ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
A Irmã Teresa do Menino Jesus morreu no dia 30 de setembro de 1897 e apenas vinte e cinco anos depois foi beatificada pelo Papa Pio XI, o mesmo que há canonizou dois anos depois. Certamente a fama de santidade de Teresa despertou nas pessoas o desejo de saber mais sobre a sua vida, por isso, muitos devotos e também estudiosos pediam a publicação das suas cartas.
A princípio foram publicados aos poucos apenas alguns fragmentos de cartas escritas por Teresa à Celina, inicialmente dezoito fragmentos, chegando a atingir o número de cinquenta e um em 1910. Mas, isso se tratava de pouquíssima coisa levando em consideração as cento e cinquenta e quatro páginas de cartas recolhidas para o Processo de Canonização.
A edição exata e completa das cartas de Santa Teresinha foi publicada somente em 30 de setembro de 1948, cinquenta anos depois da primeira edição da autobiografia “História de uma alma”. O resultado desse longo caminho deve-se ao historiador, teólogo e literário André Combes[1], professor de teologia mística em Paris, que com muito esforço convenceu Irmã Genoveva (Celina) a entregar todas as cartas e bilhetes de Teresa.
Em 1946, André Combes por meio de uma carta tenta explicar a necessidade da publicação à Irma Genoveva que, na época, já estava com 77 anos de idade:
“Aquilo que quero alcançar é o movimento do próprio pensamento de Teresa nas suas relações vitais, seja no contato com as influências recebidas de fora, seja diante da íntima experiência do seu desenvolvimento natural, das graças pessoais, das provações. Parece-me que esse seja o único modo de reencontrar Teresa nela mesma, aquela que realizou no tempo a ideia que Deus havia dela desde a eternidade[2]”.
Talvez para Irmã Genoveva (Celina) as cartas e bilhetes de sua irmã pareciam banais, afinal, desde a infância foi a grande confidente de Teresa e sabia de tudo aquilo que estava escrito e muito mais. Mas, é justamente isso que A. Combes tentou esclarecer à Celina: “vindo de um santo, nada é banal”, escreveu em uma de suas cartas. Aquilo que poderia parecer sem importância para suas irmãs de sangue, que conheciam cada detalhe daquela história, poderia fazer grande diferença para os estudiosos e ajudar a compreendê-la melhor.
Um número considerável de cartas escritas por Teresa permanecerá para sempre fora do nosso conhecimento, afinal, muitos desses escritos foram perdidos. Porém, apesar disso, podemos contar com 226 cartas e bilhetes escritos entre 1877 e 1897.
Por meio das cartas podemos conhecer as pessoas que de certa forma faziam parte da vida de Teresa, ou seja, seu círculo de relações que, na verdade, não era muito amplo. Consideremos que Teresa entrou para o Carmelo muito cedo e morreu com apenas 24 anos, além disso, durante sua vida como monja carmelita era convidada pela regra de vida a cultivar o silêncio e a contemplação. Por isso, aqueles que recebiam suas cartas eram um grupo restrito (78% familiares, 10% família religiosa, sete eclesiásticos, três religiosas e duas amigas[3]).
Outra observação muito valiosa que temos com o resultado dos estudos feitos desde a publicação das correspondências de Teresa é seu desenvolvimento e aperfeiçoamento no modo de escrever. Como Teresa começou a escrever bilhetes e cartas ainda quando criança, naturalmente seu modo de escrever foi aprimorando-se com o tempo. Sabemos que são pouquíssimas as cartas que foram lidas somente por Teresa e por seus destinatários, porque segundo costume da época era necessário uma autorização da Madre Superiora para enviar bilhetes para outra monja dentro do mosteiro e as cartas que saiam do mosteiro eram lidas pela Madre e em alguns casos por outras irmãs mais velhas.[4] Mas, esse fator não diminuiu nem tirou a liberdade de Teresa que parecia se expressar abertamente sem a preocupação que outros pudessem ler aquilo que escrevia.
Frei Juliano Luiz da Silva, O.Carm.
Leia também:
“Reencontrar Teresa nela mesma”: Os escritos de Santa Teresa do Menino Jesus
Os missionários, destinatários de um grande tesouro espiritual
REFERÊNCIAS
[1] Opere complete, p. 284.
[2] Opere complete, p.284. Tradução livre pelo autor do artigo (não oficial).
[3] Opere Complete, p. 288.
[4] Opere Coplete, p. 289.
BIBLIOGRAFIA
Opere complete di Santa Teresa di Gesù Bambino, Libreria Editrice Vaticana, Edizioni OCD, 1997.
Paolo Risso. Un fratello delle missione, Santa Teresina e P. Adolphe, Revista settimanale di formazione e infrmazione cattolica Padre Pio, n. 30 di 29/07/2018.
Comments0