ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
O centro de tudo está na Eucaristia, que é a atualização dos efeitos da Ressurreição de Jesus em nossa vida. E essa força faz-se eficaz em nosso ser (alma e corpo) por meio da iniciativa de Deus, pela Sua permanência conosco. Para isso, no entanto, o Senhor quer contar com a nossa aceitação, que somente é verdadeira quando expressa uma resposta pela forma de atualização e memória.
Contudo, devemos entender o significado de tais palavras à luz da Sagrada Escritura, para compreendermos a real comunicação do que Jesus fez por nós e o que Ele pede de cada um, para aderir a Seu plano de amor e salvação.
Primeiramente, o verbo “permanecer”
Encontramos diversos versículos que tratam da permanência de Deus entre nós. O próprio nome do Emanuel significa Deus conosco.
A identidade bíblica dessa palavra “permanecer” não exemplifica simplesmente o local onde algo ou alguém está. É, além disso, a totalidade do ser numa realidade, onde se deposita ou insere toda a amplitude do que porta aquele que permanece.
“Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita (hb. ??? , shokhên) na eternidade e cujo nome é santo” (Is 57, 15).
A palavra “habitar” é, portanto, em hebraico, shakan, que significa “residir”, “morar”, “continuar”, “permanecer” e “descansar”. A palavra shakan está relacionada a shakab, que significa “descer”, “deitar”. É por isso que o verbo shakan deu origem ao substantivoshekinah, que, apesar de não constar na Bíblia dessa forma, sua ideia já se encontra nas Escrituras, utilizada para se referir à manifestação da glória de Deus, como no caso de Êxodo 24.16;40.35 e Números 9.16-18. Ou seja, onde Deus “habita ou permanece” está Sua presença, glória e esplendor.
Sinais divinos
Jesus atribui a procedência de seus sinais divinos a uma movimentação entre o Pai e Ele, que permanecem um no outro. “Não credes que estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras ” (Jo 14,10).
Outro exemplo que Cristo nos revela é que a verdade só será infusa naqueles que aceitarem a permanência do Espírito Santo em si. “O Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós ” (Jo 14,17).
Se pois, Deus habita entre os homens, então significa que Jesus aconchegou toda a Sua pessoa, com todo Seu poder e majestade, entre os seres humanos.
Não estamos sozinhos, Ele está entre nós e é nossa constante companhia em todos os momentos, mesmo se não O sentimos. E voltar, tendo vencido a morte e conquistado a ressurreição, insere que esta parte de Seu Ser, está presente, permanece, é continua e reside entre a realidade humana.
Não somos escravos de nenhum tipo de morte, nem física nem eterna. Esse aguilhão das trevas não é o fim de tudo, sua palavra não é a definitiva. Portanto, devemos viver pela esperança de que todas as coisas um dia se farão novas e a alegria brilhará aos nossos olhos.
Para existir, trazendo em nós essas certezas, pede-nos uma adesão à salvação de Jesus, que só poderá ser feita pela atualização e memória.
O que é atualizar e rememorar?
No dia de Páscoa e os que o antecedem, relembramos os feitos que o Cristo empreendeu por amor à humanidade.
O Evangelho de São João, talvez, seja o que significará melhor o entendimento sobre o que vem a ser este “recordar” bíblico. Pelo menos em três passagens, João utiliza o termo recordar. “Os seus discípulos recordaram-se que está escrito: “o zelo pela tua casa consuma-me” (Jo 2,17; cf. Sl 69,10); também, depois da ressurreição, quando seus discípulos se recordaram que Ele os teria comunicado sobre esse acontecimento (cf. Jo 2, 22) e no Domingo de Ramos (Jo 12, 14s; cf. Zc 9, 9).
Assim, João, em seus escritos, quis nos despertar para a realidade de que os acontecimentos do passado não encerram seu sentido no fato, mas caminha para além do tempo e espaço em que ocorreram.
O Antigo Testamento não pronuncia um fato histórico definido apenas pelo seu sentido literal, mas encontra significado na pessoa e missão de Jesus. Também nossa história de vida está carregada de acontecimentos que provam o amor de Deus por nós e de chances que há muito tempo Ele vem nos proporcionando de uma vida nova.
Atualizamos nossa fé quando a recordamos. Trazemos para o tempo presente o sentido e os efeitos do amor de Deus nas ocorrências ordinárias do cotidiano. Para Ele não existe o tempochronos.
A palavra grega “anamnese” foi usada pelo Mestre ao instituir o sacramento da Eucaristia, e quer dizer “fazer de novo”. “Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim’”(Lc 22,19). Na nossa língua, equivale a: “Façam isso novamente por mim”.
O evangelista João nos ensina a esclarecer o sofrimento do Cristo e o nosso próprio à luz da escolha que fizemos por Ele. Por isso, a cada dia chegamos a uma nova iluminação ao que conhecemos da pessoa de Jesus e de Sua permanência em nossa vida através das alegrias e tristezas, de quando o fardo é leve ou de quando a cruz torna-se pesada demais. Entendemos, talvez no momento, talvez no futuro, o “para que” aquela provação.
O melhor de tudo é que não somente nos vêm a compreensão intelectual. Pela contemplação do mistério de amor de Jesus Cristo, enchemo-nos de força para atravessar qualquer desafio, e este torna-se objeto de ressurreição em nossa vida.
Ao fazer memória das Escrituras Sagradas, das obras e do Calvário de Jesus, elas fazem-se presentes/permanentes nos dias de hoje e em nossa vida. Jesus torna-se vivo e atuante no coração e na alma do crente.
À luz do Espírito Santo, a sabedoria nos chega, mas é preciso estar disposto a atualizar a Palavra e a cruz do Cristo, entranhando-as em nós, pois, dessa forma, podemos dizer verdadeiramente “Cristo ressuscitou em mim! Aleluia!”
Feliz Páscoa para você!
Deus o abençoe!
Comments0