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Estimado(a) leitor(a) da Revista Ave Maria, começo nossa reflexão mensal de maio sobre Nossa Senhora e as muitas Marias de nossa história, das nossas famílias que buscam em Nossa Senhora a força necessária para superar os inúmeros desafios da vida.
Depois da Reforma, no início da Idade Moderna, falar de Maria ficou um pouco difícil. Ultimamente, com tantas igrejas cristãs e da forma que a sociedade caminha, essa intranquilidade, com inúmeros casos de feminicídios e violências, tornou-se ainda maior o desafio da figura feminina na atualidade. Quantas Marias existem em nossas famílias com inúmeros sofrimentos! Portanto, esse desafio se dá no ecumenismo, nos dogmas, na figura da mulher do lar, a medianeira de todas as graças etc.
No entanto, Maria, a mãe de Jesus, continua sendo uma presença viva e forte no catolicismo, especialmente na nossa época, denominada por muitos como a “Era de Maria”, sobretudo por conta dos inúmeros movimentos marianos surgidos nos últimos anos, comunidades de vida e aliança, canções e uma forte presença das orações marianas nas redes sociais.
Essa “ascensão” mariana tem como grande responsável o Papa Pio XII, que procurou realçar a presença de Maria na vida e no pensamento cristão, como a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria (1942), e recentemente o Papa Francisco consagrou a Ucrânia, a Rússia e os conflitos; a definição do dogma da Assunção (1950) e a celebração do Ano Mariano no centenário da definição do dogma da Imaculada Conceição (1954).
Outro responsável pelo crescimento da devoção à Maria foi o Papa Paulo VI, que afirmou: “Maria é parte integrante da doutrina católica, de modo que não se pode ser cristão se não é mariano”, O que a Constituição Dogmática Lumen Gentium já havia afirmado: “Maria é constitutivo dogmático da fé católica” (52).
Depois do Concílio Ecumênico Vaticano II, o magistério da Igreja nos presenteou com dois documentos de mariologia: e Exortação Apostólica Marialus Cultus, do Papa Paulo VI, e a Encíclica Redemptoris Mater, do Papa São João Paulo II.
Na Marialis cultus, o Papa Paulo VI apresenta Maria como modelo de atitude espiritual com a qual a Igreja celebra e vive os divinos mistérios. O Papa procurou mostrar a nota trinitária, cristológica e eclesial do culto de Maria com orientações bíblicas, litúrgicas, ecumênicas e antropológicas nas quais deve inspirar-se. Ele ainda reafirmou o valor teológico e pastoral da piedade mariana.
Na Redemptoris Mater, o Papa São João Paulo II não só apresentou Maria no seu itinerário de fé, mas a colocou de modo ativo e exemplar no caminho histórico da Igreja. É sob a luz dessa presença ativa, fundada na relação da mãe com o Filho e na ação do Espírito Santo, que se compreende a ideia da mediação materna de Maria.
No diálogo ecumênico, o Concílio Vaticano II apresentou Maria mais simples e a inseriu no mistério de Cristo e da Igreja. O Papa Paulo VI seguiu essa tendência e a colocou como Mãe da Igreja.
Nos meios populares, a presença de Maria é muito forte, sobretudo em nossas famílias. O povo brasileiro em sua grande maioria é mariano por convicção e não por conveniência.
Observando a vida devocional de muitos cristãos, Maria, para muitos cristãos católicos, é a força na fome, na violência, na doença, no casamento, na criação dos filhos. Seus dogmas nem sempre são bem compreendidos do ponto de vista teológico, entretanto, são celebrados com tanta intensidade que as palavras não são necessárias para explicar o que é celebrado.
Muitos ainda não compreenderam o sentido de ser mariano e o culto que a Igreja presta a Maria e aos santos. Vale a pena lembrar: o culto de adoração é dado só a Deus e se chama latria. Aos santos o culto é de veneração e se chama dulia. A Maria a Igreja dá um culto especial que se chama hiperdulia.
Por outro lado, muitos sabem conservar-se na verdadeira devoção mariana: ela é a mãe de Deus e nossa, no sentido de proporcionar novas luzes e novo sentido à luta dos homens e das mulheres à beira do desânimo. Ela é a Nossa Senhora porque advoga a causa do povo, senhora dos homens e das mulheres libertos(as). Ela ouve os clamores dos filhos e está ligada ao sofrimento humano: consoladora, Senhora das Dores, auxílio dos cristãos…
No Brasil, perto de 47% das paróquias são dedicadas a Nossa Senhora, com seus inúmeros títulos. No interior é comum a reza do Terço, assim como as novenas e o uso do escapulário. No meio urbano divulga-se a devoção à “Maria invisível”. Ela é a padroeira de milhares de paróquias, pelo que deveria ser madroeira ou madrinha.
Portanto, na Igreja e para muitas mulheres em sofrimento ela é a mulher concreta, lutadora, a mulher profetisa do Novo Testamento que proclama o Magnificat, a defensora da vida. Ela é a poderosa mãe de Deus revestida em plenitude pelo Espírito do Senhor Jesus. Com isso muitas mulheres são inspiradas pelos inúmeros feitos de Nossa Senhora.
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