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Os registros pictóricos encontrados no Sítio Arqueológico da Pedra Pintada, em Cocais, comprovam que a ocupação do território que conhecemos hoje como Barão de Cocais (MG) remonta há pelo menos 8 mil anos. Essa região foi habitada por povos originários até o fim do século XVII, quando bandeirantes paulistas adentraram o território em busca de indígenas. Infelizmente, a captura e a escravização dos indígenas se tornaram práticas comuns, resultando na dizimação de várias tribos.
Após o aniquilamento e a expulsão dos indígenas, bem com como a Guerra dos Emboabas (1707-1709), que envolveu portugueses e bandeirantes, o território de Barão de Cocais ficou livre para a exploração aurífera. No início do século XVIII, surgia o povoado de São João Batista do Morro Grande, nomeado em homenagem ao padroeiro da primeira capela, construída em taipa de pilão às margens de um rio onde ocorria a lavra de ouro.
Com o crescimento da extração aurífera, o povoado recebeu uma paróquia em 1752, evidenciando seu desenvolvimento populacional e importância regional. Após sete anos de atividades, os moradores decidiram construir uma igreja matriz maior e mais digna para suas cerimônias.
A planta original da igreja, trazida de Lisboa em 1762, foi modificada pelos responsáveis da época, mantendo apenas alguns elementos do projeto original. Essas adaptações foram realizadas por Antônio Francisco Lisboa, conhecido como “Aleijadinho”, cuja autoria do projeto foi atribuída pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) devido às características marcantes de suas esculturas em pedra-sabão presentes na igreja.
Acredita-se que o Santuário São João Batista tenha passado por dois momentos de construção. No primeiro, quando havia recursos abundantes, a fachada e as torres foram ornadas com detalhes mais elaborados, inclusive revestidos de pedras. No segundo momento, quando a disponibilidade de ouro era menor, elementos mais modestos foram utilizados, como a metade superior das torres e o frontão do templo.
As esculturas em pedra-sabão, que são um marco distintivo do santuário, estão presentes tanto na fachada quanto no monumental arco cruzeiro do interior da igreja. A autoria da pintura do teto, possivelmente realizada por Manuel da Costa Ataíde, outro renomado artista do período, ainda não foi comprovada.
A capela-mor da matriz foi construída apenas na década de 1960, apresentando uma talha mais simples em comparação aos altares laterais, que provavelmente pertenceram à antiga igreja. A adaptação ao novo local é evidenciada pelo estilo mais simples das bases dos altares.
O relato de Auguste de Saint-Hilaire, viajante francês do século XIX, destaca a beleza da Igreja de São João Batista em Barão de Cocais, mesmo em um contexto de declínio da mineração de ouro na região.
Diante dessa rica história e do elogio de Saint-Hilaire é fundamental que valorizemos e preservemos as tradições, a história e a comunidade de Barão de Cocais, transformando nosso vínculo com a cidade em uma força motriz para construir um futuro melhor.
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