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A história registra o surgimento, o desaparecimento e o ressurgimento de grupos fanáticos, depois de terem realizado inúmeros males. Alguns membros desses grupos são idealistas, radicais, intransigentes, autoritários. Outros são interesseiros, nitidamente oportunistas, pois só querem dinheiro. Outros sentem necessidade de serem dominados, obcecados, fixados numa ideia estática, irredutível. Ideologias nascem, desaparecem, ressurgem em roupagens de conveniência do momento.
Entre uma ideologia e a loucura, um fio de cabelo dividido por uma navalha divide-as. A diferença é mínima, pois os antigos manicômios abrigavam mentes fixadas em desejos projetados e nunca satisfeitos. Napoleões compartilhavam sua sina com reis e rainhas, videntes do futuro e profetas do apocalipse. A mistificação é um mecanismo de fuga. Quem sofre de carência crônica, quem teve por muito tempo um desejo reprimido e não canalizado de forma adequada, experimenta frustrações. O acúmulo explode em reações inimagináveis, incontroláveis. A pessoa destempera-se de vez…
Pessoas impulsionadas por paixões não resolvidas geralmente se agridem e se deixam destruir por dentro. Essa atitude gera vários tipos de somatizações. A compensação para o desconforto leva a pessoa a disferir golpes agressivos contra si e contra os outros também. Sentimentos confusos de culpa não resolvida levam à revolta, ao pessimismo, ao murmúrio. Nessa guerra deletéria todos saem perdendo. Para romper esse ciclo de desafeto é preciso enfrentá-lo e o desmontar cuidadosamente, fazendo opção pela vida, não pela destruição de alguém. A sina das pessoas esquizofrênicas faz com que elas usem o esquema da provocação. Estas sentem necessidade de agredir. Alimentam-se continuamente de confusão. Necessitam sentirem-se vítimas, provocadas, perseguidas. Na tentativa de legitimar o uso da força, denotam mágoas, inventam palavras e gestos inconvenientes. A força do amor não correspondido gera o ódio que supera a razão e o bom senso. Atitudes passionais provocam alucinações na mente.
Paixão não é amor, mas reação emotiva, primária, instintiva. É preciso canalizar sua força arrasadora. Perceba e evite em você e ao seu redor dar trela à fixação nervosa na busca de culpados e de se vingar a qualquer custo. Paixões desordenadas e não canalizadas desequilibram a pessoa por dentro. Evite se candidatar ao destempero. Paixão que não é orientada de forma adequada é capaz de levar uma pessoa a matar ou morrer. Não poucos apaixonados preferem morrer a buscar novos caminhos possíveis. Enquanto o amor liberta, a paixão cega.
Por Dom Aldo Pagotto – Arcebispo Metropolitano da Paraíba
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