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A família é a base da sociedade. É nela que aprendemos, ou deveríamos aprender, as primeiras noções de sociabilidade, de convívio humano, de respeito ao próximo, o viver e conviver como irmãos. A família é o “termômetro” ou o medidor da qualidade da sociedade. Sabendo disso, a Igreja enfatiza a importância da família e mostra o cuidado que devemos ter com ela. Se a família é de bem e for estruturada, terá grandes probabilidades de gerar pessoas igualmente de bem e bem estruturadas. Pessoas que irão respeitar o seu semelhante, ter amor ao próximo e compaixão pelos que sofrem, sem provocar danos aos outros. É claro que há exceções, mas a probabilidade de haver pessoas de bem em famílias de bem é muito grande.
Se a família é o retrato da sociedade, ou a sociedade é o retrato das famílias, como andam as famílias de nossa sociedade? Não precisa ser um especialista em família para enxergar que algo não vai muito bem. Para isso, olhemos os acontecimentos da sociedade, como, por exemplo, a violência; os roubos de várias naturezas e instâncias, com ladrões que roubam nas ruas e outros que roubam dos cofres públicos; o desrespeito com os idosos; o desrespeito com as minorias ou com os diferentes etc. A maioria dos que praticam tais atos são pessoas “de família”. Mas, de que tipo de família? Cabe pensar sobre isso, tendo diante de nós alguns textos bíblicos.
O livro do Eclesiástico (cf. 3,3-7.14-17a) traz recomendações importantes para as famílias de todos os tempos e de todas as categorias. Sim, hoje temos famílias de diversas categorias ou naturezas. Não apenas mais aquele modelo similar à família de Jesus, com pai, mãe e filho, ou filhos, mas famílias compostas apenas pela mãe, ou somente pelo pai, ou famílias em que os filhos são criados pelos avós, família com filhos adotivos; enfim, há uma gama de tipos de famílias.
Em qualquer um desses tipos de família deve haver a educação para o amor e o respeito ao próximo. Se assim não for, a família será um fracasso e não contribuirá para a sociedade, pois poderá formar indivíduos que não saberão viver e conviver nela.
Por essa razão, as recomendações deste texto são muito importantes; ele dá ênfase ao respeito. Os filhos honram os pais quando os respeitam, quando são motivos de orgulho, e os pais têm uma grande responsabilidade nisso por meio da educação dada aos filhos. Quem ensina os valores cristãos, éticos e morais aos filhos terá filhos com tais valores. Caso contrário, não se pode esperar que eles os honrem com seus procedimentos. Os filhos devem também honrar os pais. Portanto, a responsabilidade não é apenas dos pais. Filhos que honram seus pais alcançam o perdão dos pecados, diz o livro do Eclesiástico. Temos aqui um destaque ainda maior na boa relação familiar, na estrutura da família. Pessoas que buscam honrar seus pais irão comportar-se como pessoas de bem, pois saberão que seu próximo também tem, ou teve, um pai, uma mãe, uma família, ou seja, que é humano como elas.
Quem vê no outro um igual não provoca danos a ele, pois, se temos consciência de que a outra pessoa sente dor como nós sentimos, não iremos querer que ela sofra, porque não queremos sofrer.
Assim, o texto do Eclesiástico segue dando recomendações valiosas, como, por exemplo, a de cuidar dos pais na velhice. Que nobre essa atitude! A velhice é o destino de todos os que não morrerem antes, portanto, se não for por bondade cuidar do idoso, que seja pela preocupação com o dia de amanhã. Cuide de seus pais, principalmente se eles estão na velhice, dependentes, e até mesmo sem a perfeição das faculdades mentais. Mesmo que eles fiquem senis, diz a leitura, seja compreensivo e não os despreze. Quem despreza os pais na velhice despreza o próprio Deus, que vê nossas atitudes em relação ao próximo, sobretudo se esse próximo é alguém debilitado, carente de nossa ajuda e amor. Pensemos nisso e olhemos com mais carinho para a nossa família.
Artigo escrito pelo Pe. José Carlos Pereira, extraído da seção “Relações Familiares” da Revista Ave Maria, na edição de maio de 2018.
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