ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
No segundo domingo do mês de agosto comemoramos o Dia dos Pais. O santuário estava cheio de famílias, cantando e em oração na Missa das dez horas, transmitida pelas mídias sociais e pela rádio da cidade. Depois de proclamar o Evangelho, aproximei-me do povo e iniciei a pregação. Nesse dia, Jesus dizia: “Eu vim lançar fogo à Terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso? Mas devo ser batizado num Batismo; e quanto anseio até que ele se cumpra! Julgais que vim trazer paz à Terra? Não, digo-vos, mas separação. Pois de ora em diante haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três; estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra” (Lc 12, 49-53). Comecei dizendo que Jesus tinha vindo nos trazer o fogo do Espírito Santo não para destruir, mas transformar a nossa vida completamente.
Entusiasmado, ensinava que a paz era uma pessoa – Jesus, mesmo! Uma paz que não significava “bem-estar”, uma vida sem problemas, sem sofrimento, confortável, sem compromisso com os irmãos que tanto sofrem neste mundo, mas uma paz que nos coloca em movimento, lança-nos sempre para frente, para enxugarmos as lágrimas de quem chora e dar alento aos que vivem na desesperança.
Enquanto dizia essas palavras, olhei para o corredor central e vi um homem, caminhando em minha direção. Parecia uma pessoa simples, um peregrino. Eu pregava a Palavra e olhava para ele. Quando chegou perto de mim, ajoelhou-se, abriu os braços e pediu, derramando lágrimas: “Padre, por favor, dê-me uma bênção. Estou sofrendo muito!”. Nesse instante, parei a pregação. Todos ficaram em silêncio. Em uma das mãos, segurei o microfone; a outra coloquei sobre sua cabeça e, baixinho, fiz uma oração especial para ele, dando-lhe a bênção, fazendo o sinal da cruz em sua fronte. Ele se levantou e foi saindo devagar. Continuei a homilia. Meu coração parecia se queimar. Sentia um fogo ardendo dentro dele. A alegria era indescritível. Jesus, na pessoa daquele irmão sofredor, tinha vindo ao meu encontro na hora da meditação da Palavra, Ele que é a Palavra que se fez carne e veio morar entre nós.
Dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a pedido da Comissão Nacional de Presbíteros, escreveu um texto para estudos, reflexão e oração dos presbíteros do Brasil tratando do tema comunhão e missão. Chamou minha atenção quando ele diz “‘ A Palavra de Deus é viva’ (Hb 4, 12), ‘Nela e com ela, o discípulo recolhe sempre novidades’ (Mt 15, 32), ou seja, luzes para uma vida que se mostra repleta de sombras. Somos servos do Cristo que chama para, também nós, em meio a tudo que somos e vivemos, chamar, acolher, socorrer, proteger, fortalecer. O presbítero olha a Palavra para poder olhar a vida com os olhos e o coração de Cristo. O presbítero olha a vida para poder apresentar a Jesus as alegrias e dores de pessoas e dos povos. Nesse duplo movimento, a amizade com Jesus se fortalece e o presbítero se descobre capaz de repetir o vinde de Jesus, ainda que, dentro ou diante de si, se manifestem sombras, dores e inseguranças”¹.
Neste mês de setembro, quando se inicia uma nova estação, a primavera, e que é também dedicado à Bíblia Sagrada, vamos pedir a Jesus que faça brotar de nosso interior lindas flores espirituais para alegrar e perfumar este mundo tão necessitado de carinho, acolhida, pão, abraço e do seu amor.
¹. AMADO, Dom Joel Portella. Presbíteros, comunhão e missão. Brasília (DF), Edições CNBB, 2022, pp. 15. 19.
Comments0