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Continuando a nossa reflexão sobre a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus vivit, recordamos que no mês passado havíamos meditado sobre o tema da juventude referida à pessoa de Jesus Cristo. Neste artigo, concentraremos a nossa atenção no terceiro capítulo da referida exortação, que versa sobre a relação do jovem com o presente e o futuro do mundo e da Igreja.
O Papa Francisco enfatiza que “[…] não podemos limitar-nos a dizer que os jovens são o futuro do mundo: são o presente, estão a enriquecê-lo com a sua contribuição” (Cf. Christus vivit, 64). Assim, é preciso interpretar a situação atual dos jovens para compreender o alcance transformador da juventude no mundo.
Antes de tudo, convém observar que o Papa fala de “juventudes” no plural, indicando, com isso, que há várias características dos jovens de hoje, o que nos leva a perceber a juventude como um fenômeno multifacetado e não abstrato.
Ao analisar a situação concreta de muitas juventudes, os Padres Sinodais observaram alguns desafios, tais como: jovens que vivem em contexto de guerra; instrumentalização dos jovens para propósitos desumanizadores; jovens marginalizados e excluídos socialmente; jovens em processo de migração. Estes, e outros desafios, comovem o coração maternal da Igreja, pois, como afirma Francisco, “não podemos ser uma Igreja que não chora à vista destes dramas dos seus filhos jovens” (Cf. Christus vivit, 75).
Os jovens, sempre em busca, também estão marcados por variados desejos e muitas feridas. Eles reconhecem o corpo e a sexualidade como essenciais para a compreensão de sua própria identidade; no entanto, precisamente por conta desta importância, às vezes fazem opções que provocam certo alheamento da Igreja e de suas propostas morais. Não raro, percebe-se o risco de uma instrumentalização do corpo mediante apelos artificiais possibilitados por certas tecnologias.
Francisco também considera a situação do jovem no ambiente digital, indicando que este próprio ambiente é uma marca do mundo atual. As redes sociais operam como verdadeiras “praças” onde os jovens se encontram, passam tempo e trocam experiências. No entanto, como todo fenômeno humano, também o mundo digital apresenta limites e deficiências, levando muitos jovens à solidão e a experiências de cyberbullying.
O Papa e todo o Sínodo que precedeu a Exortação Christus vivit reiteram a necessidade de se acabar com todo tipo de abuso contra a juventude. Além disso, recordam com alegria o brilhante exemplo de um jovem que foi elevado à honra dos altares: Carlo Acutis.
Carlo Acutis foi um jovem que utilizou todos os meios para despertar a juventude ao essencial e para comunicar o Evangelho. O Papa recorda uma frase deste santo jovem, segundo a qual “todos nascem como originais, mas muitos morrem como fotocópias”.
Rezemos e ajudemos as juventudes a serem conforme a originalidade da criação e da redenção em Cristo, e a nunca se contentarem em ser Xerox, isto é, a perderem sua autenticidade por caminhos outros que não o caminho de Deus.
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