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Habacuc (derivação do acádio “planta” ou “árvore frutífera”) é um dos doze profetas menores, cuja etimologia e os dados sobre sua vida são incertos. Seu pequeno livro de apenas três capítulos nada fala sobre sua pessoa e missão. Provavelmente, seu ministério aconteceu entre os séculos 7º e 6º em Judá, historicamente o momento em que a Assíria vivia seu declínio e a Babilônia surgia como potência.
Nos primeiros versículos do livro, Habacuc apresenta ao Senhor sua queixa dolorosa: “Até quando, Senhor, implorarei sem que escuteis? Até quando vos clamarei ‘Violência!’ sem que venhais em socorro? Por que me mostrais o espetáculo da iniquidade e contemplais vós mesmo essa desgraça? Só vejo diante de mim opressão e violência, nada mais que discórdias e contendas, porque a lei se acha desacreditada e não se vê mais a justiça; porque o ímpio cerca o justo e a equidade encontra-se falseada” (Hb 1,2-4). É precisamente nesse contexto de lamentação e dor que se encontra o povo e o profeta quer entender qual seu papel, qual sua contribuição diante da injustiça e da opressão, quer responder à pergunta quem é o ímpio e quem é o justo na sociedade judaica.
Para ele está claro que o justo é uma pessoa ativa dentro da comunidade e tem a responsabilidade em ser a voz que guia o povo nas escolhas por uma pátria livre e digna. Sua denúncia à crueldade da Babilônia e à violência do exército é um sinal às gerações atuais de que os conflitos se resolvem com justiça.
Outra atitude marcante do profeta é a denúncia à não observância da lei judaica, à corrupção entre os juízes, roubos, políticas injustas, idolatrias. Exortou o povo a confiar na justiça e na libertação de Deus, pois a salvação viria pela fé e não pelo legalismo religioso. “Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade” (Hb 2,4) e não se deixa enganar.
A centralidade da pregação de Habacuc é sobre o mal no mundo e nesse sentido seu pequeno livro traz uma reflexão sobre o agir de Deus na história da humanidade, a permissão e a providência divina. Inevitavelmente, a Babilônia cairá por seus crimes, mas o povo pode confiar que o Senhor é soberano, detém todos os conhecimentos e a última palavra é dele. Confiar em Deus é sinal de bênção e a certeza de que dias melhores virão. Deus dá a força do Espírito ao povo para superar as tribulações e não perder o ideal de santidade. Ele está presente nas escolhas para uma vida justa em conformidade com sua Palavra.
A vocação do profeta Habacuc é atualizar nossa caminhada de fé e discernir diante de tantas contrariedades atuais o que podemos fazer para agradar a Deus e seguir seus ensinamentos. Quem tem fé procura ser justo, anunciando o perdão e a misericórdia, segue a lei da vida e não a da iniquidade.
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