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Sobre as origens do profeta Amós, temos poucos dados. Ele representa o mais antigo profetismo escriturístico. Nasceu em Tegoa (cidade localizada a dezessete quilômetros ao sul de Jerusalém) e apresentou-se no reino do norte (Samaria) em 760 a.C. como profeta do juízo. Em seu livro ele aparece como sendo homem do campo, lavrador. Diz-se que era pastor, mas, isso não pode ser entendido como sua profissão e sim no sentido de salvação e libertação do seu povo, ao estilo de Moisés e Davi, pois sua participação profética se dá a partir do chamado a obedecer a Deus (cf. Am 7,14-15).
Nessa época, o reino de Israel encontrava-se economicamente em ascendência, contudo, a hipocrisia religiosa, o luxo e a perversão sexual tomaram conta da sociedade, destruindo moralmente as consciências. Embora o povo se sentisse religioso e fizesse peregrinações aos santuários, os excessos de promiscuidade eram evidentes. Amós anuncia a ruína desse estilo de vida desmascarando a segurança dos israelitas e a queda do reino do norte (cf. Am 7,7-8).
No entanto, nesse horizonte ameaçador aparece uma pequena luz consoladora. Acontecerá uma mudança drástica, mas o Senhor não os abandonará e manterá a aliança feita com os antepassados. A esperança está numa mudança sincera de vida por meio da penitência. A glória de Israel virá com o Messias prometido da descendência de Davi.
A mensagem de Amós é bem clara: de esperança e perdão para que se restabeleçam os princípios morais de Javé. Os sinais que acompanham esse desejo de mudança estão na natureza e nos acontecimentos históricos, isto é, o Senhor dá sinais para retomarem o caminho correto.
Amós representa um novo jeito de ser profeta, centrado na justiça social baseada na solidariedade com os oprimidos e pisados pelo sistema dominante vigente. Dentro de um povo dominado pela violência, manipulado pela idolatria, tendo a vida assaltada pelo sofrimento, resta ao profeta levantar sua voz contra tudo aquilo que fere a dignidade humana. Foi ameaçado, perseguido, insultado e perseverou na luta por Deus.
Com ele aprendemos a ser perseverantes e nunca nos vender aos sistemas que exploram e nos afastam da graça de Deus. A verdade deve reinar em nossas condutas para que a beleza da Palavra de Deus resplandeça com fervor sobre aqueles que ainda vivem na cegueira da ganância e do egoísmo. Essa é a vocação do profeta: sacudir a consciência dos que se acomodaram e compactuam com a cultura da conformidade e da indiferença. Os profetas não vieram para agradar e falar coisas bonitas, mas, para nos ensinar a viver com fidelidade à missão que Deus nos reservou.
“A verdadeira profecia nasce de Deus, da amizade com Ele, da escuta diligente da sua Palavra nas diversas circunstâncias da história. O profeta sente arder no coração a paixão pela santidade de Deus e, depois de ter acolhido a Palavra no diálogo da oração, proclama-a com a vida, com os lábios e com os gestos, fazendo-se porta-voz de Deus contra o mal e o pecado.” (São João Paulo II)
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