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Não há uma regra específica sobre o modo exterior de como um fiel deve receber a sagrada Comunhão. Sabemos que antes do Concílio Vaticano II era comum receber a hóstia sagrada ajoelhado e diretamente na boca, na “mesa de comunhão”, conhecida também como “comungatório”, uma barreira de separação entre o presbitério e a assembleia, local onde os fiéis se aproximavam, ajoelhavam e recebiam a Eucaristia. Algumas igrejas conservam essa estrutura, mas são poucas aquelas que utilizam a “mesa de comunhão” para a distribuição da Eucaristia.
A preocupação da Igreja está mais voltada para as disposições interiores para uma boa recepção do corpo e sangue de Cristo. Logicamente, nossa postura, nosso modo de agir devem dar testemunho de nossa fé, dos valores cristãos que regem a nossa vida, porém, não é o modo exterior (em pé, de joelhos, na boca ou na mão) que indicará se estou bem preparado para receber o sublime Sacramento, pois Deus vê o coração.
Os fiéis não podem ser impedidos quanto à escolha da melhor forma que consideram para receber o Sacramento.
Se o fiel considera mais apropriado receber de joelhos, de pé, na mão ou diretamente na boca é uma escolha dele e os padres e os ministros extraordinários da Eucaristia não podem recusar. Porém, não se pode determinar que o meu modo de pensar e agir seja a regra para os outros, o que prevalece é o respeito, a reverência que devemos fazer ao santíssimo Sacramento e procurar, em nosso dia a dia, ter um comportamento eucarístico, ou seja, um comportamento de agradecimento pela ação de Deus em nossa vida.
Não podemos nos esquecer de que na Eucaristia nos encontramos de modo mais sublime com o Senhor, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, verdadeira comida e verdadeira bebida, alimento imperecível que nos leva à vida eterna. A Eucaristia não é apenas um símbolo de nossa fé, ela é o próprio corpo e sangue de Cristo. São Paulo nos adverte que “Todo aquele que comer o pão e beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e sangue do Senhor. Que cada um examine a si mesmo e, assim, coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir a corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação” (1Cor 11,27-29).
Nossa postura exterior é importante, mas aquela interior é indispensável. Nossa disposição interior, nossas intenções é que prevalecem diante de Deus. É importante que nosso coração, que significa todo o nosso ser, curve-se diante de Deus. Se podemos e preferimos ajoelhar é coisa boa e justa, mas, se não temos esse costume ou não podemos nos ajoelhar, isso não deve ser razão para considerar um mais digno do que o outro; essas são expressões exteriores que têm seu valor, mas não determinam necessariamente o grau de espiritualidade e santidade de alguém.
Não podemos perder de vista que pela comunhão eucarística a Igreja é consolidada igualmente na sua unidade de corpo de Cristo. A esse efeito unificador, que tem a participação no banquete eucarístico, alude São Paulo quando diz aos coríntios “O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Uma vez que há um só pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão” (1Cor 10,16-17). Pela comunhão do corpo de Cristo, a Igreja consegue cada vez mais profundamente ser, “em Cristo, como que o Sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (São Jjoão Paulo II, Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, 23-24).
Que o Senhor Jesus, no Sacramento da Eucaristia, fortaleça-nos e una-nos.
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