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“Não há nada mais acima da beleza. Eu construiria uma cidade à beira do mar e numa ilha do porto erigiria uma estátua não à liberdade, mas à beleza, pois foi ao redor da liberdade que os homens travaram suas batalhas. Por oposição, ante a face da beleza, todos os homens estendem as mãos uns aos outros como irmãos.” (Khalil Gibran)
Todo poeta sabe expressar-se com imagens. Essa é sua linguagem característica. Nenhum poeta possui ideias abstratas. Para ele, toda ideia nasce de uma forma bem concreta e do símbolo que revela de modo claro e sedutor a dimensão inegável da beleza poética da vida.
Além do mais, nenhum poeta se detém nas formas externas das coisas. Todo poeta é por vocação alguém que vê a essência e a finalidade de tudo o que existe. Descobre alma nas pedras e árvores.
Pena dos homens que veem o Sol como mera fonte de luz e de calor ou que veem no canto do vento e dos pássaros do mar e das florestas meros ruídos e sons. O poeta vê e ouve além de tudo isso. Seus olhos e seus ouvidos veem e ouvem a verdade dos seres além de suas aparências, captam a beleza e a transformam em poética.
Todo poeta é um revolucionário como nenhum outro o é. É o mais profundo dos filósofos e o mais concreto dos homens. São pérolas suas palavras, preciosos seus pensamentos, são imagens concretas suas palavras transformadas em pura magia e beleza.
Os orientais são poetas por condição. Conhecem a vida na sua essência e por isso pensam e falam, agem e comportam-se expressando-se com a comparação, a alegoria, a parábola, a metáfora, a hipérbole, a analogia, a fábula. Nada disso é abstrato, ao contrário, é o que há de mais concreto, pois procura e expressa a essência e a finalidade de tudo o que existe.
Para os orientais – poetas por condição –, o tempo, a filosofia, a morte, as coisas invisíveis e visíveis da vida são como seres físicos que agem, sentem e falam. É o tipo de sabedoria que os ocidentais ainda não aprenderam e por isso perderam o sentido poético – vale a dizer, a beleza – da vida.
Todo poeta é um profeta. Em tudo o que diz, nas formas que usa, nas imagens que apresenta, em tudo o que cria o poeta profetiza. Não é por acaso que a poesia nasceu no Oriente, assim como todas as obras literárias de peso que marcaram definitivamente a vida da humanidade imprimindo-lhe caráter, estabelecendo modelo.
A Bíblia é o modelo mais concreto dessa visão e expressão poética da vida. É, sobretudo, o livro que revela a beleza conhecida como alguém concreto que vive a vida em plenitude. Conhecer a poética bíblica é entrar no coração da Escritura e, mais que aprender conceitos, é aprender a viver. Pretende levar o homem a procurar para além das contendas e limitações deste mundo uma concepção mais luminosa da vida, onde se projetam suas mais nobres aspirações.
A Bíblia é o livro da beleza. Deus é amor, é verdade. É beleza. Se não descobrimos essa beleza, desfiguramos o sentido da vida, do amor e não reconhecemos mais a verdade. Por isso os livros da Bíblia, em linguagens diversas, falam da beleza e a ela conduzem. Isso é fundamental para bem entender sua mensagem.
Perder a dimensão poética da vida é reduzir o homem a um dos mais baixos níveis da sua existência. É a mais grave violência e mais profunda mutilação a que se pode submeter. Foi perdendo a poesia da vida que o homem se desumanizou e inventou máquinas que tentam recuperar a sua humanidade.
Se há alguma coisa que devemos aprender e reaprender na vida de cada dia, algo que constitui essencialmente a educação, é desenvolver em cada um de nós a fundamental dimensão poética da vida.
Assim como as plantas precisam de luz, de calor para se desenvolver, assim o homem precisa da poética para se tornar humano. Procure, ao longo da vida, descobrir a beleza que se expressa como mistério, além de todas as categorias.
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