ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
Estimado(a) leitor(a) da Revista Ave Maria, começo nossa reflexão mensal de dezembro, mês em que celebramos o Natal do Nosso Senhor, Jesus, a grande promessa de Deus que se cumpre no tempo e no espaço. A encarnação do Verbo Divino é uma realidade e não uma utopia.
A expectativa pelo nascimento de Jesus toma conta de nossos corações e de nossas famílias. Acontece nesse período um movimento interno de busca pela confiança e uma realidade externa de alegria. O mês de dezembro torna-se especial, justamente, por conta de todo esse movimento em nossas famílias, que se preparam para a celebração do Natal a partir das montagens dos sinais, isto é, presépio, árvore de Natal, guirlanda e luzes decoram e proporcionam um tempo de paz nas famílias.
Estamos atravessando tempos difíceis nos últimos anos da nossa história, que geram em nós os sentimentos de angústia, dúvida e desespero. Uma pergunta se faz necessária: em que (ou em quem) estamos depositando a nossa esperança? No Senhor, que é o nosso único Salvador, ou nas coisas mundanas, incapazes de nos salvar?
Você e sua família não podem perder a confiança em Deus. Ele, sim está sempre ao nosso lado, como um pastor que cuida das suas ovelhas: “Como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas” (Jo 10,15). Se estamos na escuridão, devemos buscar a luz. A luz é Jesus, que guia nossos passos e nos conduz à alegria plena e verdadeira.
Como devemos buscar a luz? Sendo “alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração” (Rm 12,12). Como nos diz Santo Agostinho, “O pecado é a tua tristeza, deixa que a santidade seja a tua alegria”
“Sede alegres na esperança” (Rm 12,12): na nossa caminhada, em busca da santidade e em direção ao Céu, deparamos com as mais variadas adversidades, que são próprias da nossa condição humana e da nossa caminhada cristã. O motivo da nossa esperança é concreto, alcançável e palpável: é o próprio Jesus. Em Cristo somos mais que vencedores (cf. Rm 8,37) e, por isso, ao esperar nele nos alegramos, na certeza de que jamais seremos abandonados ou desamparados. Ele é o Deus conosco, aquele que nos ama com eterno amor e nada e nem ninguém pode nos apartar do seu amor.
O desespero é fruto da perda da esperança. Uma pessoa madura na fé é uma pessoa que crê, ama e espera. Mesmo sofrendo é preciso continuar lutando e acreditando em dias melhores.
Esperança não é expectativa e nem um mero estado de ânimo. Esperar vai muito além do que nossas capacidades humanas podem supor. A esperança é a virtude teologal (virtudes infundidas por Deus na alma dos fiéis para torná-los capazes de agir como seus filhos e merecer a vida eterna, cf. Catecismo da Igreja Católica, 1.813) pela qual desejamos o Reino dos Céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos, não nas nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1.817).
Apesar de ser uma graça que nos é dada por Deus, por meio do Espírito Santo, cabe a nós desejá-la, buscá-la e nutri-la. O profeta Jeremias exalta essa virtude dizendo “Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor” (Jr 17,7). O verdadeiro cristão não só vive e pratica a virtude teologal da esperança, mas é, ao mesmo tempo, convidado a estar sempre pronto a dar a razão de sua esperança a todo aquele que a pedir (cf. 1Pd 3,15).
É a virtude da esperança que nos leva a buscar a Deus sem cessar e sem trocá-lo por nada nesta vida: “É na conversão e na calma que está a vossa salvação; é no repouso e na confiança que reside a vossa força” (Is 30,15).
Pacientes na tribulação: a paciência é um fruto da ação do Espírito Santo em nós, que consiste em suportar, com propósitos e consolação, os dissabores e infelicidades na nossa vida. É a serenidade necessária para esperar algo que, aos nossos olhos humanos, tarda, portanto, pela fé somos exortados a aguentar firmes, não por nossas próprias forças, mas pela ação poderosa do Espírito Santo. Diante das tribulações, algumas pessoas, assim como famílias, rebelam-se contra Deus, abandonam a fé e entregam-se à murmuração, à tristeza profunda e à desesperança. A nossa natureza humana não nos ajuda no exercício da paciência e ajuda menos ainda quando estamos passando por uma tribulação.
A tribulação é muito proveitosa para nós, cristãos, pois nela adquirimos a constância na oração e uma maturidade maior na fé. Ser paciente significa também não se irritar, não se enfurecer e não faltar com o amor. A paciência é um fruto excelente para o nosso relacionamento com os irmãos. Ensinam-nos os Provérbios: “O homem irado provoca disputas; o homem paciente acalma a briga” (Pr 15,18). Ser forte na tribulação é viver esse momento firme e fiel a Deus, mesmo que tudo esteja desmoronando. Não podemos vencer as situações com o mal, mas podemos vencer o mal com o bem! São Felipe Neri disse: “Quem se impacienta com a cruz, achará uma outra mais pesada”.
Todo impaciente é imaturo e a impaciência não diminui o tempo de resolução dos problemas. “Perseverantes na oração”: São João da Cruz disse que o demônio teme a alma unida a Deus como ao próprio Deus, isto é, a oração nos torna íntimos do Senhor, verdadeiros amigos seus. A oração é a atitude espiritual dos que creem. O próprio Deus assim nos ensina na parábola da viúva perseverante: “Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por Ele dia e noite? Porventura tardará em socorrê-los?” (Lc 18,7). O mesmo texto esclarece o motivo dessa parábola: “Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1). Entretanto, ao apresentar a parábola, Jesus nos faz uma pergunta instigante: “Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?” (Lc 18,8). Tal qual é o alimento para o nosso corpo, assim é a oração para o nosso espírito. É pela oração que mantemos nossa alma vigilante e facilitamos a ação santificadora do Espírito Santo em nós.
Busquemos em nós, assim como em nossas famílias, o caminho deixado por São Paulo Apóstolo, que nos mostra os frutos da tribulação vencidos na fé e na esperança: “Não é só isso, mas nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana” (Rm 5,3-5). Sendo assim, cultive em sua casa e nos relacionamentos familiares sinais de esperança e fé.
Comments0