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A Igreja celebra hoje a Natividade da Virgem Maria, um fato providencial e alegre, cheio de significado teológico, espiritual e eclesial, que nos convida a redescobrir o sentido e o valor da vida. Um dos paradoxos do nosso tempo, afinal, é a fúria em relação à vida nascente, dificultada, manipulada e destruída. Poderíamos até falar numa “guerra” contra embriões e fetos humanos, que são eliminados com a prática cruel do aborto. A ciência médica, concebida para dar apoio à saúde humana, se tornou instrumento de morte para os menores e mais indefesos dentre nós: os seres humanos em gestação.
E isto para não mencionar a manipulação da vida por nascer, outro flagelo que golpeia o ser humano de hoje. A seleção de gametas e a conservação e descarte de embriões são gestos desumanos. Pelo uso distorcido da biomedicina, o homem tem ido além do limite da concepção da vida, que sempre teve um valor sagrado e inviolável. Não se trata de rejeitar a ciência médica, obviamente, mas é essencial colocar os limites necessários quando se propõe a seleção ou a supressão da vida humana por nascer.
Não são desprezíveis, junto com isto, as condições que impedem as famílias de ser mais acolhedoras no tocante ao nascituro. A crise econômica, a instabilidade dos empregos, os salários baixos, o alto custo da moradia, os impostos crescentes são alguns dos elementos que desencorajam as famílias de expandir o seu núcleo. As leis parecem privilegiar as exigências de pessoas sós, carregando nos ombros da família o peso fiscal e social de nações inteiras.
O nascimento de uma nova vida também acontece quando um pai e uma mãe abraçam pela primeira vez o seu filho adotivo. O nascimento desta nova vida está sendo seriamente atacado por uma conspiração silenciosa, que induz as famílias a abrirem mão da adoção de crianças abandonadas. Em tentativa de compensação, tenta-se levar os casais a recorrerem às várias formas de reprodução assistida, eliminando a gratuidade da vida e enriquecendo as clínicas que oferecem esses “serviços de saúde”.
Diante deste cenário, a Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria é um evento de fé e de esperança para o nascituro, porque lembra o grande valor de cada ser humano, capaz de ser instrumento das grandes maravilhas que Deus pode realizar. A vida de Maria nos recorda que um ser humano nascente não é uma propriedade dos pais: o pai e a mãe não são os donos da vida humana, e sim administradores humildes, chamados a obedecer a uma autoridade superior.
Maria foi um presente para Ana e Joaquim, que quiseram confiá-la totalmente às mãos de Deus. Confiar o filho à vontade de Deus é educá-lo santamente, acompanhá-lo no crescimento humano, instruí-lo na fé, rezar pela sua vocação e encaminhá-lo para a maturidade da vida humana e espiritual.
O nascimento de Maria prepara a Encarnação de Cristo. Maria é o templo que acolhe o Salvador, o tabernáculo onde repousa o Santíssimo Sacramento, a arca onde reside o coração da Nova Aliança, o palácio real onde mora o Rei do Céu e da Terra. Maria é a mulher que lhe deu a sua carne ao Filho de Deus.
A vinda de Maria ao mundo recorda a santidade e a transcendência de cada vida humana, que tem valor eterno. O homem tem necessidade de redescobrir a dignidade infinita de todo ser humano, independentemente da sua idade, da sua riqueza, do seu conhecimento. Pobreza, doença e ignorância não devem constituir motivo de exclusão e descarte.
Incluir os jovens, idosos e famílias na vida da sociedade significa realizar a revolução comunitária que tem o poder de restituir o equilíbrio social e econômico. Há uma tentativa continuamente em andamento, por parte de alguns grupos poderosos, de dificultar a distribuição justa dos recursos e dos bens da terra, cada vez mais concentrados nas mãos de alguns.
Quando nasceu Maria, seus pais não sabiam das grandes obras que Deus realizaria através da sua filha. O mundo de hoje também precisa entender que a cada criança concebida cabe o direito de crescer de coração aberto ao Espírito Santo, para cumprir humildemente a vontade do Pai e tornar-se fiel servidor de Deus e dos homens.
Por Zenit
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