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Desde sempre nossa Igreja se preocupa com o mandamento de Jesus para com a evangelização. “Ide e evangelizai” (Mc 16,15) foi seu pedido aos apóstolos, aos discípulos e, consequentemente a todos nós. Foi com essa preocupação que o Papa São Paulo VI, no terceiro quarto do século passado, em 1975, fez publicar sua Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, pensando em revitalizar a vontade do Mestre.
Endereçada a todos os cristãos católicos, episcopado, clero e fiéis leigos, esse precioso documento de nosso magistério traz consigo um grande arcabouço de orientações e propostas de ação que todos podemos aprender e usar, começando pelo “testemunho de vida”, que é, sem dúvida, a melhor forma de convencimento. O exemplo vale mais que a oratória. Não obstante, esse rico documento aponta indicações muito preciosas que devemos estudar e praticar, lembrando que Jesus, nosso Deus, foi o primeiro evangelizador nos mostrando na prática como agir.
De fato é nossa preocupação e obrigação estarmos atentos a todas as possibilidades que temos de anunciar a Boa-Nova, pois, como nos orientava São Paulo, a partir de sua segunda carta a Timóteo, “Eu te conjuro (…) prega a Palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda a paciência e empenho de instruir” (2Tm 4,1-2). Foi viajando que ele assim o fez. Certamente usando a forma que Jesus usou, Paulo ia caminhando e pregando o Reino de Deus. Somente quando não podia caminhar por terra que ele usava o meio de transporte marítimo para chegar onde o Espírito Santo o enviava.
Foi como Jesus que Paulo, por meio das viagens, difundiu o cristianismo, chegando a Roma depois de passar por onde hoje é a Turquia e a Grécia. Podemos até dizer que ele foi se não o criador, o precursor do turismo religioso, que atualmente nos leva a percorrer os mais recônditos lugares de fé espalhados pelo nosso mundo. Dessa forma, podemos dizer que o turismo é, sem dúvida, uma alternativa para evangelizar.
Depois que o cristianismo passou a ter Roma como seu centro difusor, as pessoas que queriam conhecer esse lugar onde Pedro e Paulo foram martirizados, em nome do Evangelho, iniciaram um processo de visitação permanente ao túmulo dessas duas colunas da Igreja. De todos os pontos da Europa e da Ásia começaram a vir para Roma cristãos movidos pela fé para conhecer o emblemático local. Assim nasceu o vocábulo “romaria”, ou seja, o processo de deslocamento de féis católicos em direção a Roma, que virou sinônimo de deslocação em direção a qualquer lugar onde se encontra um espaço geográfico considerado sagrado.
Não obstante, o ato de peregrinar está no imaginário do ser humano desde sempre. Para nós, cristãos, assim como para judeus e muçulmanos, isso tudo está presente em nossa cultura espiritual desde Abrão (cf. Gn 12), quando, atendendo ao chamado de Deus, saiu da terra onde vivia, Ur dos caldeus (atual Iraque), e lhe prometeu a terra de Canaã. Tempos depois, seus descendentes se tornaram escravos no Egito e clamaram a Deus, que ouviu seus gritos e sua dor. Moisés foi o líder que conduziu o povo à Terra Santa (Israel), por volta de 1250 a.C.
Atualmente, o turismo religioso se tornou uma alternativa riquíssima e saudável de evangelização. Unindo espiritualidade e lazer, viajar nos roteiros da fé tem sido uma opção das melhores para aprofundarmos nosso conhecimento religioso e termos muitos momentos de diversão, pois, ao contrário do que se imagina, que o turismo religioso é feito com longos momentos de oração, silêncio e meditação, não é bem assim, faz-se uma experiência de fé completa. História, geografia, gastronomia, arte, etnia, diversidade de religiões, costumes e hábitos culturais diversos e muita convivência se misturam durante cada dia da peregrinação para, por fim, resultarem num tempo que o viajante terá marcado para toda a sua vida. As pessoas estão se convencendo cada vez mais de que o investimento num bom roteiro turístico traz mais satisfações interiores do que acumular bens materiais.
Viajar é a forma que leva você a gastar e o deixa cada vez mais rico. Ao fim de cada experiência turística, as pessoas incorporam lucros interiores cada vez mais consistentes. As emoções de cada passeio deixam no inconsciente de cada um de nós a certeza de ganhos que ninguém nem nada pode nos tirar. Bens materiais estão sempre sujeitos a perdas e danos, mas nossas boas vivências emocionais ninguém pode nos levar.
Quando a esses momentos vividos viajando a gente ainda consegue acrescentar profundas experiências de fé, tudo isso fica ainda mais consolidado em nosso patrimônio interior.
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