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Vamos estudar e aprofundar o tema da Iniciação à Vida Cristã, para compreendermos melhor o desafio de uma catequese de inspiração catecumenal?
O estudo sobre a iniciação cristã é bastante recente nos documentos da Igreja. Pode ser fixado a partir do Concílio Vaticano II que, ao pedir que os bispos restaurassem o catecumenato, ou promovessem sua adaptação (CD14), possibilita o surgimento de uma grande variedade de reflexões.
O documento de Aparecida (2007) afirma: “os povos da América Latina e do Caribe vivem hoje uma realidade marcada por grandes mudanças que afetam profundamente suas vidas” (DAp 33) e possuem um “efeito global”, ou seja, atingem o mundo todo com rapidez o que faz parecer que “a história se acelerou e as próprias mudanças se tornaram vertiginosas” (DAp 33).
Não se pode agir com indiferença. É preciso saber como esse fenômeno afeta a vida de nossos povos que “buscam infatigavelmente o rosto de Deus” (DAp 35). Faz-se necessário clarear os caminhos de uma humanidade redimida em Cristo.
A mudança de época se configura pelo fato de que as mudanças acontecidas influenciam na perda da “concepção integral do ser humano, sua relação com o mundo e com Deus” (DAp 44). Nesse contexto de mudanças, perdas e desencontros, percebe-se o grande erro das tendências dominantes do último século: a exclusão de Deus. Pois “quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito da realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas” (DAp 44).
As mudanças na sociedade são, também, mudanças que afetam a religião. Se no mundo antigo e medieval, a religião ocupava o centro da cultura e da sociedade, agora se vê na periferia, tratada como um assunto privado e pessoal. Alguns estudiosos dão, a esse processo de transição, o nome de secularização (GIBELLINI, 2002).
São evidentes as grandes contradições, desse período, em que se alcançam avanços e progressos e, ao mesmo tempo, as pessoas morrem por falta de condições básicas de sobrevivência. É possível perceber que esse mesmo contexto, que parece gritar que Deus não é mais necessário, se torna espaço para o surgimento de novas maneiras de manifestação religiosa. Ou seja, há a mudança, porém isso não significa que a religião deixa de existir, ou que o ser humano deixa de buscar Deus. Pode-se dizer que há uma inversão, a “pessoa não procura Deus para se submeter à sua vontade, mas busca seu próprio bem-estar e submete Deus aos seus interesses” (ALMEIDA, 2010, p.18). Surgem várias faces do sagrado que mostram uma realidade em que convivem valores tradicionais e posturas ecléticas e difusas que se misturam.
A crise da modernidade leva os indivíduos e a sociedade como um todo, ao vazio, deixando, sem respostas, questões vitais. Percebe-se, então, que do meio da crise, surge o retorno do religioso, como irrupção de uma religiosidade eclética e difusa, como surgimento de um catolicismo fundado em princípios pessoais, em que a religião é vista e entendida, como escolha pessoal, e gera uma grande diversidade de experiências religiosas (BRIGHENTI, 2005).
Mesmo que a irrupção do religioso seja fortemente marcada por uma busca individualista e imediata de solução, de felicidade e compensações, não se deve esquecer a capacidade de fascínio e de influência que as religiões exercem sobre os indivíduos. É imperioso o desafio de “levar ao coração da cultura de nosso tempo aquele sentido unitário e completo da vida humana que nem a ciência, nem a política, nem a economia, nem os meios de comunicação poderão proporcionar-lhe” (DAp 41).
Por Débora Regina Pupo é coordenadora da Catequese no estado do Paraná (Regional Sul 2 da CNBB). Graduada em Teologia e com Mestrado também em Teologia pela PUC – Curitiba com a pesquisa na área da Iniciação à Vida Cristã e Catequese com Adultos. (Via Catequese no Brasil)
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