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Um seminário on-line de Antropologia – “Deus viu que era belo”; um jovem que recebe uma mensagem de esperança enquanto cumpre medida socioeducativa na Fundação Casa; uma família que se reúne para gravar vídeos comentando a Palavra de Deus: esses são alguns dos exemplos de como a missão pode ser realizada por diferentes vias e, também pelos canais digitais.
Dessa forma foram criados grupos, projetos, campanhas solidárias e muitos outros eventos por meio de plataformas para reuniões on-line e videoconferências, bem como pelas redes sociais como YouTube, Instagram, Facebook e WhatsApp.
São mais de 40 mil inscritos no canal do YouTube do Festival Halleluya, da Comunidade Católica Shalom. Entre elas, Diego Fernandes, que comentou em um dos vídeos com mais visualizações do canal: “Lindo demais! Que saudades de celebrarmos juntos essa festa! Agora virtualmente, mas, em breve, presencialmente! Obrigado, Shalom, por este lindo clipe! Tá tudo lindo! Essas vozes juntas arrastam-nos para o infinito”.
A experiência de Diego foi a mesma vivida por milhares de pessoas que, devido à oportunidade de ter à disposição vídeos, eventos e acompanhamento on-line, puderam aproximar-se de Deus por meio da ajuda de missionários atentos aos novos meios de evangelização.
Ivan Bezerra dos Santos, da Pastoral do Menor de Arquidiocese de São Paulo (SP) comentou à reportagem da Revista Ave Maria que, pela primeira vez, muitas famílias puderam, em suas casas, participar da Via Sacra da Criança e do Adolescente, evento que acontecer anualmente e reúne crianças e adolescentes acompanhados pela Pastoral do Menor.
“Tivemos um retorno muito positivo das famílias que, em geral, não acompanhavam seus filhos aos eventos e que, pela primeira vez, puderam participar de forma virtual”, disse Ivan.
Para Andréia Fernandes de Sousa, que mora em Brasília (DF) e é membro do Movimento Ágape de Casais Discipulado e Grupo de Casais que Adoram, foi um tempo de escuta e partilha. “Fizemos em família vários momentos juntos e pudemos gravar vídeos falando da nossa experiência de oração em família, o que nos ajudou ainda mais na vivência da fé”, disse.
Andréia explicou que, como se trata de um movimento grande que tem como foco o trabalho com casais, as reuniões e encontros foram mantidos durante a pandemia. “Usamos o Zoom, o Meet e os grupos de WhatsApp para nos organizar e a partir daí desenvolver outras atividades, como a oração do Terço e o acompanhamento dos casais”, disse.
Para eles, a principal dificuldade foi manter em sigilo alguns “segredos” que fazem parte dos encontros e são mantidos para que os membros novos não saibam antecipadamente da dinâmica da comunidade. “Tivemos que pensar em outra logística. Por isso, antecipadamente combinávamos o que cada um iria fazer. Além disso foi interessante pois, a cada encontro, fazíamos a partilha como se estivéssemos frente a frente”, acrescentou Andréia.
Amanda Pereira faz parte da equipe de comunicação da Comunidade Católica Shalom. Embora se trate de uma comunidade grande, Amanda explicou que o desafio foi realizar de forma virtual os eventos que reuniam muito público.
“Desde que começou a pandemia, realizamos vários eventos on-line porque era a única alternativa, mas as transmissões, a princípio das missas, cresceu tanto que nasceu, no canal do YouTube e televisão da comunidade”, explicou Amanda.
Eventos como o Halleluya ou o Congresso de Jovens Shalom (CJS) aconteceram em nível geral e tiveram um grande alcance. “Em 2020, por exemplo, fizemos o Halleluya Solidário, que foi para cobrir os custos que a comunidade teve, sobretudo nos investimentos em tecnologia, e para ajudar outras instituições como a Fazenda da Esperança e a Canção Nova”. As gravação dos shows do Halleluya em 2021 aconteceram em três cidades diferentes: em Fortaleza (CE), no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (SP).
