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A Semana Santa, também conhecida como Semana Maior, tem início no Domingo de Ramos, marcado pela entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Esse período, considerado o ápice do ano litúrgico, convida-nos a reviver os momentos mais importantes da salvação do povo de Deus: a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.
Mais do que simples orações, as celebrações da Semana Santa proporcionam a vivência do mistério pascal. A cada Eucaristia, renovamos a experiência do Calvário, testemunhando o sacrifício de Cristo e sua gloriosa ressurreição: “Toda vez que o sacrifício da cruz, com o qual Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado, é celebrado sobre o altar, realiza-se a obra da nossa redenção” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 3).
Ao longo da Semana Santa somos convidados a meditar sobre o amor de Deus manifestado em Jesus Cristo. Sua entrega nos instiga à conversão, caridade e esperança. É tempo de fortalecer nossa fé, renovar nosso compromisso com o Evangelho e celebrar a vitória da vida sobre a morte.
O Catecismo da Igreja Católica define a Páscoa como “a festa das festas, solenidade das solenidades” (1169), transcendendo qualquer outra celebração. Santo Atanásio a denominava “o Grande Domingo” e, no Oriente, a Semana Santa é conhecida como “a Grande Semana”.
Mais do que uma mera comemoração, a Páscoa é o cerne ritual da fé cristã. Enraizada na tradição judaica, relembrando a libertação do Egito, ela atinge o ápice com o sacrifício de Cristo no Calvário e a gloriosa ressurreição que cumpriu sua missão.
São João Paulo II, ainda Papa, escreveu na carta aos sacerdotes, por ocasião da Quinta-feira Santa de 1999, “O Triduum Sacrum, os dias santos por excelência, durante os quais misteriosamente participamos no regresso de Cristo ao Pai, por meio da sua paixão, morte e ressurreição. De fato, a fé garante-nos que essa passagem de Cristo ao Pai, ou seja, a sua Páscoa, não é um acontecimento que diga respeito só a Ele; também nós somos chamados a tomar parte nela: a sua Páscoa é a nossa Páscoa”.
O Tríduo Pascal se inicia na tarde da Quinta-feira Santa com a Missa da Ceia do Senhor e culmina na tarde do Domingo de Páscoa com as Vésperas Solenes. “Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.” (Jo 13,1)
Na Sexta-feira Santa, reverenciamos a morte de Jesus. “Esse é um dia diferente, de mais silêncio, de maior oração e nosso coração deve estar mais aberto a perdoar tudo o que for necessário”, destacou Dom Adelar Baruffi, arcebispo emérito de Cascavel (PR).
No Sábado Santo recordamos o descanso de Cristo no sepulcro. “A morte foi vencida e a Igreja vibra e renova a sua fé, a sua esperança numa plenitude vivida de realização que Cristo já semeou, plantou na terra e que nos fins dos tempos se realizará plenamente. A Vigília Pascal conclui o tríduo”, falou em entrevista à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) Dom Armando Bucciol, bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da citada conferência.
“É interessante observar que o sinal da cruz se faz começando a Eucaristia na quinta-feira e repetimos com bênção final na celebração da Vigília Pascal e por meio desse simbolismo litúrgico expressamos essa unidade dos três momentos celebrativos que caracterizam esse tríduo sacro”, ressaltou Dom Armando.
A Semana Santa traz também diversas expressões populares, como a Procissão do Encontro. Nesse momento carregado de emoção, a procissão encena o encontro entre Nossa Senhora das Dores e o Senhor dos Passos. De um lado, a Virgem Maria, vestida de luto, representa a dor e a angústia de uma mãe que vê seu filho sofrer. Do outro, Jesus Cristo, com a cruz nas costas e a coroa de espinhos, símbolo da paixão e do sacrifício supremo.
Ao se encontrarem, as imagens se inclinam em um gesto de profunda reverência e compaixão. O silêncio reverente da multidão intensifica a carga emocional do momento, enquanto os fiéis meditam sobre a dor de Maria e a entrega de Jesus.
A via-sacra, presente em todas as igrejas, convida os fiéis a reviverem os passos de Jesus Cristo em sua caminhada até a crucificação. Por meio de catorze estações, cada uma representando um momento específico da paixão, os participantes meditam sobre o sofrimento e o sacrifício de Jesus pela humanidade.
