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“Flor do Carmelo, videira florescente, esplendor do céu. Virgem fecunda e singular. Mãe afável, Mãe sempre virgem, aos Carmelitas sede propícia. Ó estrela do mar!”
Prezados confrades, reverendas irmãs, membros dos Sodalícios da Ordem Terceira do Carmo, vocacionados e povo santo de Deus, que estão unidos em oração conosco e, principalmente, com a Virgem Maria, mãe de Jesus. Paz e Alegria!
É chegado o tempo de júbilo para todos nós Carmelitas, filhos e irmãos daquela que é a Senhora do Lugar. Neste mês de julho, com a Virgem do Carmo, nossa alma engrandecerá o Senhor, assim como ela nos ensinou naquela visita à sua prima santa Isabel: “A minha alma glorifica o Senhor, e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador” (Lc 1, 46). Ainda mais neste ano, em que a Província Carmelitana de Santo Elias comemora seus 300 anos de ereção canônica no Brasil. Ao longo desse período, o carisma carmelitano marcou e marca profundamente à alma do povo brasileiro com a presença de Maria.
Ela, que pela ação do Espírito Santo, gerou e formou Cristo, não somente em seu ventre, mas também em nossas vidas e, se assim quisermos levá-la para a nossa casa: que é o nosso coração (João 19, 27).
Amados discípulos da Mãe-mestra, temos sido formados por ela para tornarmo-nos verdadeiros adoradores de seu Filho: Jesus Cristo. Contemplemos como ela se fez presente a nós desde os tempos longínquos, onde o profeta Elias, após o sacrifício no monte Carmelo, testemunhou juntamente com seu servo, a nuvenzinha que surgiu e elevou-se do mar até eles (1Rs 18, 44). Em seguida, e na mesma passagem, acontece o fim da seca, chove após muito tempo. Eis que esta nuvem mais tarde se tornaria para nós carmelitas, a prefiguração da Virgem Maria. Que desde sempre esteve presente sendo fecunda, trouxe-lhes a vida pela água, irrigando à nova terra e, tão logo, esta se torna também uma terra que mana leite e mel (Êx 33, 3). Ó Nuvem fecunda, que logo se tornará a mais bela flor do Carmelo; flor esta, que florirá com seu néctar místico, de onde seus amados filhos e irmãos carmelitas se alimentarão da Mãe-Rainha. Quão belo, doce e imenso significado ao contemplá-la no silêncio do coração.
Ó Virgem do Carmo, estrela do mar! Que brilhou naquela noite em Belém ao conceber o Messias. Elevou-se naquela nuvem, como que o prenúncio de sua humildade e pequenez (Lc 1, 48; 52). Elevou-se das águas, porque nelas pairava o Espírito de Deus, o Criador, que através de um sopro Divino, agitava a superfície das mesmas (Gn 1, 2). Ó, Senhor, agora vemos como ela fora predestinada a ser templo do Espírito Santo!
Ó Virgem do Carmo, esplendor do céu! Desde sempre e para sempre agraciada por Deus; porque o Amor vos amou de modo incomparável. Por isto, és a Virgem fecunda e singular. Tão singular que és a única a ter os mais sublimes privilégios: Aquele de Theotokos: Pois Maria é a mãe de Deus em suas duas naturezas: Deus e, ao mesmo tempo, homem. Virgindade Perpétua: Pois é a Mãe sempre virgem, mesmo após a concepção do seu Jesus. Imaculada Conceição: Porque é preservada por Deus, sendo concebida sem o pecado original e, Assunta, pois foi elevada ao Céu onde está presente de corpo e alma.
É possível vê-la, sutilmente, até mesmo no livro de Samuel, no capítulo 6, versículo 9, onde há uma significativa alusão à Maria, quando o rei Davi teme por receber a Arca do Senhor em sua casa. Sim, caríssimos! Nossa Senhora foi preservada para tornar-se a nova Arca de Deus. Essa passagem faz um paralelismo, com a passagem citada acima da visitação. Se outrora o rei Davi temeu por receber o Senhor em sua casa, Isabel, por sua vez, fica repleta do Espírito Santo e exulta em louvores por receber esta Arca (Maria) e, principalmente, O Tesouro que ela trazia em si: Jesus Cristo, nosso Salvador (Lc 1, 41-42). Maria, pelo seu ‘Sim’, entregou-se de modo livre para ser a nova Jerusalém Celeste, Mãe da Igreja e nossa Mãe (Lc 1, 56) e (Gl 4, 26). Sim, desse modo está escrito segundo o salmista: “O Senhor ama a Cidade, que fundou no Monte Santo; ama as portas de Sião mais que as casas de Jacó (Sl 86)”. Vamos, irmãos, subamos a esta montanha, o monte de Sião. Pois nele se encontra Jerusalém, a cidade de Deus, onde foi construído o Templo de Deus, que agora, é a Virgem Maria do Monte Carmelo.
