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A evangelização na Igreja decorre da missão messiânica de Jesus, pois Ele foi constituído pelo Pai como o evangelizador por excelência. De fato, toda a vida de Cristo pode ser interpretada a partir da noção de evangelização. Ele, desde sua concepção até sua glorificação no mistério pascal, viveu para evangelizar os pobres, isto é, para comunicar uma boa notícia de salvação. Qual boa notícia é essa?
Suponhamos uma pessoa que sucumbisse a um terreno movediço. Imaginemos sua angústia ao tentar voltar integralmente à superfície. Tal pessoa, abandonada à própria sorte, certamente malograria em seu intento de autossalvação. Dali não sairia sem uma mão amiga que se lhe oferecesse como auxílio necessário. Assim é a evangelização, assim é a vida de Cristo.
Quando estamos sós, não conseguimos conferir sentido às nossas próprias vidas. Nós, seres de relação, necessitamos da interação e dos relacionamentos com os outros seres humanos para mantermo-nos nesta vida. No horizonte espiritual, também ocorre a mesma coisa: precisamos de uma presença amiga para que sejamos mantidos no horizonte da vida.
Isso parece tão verossímil a ponto de Joseph Ratzinger, o saudoso Papa Bento XVI, indicar que o medo mais radical do ser humano é o da solidão. Segundo ele, “A criança perderá o seu medo no momento em que uma mão se oferecer para guiá-la e uma voz falar com ela; no momento, portanto, em que a criança viver a experiência da presença de um ser humano amoroso. Mesmo aquele que estiver em companhia de um morto deixará de sentir um assomo de medo quando houver alguém junto dele, de modo que sinta sua presença. Na superação do medo se revela a sua natureza mais intrínseca, ou seja, o medo da solidão, que é o medo de um ser que só pode viver junto dos outros. O medo essencial do ser humano não pode ser superado pelos argumentos da razão e sim pela presença de alguém que ama” (Introdução ao cristianismo, 221).
Assim, evangelizar significa comunicar uma notícia muito boa: você não está sozinho. A solidão radical do ser humano é superada mediante a abertura do coração a Deus e às pessoas que estão ao nosso redor para que nos completemos e nos compreendamos como seres de relação.
A salvação, portanto, não é uma realidade própria de indivíduos isolados e autocentrados, mas, fruto de uma relação íntima de comunhão entre a vida humana e a vida divina.
Evangelizar é superar a solidão. Ser evangelizador é participar da missão de Jesus, é proclamar – com a boca e com a vida – que sozinhos nada podemos, mas que, juntos, avançamos no aprofundamento da vida e no melhoramento do mundo.
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