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Com o bom propósito de defender e propagar os ensinamentos da Igreja, muitos acabam questionando e gerando divisão em seu meio. Falamos de uma fé somada à eclesialidade, ou seja, no caminhar com os ensinamentos de nossos pastores. Num mundo marcado pelo individualismo, surge a questão: como fomentar o amor à Igreja sem gerar divisões?
Uma resposta apropriada encontra-se no caminho da sinodalidade proposto pelo Papa Francisco para a Igreja do terceiro milênio, cujo tema foi “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão” (sínodo de 2023, Documento preparatório). Esses princípios que regem a vida da Igreja são interligados entre si e fundamentais, pois, movidos que são pelo Espírito Santo, tendem a gerar a unidade e a vitalidade do corpo de Cristo e com isso quebram as divisões.
A comunhão na Igreja sinodal é apresentada como um dom de Deus, que nos capacita a “caminhar juntos” como testemunhas do amor de Deus e que nos faz viver como irmãos e irmãs, conforme afirmou o Papa Francisco em preparação ao sínodo. O mistério da comunhão eclesial que partilhamos entre nós tem sua fonte no dom do amor de Deus Trindade. Que extraordinária é a obra do amor de Deus! Fomos reconciliados ao Pai por meio do amor sacrificial de Jesus e unidos uns aos outros por meio do Espírito Santo. É ainda o Espírito Santo que nos faz amar a Igreja, sua esposa.
A participação aos moldes da Igreja sinodal é um compromisso primordial de todo o povo de Deus – leigos, consagrados e ministros ordenados –, enfim, que cada um exerça sua participação ativa no corpo místico de Cristo. O Papa João Paulo II apresentou uma esplêndida explicação do mistério de comunhão da Igreja, em que a comunhão eclesial é apresentada como “organicidade, diversa e complementar” (Exortação Apostólica Christifideles Laici, 20). De fato, não existe comunhão e participação onde reina o individualismo: “Saímos dele, pois o amor que nós acolhemos do Senhor nos liberta (…). As nossas divisões e oposições têm de ser superadas” (Catecismo da Igreja Católica, 1792). Todos devem “caminhar juntos”, ninguém pode ficar excluído de se empenhar no exercício do amor fraterno por meio da escuta profunda e do respeito mútuo.
A missão é uma característica essencial da Igreja sinodal que o Papa Francisco sonha para os dias atuais. A missão da Igreja é evangelizar (cf. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 27). A resposta de como fazê-la a fim de fomentar o amor a Igreja está no cerne da missão, que como ato eclesial deve ser realizada em comunhão e participação com seus pastores. Cabe à Igreja como mãe e mestra de todos os povos e como “coluna e fundamento da verdade” (1Tm 3,15) cumprir “a dupla missão que o seu Fundador santíssimo lhe confiou” como bem afirmou o Papa João XIII (Carta Encíclica Mater et Magistra, 1). Como discípulos e missionários do Senhor e da sua Igreja, não podemos, individualmente apoiados em bons propósitos de defesa e propagação do Evangelho, acabar por ferir e dividir o corpo místico de Cristo com nossas dúvidas e questionamentos. A fé da Igreja é a fé que como cristãos cremos e professamos.
Que movidos pelo Espírito de Deus promotor de comunhão, de participação e protagonista da missão possamos amar a Igreja corpo de Cristo e como povo eleito caminhar juntos como irmãos, até que o Senhor venha!
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