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18 de abril é o Dia Nacional do Livro Infantil. A data foi escolhida em homenagem a Monteiro Lobato, que nasceu em 18 de abril de 1882. Isso porque o criador das Reinações de Narizinho é considerado o pai da literatura para crianças no Brasil. Porém, antes mesmo de o autor iniciar seu trabalho, já existiam algumas iniciativas como, por exemplo, a Revista Tico-tico, que continham textos para os pequenos.
Desde lá muita coisa mudou e os livros infantis podem ser encontrados com facilidade nas bibliotecas, livrarias e escolas.
Autor com mais de 160 livros publicados, Jonas Ribeiro estava escrevendo Qual pergunta eles perguntavam quando conversou com a reportagem. Além de falar sobre a importância dos livros para o desenvolvimento das crianças, citou momentos em sua trajetória que foram decisivos para que ele se tornasse leitor e escritor.
“O mais importante é ter livros disponíveis, pois eles são instrumentos que criam proteção e subsidiam os sentimentos dos leitores para que eles se posicionem com mais firmeza em momentos de conflito”, disse Jonas. Para ele, o papel da literatura e da arte de forma geral é garantir a saúde emocional dos leitores. “Com a literatura podemos criar lugares antinucleares, para fugir do caos”, continuou.
Paulistano de nascimento, Jonas frequentava as visitas às bibliotecas Cecília Meireles e Clarice Lispector, na zona oeste de São Paulo (SP). Ali, começou a escolher autores e editoras preferidos e ainda na juventude decidiu que queria ser autor.
Jonas vive dos livros. “Ser autor é muito mais que um trabalho, é uma profissão. Eu dedico minhas manhãs aos livros e posso fazer isso com calma, com todo o cuidado que a literatura merece”, disse enquanto mostrava para a avó, sentada ao seu lado, um lagarto passando ao longe. “As pessoas, quando me veem, nem perguntam como estou, mas em geral dizem: ‘E os livros?’. Isso, sem dúvida, é uma felicidade para mim”, disse.
Mas, como fazer com que os livros sejam lidos e chamem a atenção na prateleira mais do que o desenho animado no tablet ou o jogo no celular? De acordo com a pedagogia inspirada em Paulo Freire, patrono da educação no Brasil, é importante ajudar as pessoas a realizarem, em primeiro lugar, a leitura do mundo, mesmo antes de aprenderem a formar sílabas e frases.
Jonas Ribeiro comenta: “Quando os pais dizem que os filhos não gostam de ler, eu pergunto: ‘Será que eles não têm nenhum gosto específico? Podem ser carros, dinossauros ou mesmo um personagem… Existem livros sobre tudo e a dica é escolher livros que se aproximem dos gostos dos pequenos’. Essa é a melhor forma de ajudá-los a mergulhar no universo da literatura”.
Um texto publicado pelo Museu da Imaginação sobre a exposição “Fantástico Mundo das Maravilhas” que se baseia na obra de Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas, afirma que “A leitura é um poderoso elemento de desenvolvimento cognitivo, intelectual e criativo das crianças”. O texto continua recordando que, por meio da leitura, as crianças descobrem novas possibilidades e novos mundos, vivem o imaginário e acabam por inventar novas brincadeiras e personagens, reproduzindo suas histórias preferidas e criando suas próprias a partir daquelas conhecidas e vivenciadas.
Guimarães Rosa, o internacionalmente conhecido escritor brasileiro, escreveu: “Um menino nasceu, o mundo tornou a começar”. Pode-se dizer que o mundo começa cada vez que nasce um personagem de um livro.
Foi o que argumentou o artista plástico e ilustrador Sergio Ricciuto Conte ao dizer que autores, ilustradores e os demais profissionais que trabalham na criação de um livro servem à literatura que, por sua vez, existe a partir da criação de um personagem. O protagonista de uma história é capaz de sobreviver ao longo do tempo e ser lembrado por gerações. São eles, os personagens de uma história, que permanecem ao longo da história e transformam a vida das pessoas, pequenas e grandes.
“Quando um personagem é criado, um mundo novo nasce com ele. Sendo ilustrador, meu trabalho é fazer com que esses personagens conversem com as crianças e passem a fazer parte da vida delas”, disse Sergio.
Um de seus últimos trabalhos foi ilustrar O pequeno príncipe, de Saint-Exupéry, uma obra que foi publicada pela primeira vez em 1943 e que está em domínio púbico, o que permite que seja publicada e divulgada mais amplamente e por editoras diferentes.
Ele salientou, ainda, que a leitura dos clássicos é essencial na vida de crianças e adultos, juntamente com a descoberta de obras contemporâneas que exploram novos temas e linguagens.
É o que fazem os pais de Maria Alice Monteiro, a pequena de 8 anos que mora em São Paulo e ama ler. “Nós alternamos entre livros que ela mesma escolhe, em geral de personagens de desenhos, e contos clássicos, por exemplo”, disse a mãe, Joana Alves da Silva, 37.
Maria Alice escutava histórias desde o ventre materno e tem o quarto cheio de livros. “É claro que, para os bebês, é preciso pensar em livros que sejam também brinquedos, que muitos chamam de livros-objetos, e os demais vão ficando ali, na prateleira ou em algum canto do quarto até que sejam adequados para a faixa etária da criança. A nossa filha já voltou a livros que líamos para ela quando era bebê e agora que ela pode ler sozinha é como se fosse a primeira leitura, a primeira vez em que ela e aquele livro se encontrassem”, disse a mãe.
“Desde pequena sou fascinada pelos livros. Quando estava na escola, descobri que poderia escrever minhas próprias histórias e isso foi libertador”: essa foi a primeira frase dita por Célia Alves Cardoso quando contou à reportagem em que momento decidiu tornar-se escritora.
A autora de Jesus chorou: vivendo o luto com o Mestre, livro da Editora Ave-Maria, disse que sempre escreveu, mas começou a dedicar-se mais decididamente aos livros depois de se aposentar como professora.
Para ela, a escrita sempre foi um dom dado por Deus e Célia resolveu colocar-se a serviço escrevendo sobre o que viveu e aprendeu na fé católica. Ao falar sobre seu processo criativo, ela contou que, todos os dias, ao sentar para escrever pede ao Espírito Santo que a acompanhe: “Sinto logo no meu coração um impulso forte sobre o tema. Isso aconteceu quando escrevi Jesus chorou: vivendo o luto com o Mestre”.
Célia afirma que a escrita que um livro religioso é um processo totalmente diferente do de outros tipos de livro. “Escrever livros católicos é uma entrega. É buscar a humildade de desaparecer e deixar Deus falar por nós. Fico encantada ao ver como Ele age. Sempre digo que me sinto na janelinha do espetáculo, apenas assistindo ao agir de Deus durante a escrita. Tudo é por Ele e para Ele”, comentou.
Sobre a sua experiência como leitora, Célia disse que alguns livros ressoam em sua vida por muitos e muitos anos: “Se a leitura não fosse importante, Deus não teria escolhido esse meio para falar conosco por meio da Bíblia. É nisso que acredito e o que me move a continuar incentivando todos que conheço a lerem. E nunca é tarde. Minha mãe começou a ler com mais assiduidade na pandemia, aos 91 anos. A leitura propiciou a ela a ‘saída de casa’ que não era possível por causa do coronavírus. A leitura liberta!”.
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