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O Livro dos Juízes é um dos que tratam de forma significativa do papel das mulheres na sociedade. Nele encontra-se Débora (Jz 4; 5), a única juíza mulher de Israel. Em hebraico, Débora significa “abelha” e ela, juntamente com Barac, no século XII a.C., liderou o povo de Israel contra Canaã. Era mãe, casada e profetisa, pois o povo a procurava para pedir ajuda diante dos problemas particulares.
Com discernimento espiritual e fé sólida, Débora estava ciente da realidade de seu país, bem como das idolatrias que haviam se instalado no meio do povo, levando-o à confusão e à fragmentação. Assumiu a responsabilidade no governo de Israel com as bênçãos divinas dando ordens militares a um homem, liderando, assim, a marcha contra os opressores do povo.
Sua marcante presença era motivo de confiança e segurança. Terminada a batalha, Débora entoou o hino que está em Juízes 5 agradecendo a Deus pela vitória. Era consciente de sua missão, reconhecendo que o mal de Israel foi ter se desviado de Deus e que o sofrimento do povo era decorrência dos pecados cometidos contra o Altíssimo.
Débora certamente foi uma das personagens centrais do Antigo Testamento, pois os juízes ocupavam funções religiosas, civis, políticas e militares. Era uma mulher carismática, cheia de força e projeção social. O que nos chama a atenção é que ela representa as mulheres corajosas que não se submetem ao domínio machista e entendem seu lugar na comunidade com os mesmos direitos e atributos masculinos. Ela rompe com um esquema patriarcal que abre espaço para o feminino atuar na sociedade.
A parceria de Débora com Barac revela a aliança em prol de um bem comum para todos. Uniram seus esforços e dons para derrotar o inimigo e dar continuidade ao que Deus escolheu para seu povo. Nesse sentido, a profetiza revela a grandeza da filiação divina e a possibilidade de homens e mulheres caminharem juntos vencendo as desigualdades, pois todos são chamados a completar a obra salvífica.
Essa mulher viveu num tempo difícil para a história de Israel e nem por isso voltou atrás em seus ideais.
Olhou sempre para frente e obedeceu a Deus consciente de seu chamado. Dela podemos herdar o caráter sábio, decisivo, corajoso e inspirador, qualidades que enaltecem um líder a serviço de um grupo.
Débora nos ensina que devemos colocar nosso coração em Deus e responder aos apelos do tempo presente com prontidão e generosidade. Ela contraria a lógica da submissão machista, rompe com estruturas arcaicas, potencializa a participação da mulher na comunidade. Mostra a nós que sua autoridade provém do serviço aos demais, radicalizado no amor verdadeiro. Ela ama seu povo como a seus próprios filhos e por isso exerce a liberdade obediente a Deus.
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