maioria das famílias cristãs, encontra-se despreparada para ser “a primeira catequese dos filhos”. O mundo secularizado, o apelo consumista e a urgência de se colocar num mercado de trabalho cada vez mais concorrido, tem feito pais e mães deixarem a religião de lado. Isso quando não os próprios filhos, que são educados hoje, muito mais pela TV e pela internet, do que por eles. Isso para não falar da educação nas “ruas”, nas gangues e nas “tribos”.
Para vencer este desafio é necessário mudança de mentalidade e de postura. Não só com crianças e pais, como da própria mentalidade do catequista. Nosso catequista foi educado por uma catequese “sacramental”. Por mais que ele tente mudar sua postura, muitas vezes, os encontros de catequese ainda estão por demais apegados à doutrina e aos costumes. Exige-se dos catequizandos o “decorar”. São orações, mandamentos, sacramentos, dons do Espírito Santo, enfim… Sem que eles, os catequizandos, realmente os tenham “decora…ção”.
A catequese em si, vem tentando “doutrinar” o catequizandos. As crianças e adolescentes, ao serem “doutrinadas”, e não evangelizadas, recebem a fé como mais um “conteúdo escolar” (vê-se pela dificuldade que eles têm em trocar o “professor (a)” pelo “catequista”). Outra coisa, os conteúdos da catequese não são “cobrados” em avaliação (nem deveriam sê-lo!), portanto, não são considerados importantes para fazer parte de uma bagagem de conhecimentos. Estas questões nos levam a concluir que não se vive o “mistério da fé” na catequese.
Acredita-se ainda, que toda a conversão ao mistério da morte e ressurreição de Cristo é uma coisa “implícita” na pessoa do catequizando, algo que vem de berço. É uma “obrigação” da família. E, sabemos hoje, que nada pode estar mais longe dessa realidade. A família encontra-se presa a conceitos “sacramentalizados” de catequese. A primeira comunhão e a crisma são obrigações “sociais”. Os pais colocam os filhos na catequese para “adquirir” o sacramento. Pura e simplesmente. Não raro, os adolescentes não vêem a hora de acabar a catequese e, portanto, a obrigação religiosa de se estar indo à igreja uma vez por semana. Nem contamos aqui a missa dominical, que seria o “segundo” encontro semanal.
As coordenações de catequese, têm lançado mão de artifícios e mais artifícios para “levar” o catequizando à missa. Sem sucesso. A liturgia, o “celebrar” foi deixado de lado pela catequese durante muito tempo. Privilegiou-se o “saber” em detrimento do “sentir”. A mistagogia foi dissociada da catequese. Não há, na maioria dos corações que chamamos “cristãos”, a necessidade de celebrar o mistério pascal. A missa tornou-se somente uma repetição considerada sem necessidade pelo catequizando.
Para se vencer esse desafio, é preciso rever posturas e conceitos. É preciso “(…) assumir o processo catecumenal como modelo de toda a catequese e, consequentemente, intensificar o uso do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos – RICA” (outro desafio listado no DNC 14). O catequista precisa estar consciente de que mudanças começam, não por uma doutrina ou por um documento imposto pelas autoridades da igreja. Começa pela mudança do “SER” catequista. Começa pelo “primeiro anúncio” feito ao seu próprio coração. O catequista está realmente consciente de seu papel nessa mudança tão necessária de conceitos?
O trabalho é árduo e o caminho é longo. A Igreja tem delineado alguns “mapas”, como o RICA, o próprio DNC, o Documento de Aparecida e o Documento 97. Mas eles não são suficientes. Precisa-se do “mapa” do nosso “DNA” cristão. Saber como fomos “construídos”, como se deu a nossa construção como catequistas, como fiéis, como discípulos. Precisamos achar Jesus em nosso íntimo. Só assim saberemos, com nosso exemplo, levar outros, ao Cristo Jesus, verdadeiramente assumido pelos primeiros discípulos e catequistas.
Texto escrito por Ângela Rocha, Catequista de Primeira Eucaristia
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