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O Espírito Santo – que é Deus com o Pai e o Filho – é o santificador, o vivificador, dom do Pai, distribuidor dos dons e frutos divinos. É verdade, vida, amor, unidade e liberdade. É o selo, a aliança que dá existência à Igreja, é o proclamador da realeza do Senhor, a realização da promessa do Pai e de Jesus. Ele guia a Igreja para que ela possa ser sinal de salvação.
“Consumada a obra que o Pai confiara ao Filho realizar na terra, foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes, a fim de santificar perenemente a Igreja para que, assim, os crentes pudessem aproximar-se do Pai, por Cristo num mesmo Espírito. Ele é o espírito da vida, ou a fonte de água que jorra para a vida eterna. Por ele o Pai vivifica os homens mortos pelo pecado, até que Cristo ressuscite seus corpos mortais. O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis como num templo. Neles ora e dá testemunho de que são seus filhos adotivos. Leva a Igreja ao conhecimento da verdade total. Unifica-a na comunhão e no ministério. Dota-a e dirige-a mediante os diversos dons hierárquicos e carismáticos. Ele rejuvenesce a Igreja, renova-a perpetuamente e leva-a à união consumada com seu Esposo. Pois o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: Vem.” (Concílio Vaticano II – Constituição Dogmática “’Lumen gentium”)
Significado de Pentecostes
A palavra Pentecostes significa 50 dias, pois era uma festa celebrada 50 dias após a Páscoa. “No antigo Israel, Pentecostes era uma festa agrícola (primícias da safra, no hemisfério norte). Mais tarde foi relacionada com o evento salvífico central da Aliança mosaica: ganhou o sentido de comemoração da proclamação da Lei no Monte Sinai. Tornou-se uma das três grandes festas em que os judeus subiam em romaria a Jerusalém (as outras são Páscoa e Tabernáculos). Foi nesta festa que aconteceu a ‘explosão’ do Espírito Santo, a força que levou os apóstolos a tomarem a palavra e a proclamarem, diante da multidão reunida de todos os cantos do judaísmo, o anúncio de Jesus Cristo.” (Padre Johan Konings, em “Liturgia dominical”, Editora Vozes)
Em Pentecostes manifesta-se Igreja
Celebramos a grande festa de Pentecostes, na qual a liturgia nos faz reviver o nascimento da Igreja, segundo quanto narra São Lucas no livro dos Atos dos Apóstolos (2, 1-13). Cinquenta dias depois da Páscoa, o Espírito Santo desceu sobre a comunidade dos discípulos “assíduos e concordes na oração” reunidos “com Maria, a mãe de Jesus” e com os doze Apóstolos (cf. At 1, 14; 2, 1). Portanto podemos dizer que a Igreja teve o seu solene início com a descida do Espírito Santo.
Neste extraordinário acontecimento encontramos as notas fundamentais e qualificadoras da Igreja: a Igreja é una, como a comunidade de Pentecostes, que estava unida na oração e concorde: “Tinha um só coração e uma só alma” (At 4, 32). A Igreja é santa, não pelos seus méritos, mas porque, animada pelo Espírito Santo, mantém o olhar fixo em Cristo, para se tornar conforme com Ele e com o seu amor. A Igreja é católica, porque o Evangelho se destina a todos os povos e por isso, já desde o início, o Espírito Santo faz com que ela fale todas as línguas. A Igreja é apostólica, porque edificada sobre o fundamento dos Apóstolos, conserva fielmente o seu ensinamento através da cadeia ininterrupta da sucessão episcopal.
Além disso, a Igreja é, por sua natureza, missionária e, a partir do dia de Pentecostes, o Espírito Santo não cessa de a estimular pelos caminhos do mundo, até aos extremos confins da terra e até ao fim dos tempos. Esta realidade que podemos verificar em todas as épocas já está antecipada no Livro dos Atos, onde se descreve a passagem do Evangelho dos hebreus para os pagãos, de Jerusalém para Roma. Roma está a indicar o mundo dos pagãos, e assim todos os povos que estão fora do antigo povo de Deus. De fato, os Atos concluem-se com a chegada do Evangelho a Roma. Então podemos dizer que Roma é o nome concreto da catolicidade e da missionariedade, expressa a fidelidade às origens, à Igreja de todos os tempos, a uma Igreja que fala todas as línguas e vai ao encontro de todas as culturas.
Queridos irmãos e irmãs, o primeiro Pentecostes aconteceu quando Maria Santíssima estava presente no meio dos discípulos no Cenáculo de Jerusalém e rezava. Também hoje nos confiamos à sua materna intercessão, para que o Espírito Santo desça abundantemente sobre a Igreja do nosso tempo, encha os corações de todos os fiéis e acenda neles o fogo do seu amor.
Papa Bento XVI
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