Na Semana Santa, a via-sacra ganha um significado ainda mais especial. Além de ser realizada dentro das igrejas, também é encenada nas ruas, com a participação de atores populares que recriam as cenas da vida de Jesus. Essa encenação pública transforma a via-sacra em um verdadeiro espetáculo de fé, atraindo milhares de pessoas que se unem em oração e reflexão.
A Barragem Edgard de Souza foi palco de um espetáculo grandioso e emocionante durante três dias, de 6 a 8 de abril. O “Drama da paixão 2023”, realizado pela Prefeitura de Santana de Parnaíba (SP), reuniu cerca de 30 mil pessoas em um evento inesquecível de religiosidade e cultura popular.
O evento, que já faz parte da tradição cultural da cidade há 26 anos, proporcionou ao público momentos de profunda contemplação e emoção ao apresentar a história da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. A edição desse ano teve como tema a “Estrela de Davi”, dividindo-se em três partes: a história do jovem guerreiro Davi, a vida de Jesus e sua crucificação e, finalmente, sua ressurreição.
Com uma área cênica de mais de 15 mil metros quadrados e a participação de mais de quatrocentos voluntários entre atores e figurantes, o “Drama da paixão” se consolidou como um dos maiores espetáculos ao ar livre do país. A grandiosidade da produção, a beleza dos cenários e figurinos e a entrega dos artistas resultaram em uma experiência única e emocionante para todos os presentes.
Além da relevância cultural e religiosa, o “Drama da paixão” também gerou impacto positivo em diversos outros aspectos. O evento contribuiu para o fomento do turismo na cidade, atraindo visitantes de diversas regiões. A economia local também foi beneficiada, com a geração de renda para diversos setores, como hotelaria, alimentação e comércio.
Outro destaque importante foi a arrecadação de toneladas de alimentos não perecíveis destinados ao Fundo Social de Solidariedade do município. Essa ação demonstra o compromisso social do evento e sua capacidade de promover a caridade e a ajuda ao próximo.
Na Paróquia Imaculada Conceição, em Cruzeiro, interior de São Paulo, a Procissão do Fogaréu se destaca como um momento singular de fé e reflexão durante a Semana Santa. Em entrevista à reportagem da Revista Ave Maria, o Padre Rivelino Nogueira, responsável pela paróquia, explica a importância dessa tradição e como ela contribui para a vivência mais profunda da Semana Santa pelos fiéis.
“A Procissão do Fogaréu revive os momentos que antecedem a prisão de Cristo”, explicou Padre Rivelino. “É uma forma de continuarmos fiéis às primeiras procissões, percorrendo as ruas apagadas em oração e penitência”, acrescentou. A procissão inclui duas paradas: a primeira na mesa da Santa Ceia, onde Jesus instituiu a Eucaristia, e a segunda no horto das Oliveiras, local da prisão de Jesus. A celebração termina com a encomendação das almas no cemitério.
Para o sacerdote, as tradições como a Procissão do Fogaréu são essenciais para manter viva a fé e a cultura religiosa ao longo das gerações. “Devemos sempre prezar pelas tradições e essa procissão tem um papel importante na Semana Santa. As crianças que participam com seus pais e avós se interessam pela história e pelos símbolos da fé, perpetuando a tradição”, afirmou ele.
A Procissão do Fogaréu na Paróquia Imaculada Conceição possui elementos que a tornam especial. “As mulheres usam véus pretos, os homens capuzes pretos e há farricocos [aquele que participa das procissões de penitência, vestindo hábito escuro, com capuz] com tochas, matracas e velas. Esses elementos contribuem para a concentração e o recolhimento dos fiéis, criando uma atmosfera propícia à reflexão”, contou o religioso
Padre Rivelino relatou também que a Procissão do Fogaréu e a Encomendação das Almas no cemitério têm um impacto profundo nas pessoas: “Há relatos de curas de traumas da morte e de uma fé renovada após a participação nesses eventos. A Semana Santa é um momento forte de oração e penitência e a Procissão do Fogaréu é uma oportunidade para os fiéis se conectarem com a história de Jesus Cristo e vivenciarem sua fé de forma profunda e significativa”.
Que a Semana Santa seja um tempo de profunda reflexão, fé e esperança para todos nós!
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