Amados irmãos e irmãs, neste solene mês, dirijamos nossas orações à Nossa Senhora do Carmo; poderosa intercessora do Céu e da terra. Pois na escola do Carmelo, se alcança muitas graças por meio dela como Mãe-mestra. A Bem-Aventurada, tem sido muito assídua em seus ensinamentos e profecias, de geração em geração. (Lc 1, 48). Por diversas vezes, fala ao nosso coração com autoridade de mãe e, assim sendo, conhece como a si mesma o Filho. Por essa razão, pede-nos que O ouçamos (Jo 2, 5).
Ah, Senhor, às vezes vos pedimos brevemente numa intenção, um coração semelhante ao vosso, que saiba amar e perdoar. Mas neste mês, poderíamos desejar uma cândida alma como de Maria. Ela tornou-se a maior justamente por ter um espírito genuíno como a doçura de uma criança. “Aquele, portanto, que se tornar pequenino como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus” (Mt 18, 4).
Desse modo, deixemos para trás às seduções passageiras deste mundo. Calemos e repousemos os vãos desejos que nos impedem de caminhar com Jesus e Maria. Desejemos, ardentemente, o espírito de infância em nossa relação com Jesus. Assim como teve Nossa Senhora em sua suavidade atenção ao seu Filho. Maria é a ternura que nos envolve em seu colo de mãe. Nos dá o alimento espiritual e, chegado o momento, sem mesmo percebermos, somos desmamados das esperanças corruptíveis. E agora, uma vez saciados, a nossa alma se deleita nos braços dessa terna mãe que fala ao pé do nosso ouvido: Meu filho, põe tua esperança em Deus, desde agora e para sempre! (Sl 131).
Por fim, amados de Cristo, ainda nos resta falar de um grande sinal dado pela Virgem do Carmo, o santo Escapulário. Não é possível falar de Nossa Senhora do Carmo sem mencionar esta veste Sacramental. Sinal externo de consagração à Virgem Santíssima. Bendito seja São Simão Stock! Audaz carmelita na fé o no amor, este muito amava a Virgem Maria. Mesmo em grande aflição, por causa das perseguições contra a Ordem do Carmo no século XIII, recorreu incessantemente à Nossa Senhora. E, sendo atendido por ela, recebeu-o da própria Virgem, que lhe disse: “Recebe, filho amado, este escapulário, todo o que com ele morrer, não padecerá à perdição no fogo eterno. Ele é sinal de salvação, defesa nos perigos, aliança de paz e sempiterno”. Com efeito, este sinal de devoção externa entregue a São Simão Stock é sublime. Pois, o Senhor confiou não simplesmente esta veste em si, mas aquela que é a Senhora do Lugar. Por essa razão, esse acontecimento nos conduz diretamente ao mistério da Cruz, donde Jesus entrega sua Mãe ao discípulo amado (Jo 19, 25-27).
No entanto, caríssimos, este sinal deve ser usado com amor e devoção. E não como um amuleto ou algo de superstição. Em nossa regra do Carmo diz: “Muitas vezes e de muitas maneiras os Santos Padres estabeleceram como cada um, qualquer que seja o estado de vida a que pertença ou a forma de vida religiosa que tiver escolhido, deve viver em Obséquio de Jesus Cristo e servi-lo fielmente com coração puro e reta consciência (RC 2)”. Portanto, é nesta certeza e observância que devemos caminhar. Porque, quem desejar usar o escapulário, fará uma aliança com Maria. E, fazer-se-a discípulo da mesma demonstrando exteriormente com a vida e o coração os seus ensinamentos. Lembrem-se povo de Deus, que uma das primeiras condições para ser Carmelita é possuir um coração puro e uma reta consciência, e isso só será possível pelo viés da vida oração.
Ó Senhora do Carmo, mãe e irmã dos Carmelitas, nós te saudamos neste mês, especialmente dia 16 de Julho, com ardente amor por ti. Mãe, pedimos a vossa proteção filial, na certeza de que caminhando conosco, crescerá em nós a fé, a esperança e o amor.
Uma santa festa para todos e viva nossa Província nesses 300 anos!
Frei Marlom Francis, O.Carm.
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