Alguns shows do evento foram gravados e outros ao vivo; além disso, aconteceram encontros, fóruns e retiros on-line. “A missão em São Paulo começou com o Seminário de Vida e, no início, tivemos muitas dúvidas sobre como iríamos manter o contato com as pessoas de forma virtual, mas, elas se inscreveram e falamos antecipadamente por meio do WhatsApp com cada uma delas, além do acompanhamento durante cinco semanas e após o evento. Foi muito interessante a forma com que conseguimos acompanhar as pessoas”, continuou Amanda.
Já o Reviver, retiro promovido durante o carnaval, aconteceu de forma on-line, com uma grande estrutura. “Colhemos muitos frutos desse trabalho e agradecemos a Deus que nos deu meios. Mesmo com a saturação que o digital, foi uma experiência muito importante”, afirmou e acrescentou: “A comunidade foi muito sábia. Ouviu a voz de Deus e não ficou paralisada. Precisamos dessas novas formas de evangelização, pela arte, pela cultura e pela comunicação”.
Irmã Luciana Pitol, missionária scalabriniana, mora no Rio Grande do Sul e é uma das responsáveis pelo Serviço de Animação Vocacional da Congregação das Irmãs Missionárias Scalabrinianas. Para ela, a pandemia foi um momento de aprendizado e descoberta.
“Não estávamos preparadas para trabalhar em época de pandemia. Nas redes estávamos somente no Facebook e, mesmo assim, não bem movimentada e trabalhada. Esporadicamente e de forma aleatória, postávamos conteúdos que apareciam e que achávamos importantes no momento, sem muita programação”, explicou.
Por acreditar que o tempo da pandemia seria curto, a congregação demorou alguns meses para se organizar e investir nos canais digitais, sobretudo nas redes sociais.
“Somente após cinco meses criamos nosso Instagram e começamos a realizar postagens de forma mais orgânica e planejada. Preparamos a pessoa que iria trabalhar com redes sociais e começamos a mostrar nossa cara. Ainda assim, nem todas as irmãs acharam que seria necessário fazê-lo. Aprendemos, também nos organizamos e avançamos. De forma organizada e constante, temos visto um crescimento muito significativo e, o mais importante, temos canais de comunicação com os jovens”, disse Irmã Luciana.
Outros projetos já estão sendo articulados, além, é claro, da possibilidade de realizar eventos internacionais, como o que aconteceu entre jovens de países da América Latina e da África e foi essencial para que a congregação pudesse reforçar sua universalidade e o carisma junto aos migrantes e refugiados, para os quais as religiosas anseiam um mundo sem fronteiras.
Ivan Bezerra dos Santos, da Pastoral do Menor de Arquidiocese de São Paulo, disse, em entrevista à reportagem, que, quando começou a pandemia, a Pastoral do Menor viu-se diante do enorme desafio de realizar eventos e visitas às unidades da Fundação Casa de forma on-line.
“Faltava pouco tempo para a Via Sacra da Criança e do Adolescente e, junto aos membros do conselho da arquidiocese, chegamos a um consenso sobre como fazer para que as crianças e adolescentes se sentissem representados. Surgiu, então, um vídeo que recolheu os vários eventos que aconteceram nos anos anteriores”, contou Ivan, relatando a primeira de muitas iniciativas realizadas pela pastoral, que cresceram e expandiram o trabalho missionário.
Outro desafio foi chegar até a Fundação Casa, que fechou durante toda a pandemia. “Nasceu dessa necessidade o projeto ‘Cinco minutos com a Pastoral do Menor’, no qual enviamos para as unidades da Fundação Casa vídeos de cinco minutos sobre esperança, ajudando os adolescentes e jovens a passaram pelos meses mais difíceis da pandemia”, contou Ivan.
Outros vídeos de formação foram pensados especialmente para os educadores e feitos a partir de uma rede de colaboração com diferentes profissionais. Os vídeos estão disponíveis no canal do YouTube da Pastoral do Menor e também no Instagram e Facebook.
O Natal dos Sonhos de 2020 e a Via Sacra do Menor em 2021 também foram realizados virtualmente. No Natal, mesmo sem evento presencial, houve arrecadação de brinquedos que foram distribuídos para
“Foi uma experiência muito interessante, sobretudo porque aprendemos novas formas de atuação. Fomos nos aperfeiçoando e entendendo melhor as ferramentas. As reuniões on-line, por exemplo, favoreceram a participação das pessoas, além de reduzir custos, e acreditamos que vieram para ficar”, concluiu Ivan.
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