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Para nós carmelitas a pureza possui grande importância. Nossa Santa Regra em seu prólogo nos recorda nosso dever de servir a Nosso Senhor Jesus Cristo com o coração puro e reta consciência. Esta pureza que devemos cultivar em nosso íntimo, tem como fim, a união com o esposo de nossas almas, Cristo. Por isso, belamente em seu tratado espiritual “A vida oculta em Deus”, Robert de Langeac escreve: “A Senhora do Monte Carmelo é a padroeira da vida interior, é a Virgem que nos separa da multidão e nos conduz suavemente até às cumiadas, onde o ar é mais puro, o céu mais claro, e Deus está mais próximo… lá onde se desenrola a vida de intimidade com Deus.”¹
Maria é a criatura mais bela e mais pura que existiu. Deus, em seus desígnios, escolheu esta mulher, separou-a desde a plenitude dos tempos, para que fosse solo fecundo para germinar o Verbo de Deus. Com isso, Arnold Bostius medita a pureza da Virgem Maria a partir da interpretação feita pela tradição carmelitana sobre a nuvenzinha que surgiu do mar, quando Israel estava passando pelo período de seca.²
“Ela era, na sua origem, como uma criança limpa de toda mancha do pecado, assim como aquela nuvenzinha surgiu do amargo mar, sem conter, no entanto, nenhuma amargura. Apesar de aquela nuvenzinha pertencer à mesma natureza do mar, ela possuía outras qualidades e outras propriedades. O mar é denso e amargo, mas aquela nuvem era tênue e doce. Assim, apesar de em todas as outras pessoas a natureza humana ser como o mar em sua origem, por ser oprimida pela amargura do pecado e pelo peso do vício, elas são forçadas a clamar: ‘Minhas culpas ultrapassaram minha cabeça, e pesam sobre mim, como fardo pesado’ (Sl 38,5). A Bem-Aventurada Virgem Maria surgiu também deste mar que é a natureza humana. Pois, em sua origem, ela não foi queimada com o amargor das faltas mas, como a nuvenzinha, ela foi luz através da imunidade ao pecado e doce para a plenitude dos carismas.”³
Porém, nossa contemplação das virtudes de Maria não devem se limitar na admiração das grandes obras que Deus realizou em suas vidas, mas deve-nos inspirar a imitá-las. A devoção à Virgem Santíssima deve-nos impelir a estarmos cada vez mais próximos de nosso Redentor. Mas como nós, pecadores, poderemos nos apresentar diante do trono de nosso soberano Rei com nossas almas impuras? A partir da configuração de nossas ações em Maria, tomando-a como exemplo, e invocando-a nas maiores dificuldade de nossa vida, quando estamos perante o mal.
Maria não é indiferente aos nossos sofrimentos, A Santíssima Virgem sempre está a nos ajudar. Portanto, não cessemos de recorrer à sua proteção invocando-a: Ó Mãe Puríssima, vinde em meu auxílio. Reconheçamos que sozinhos não somos capazes de atingir aos altos cumes da vida espiritual, sozinhos, não conseguiremos subir ao Monte Carmelo, mas com a ajuda desta boa Mãe, ela nos retirará os pesos da impureza que nos atrapalham em nosso processo de subida, e nos fortalecerá na luta contra o mal.
Que o Coração Puríssimo e Virginal da Santa Mãe de Deus, transforme os nossos corações maculados pelo pecado. E que assim configurados, nossas ações se tornem purificadas, para que unidos a Nosso Senhor Jesus Cristo, pratiquemos ações virtuosas e revelemos o rosto de Deus aos que mais sofrem.
A alma que possui o coração puro e fecundo frutificará a semente da vida espiritual que Deus quer plantar em nossas almas. Permitamos que a Virgem Santíssima nos auxilie em nosso despojamento das más ações e corramos ao encontro de Cristo.
Tota pulchra es Maria, sine labe originali concepta.
Frei Luis Miguel dos Santos Lima, O. Carm.
¹LANGEAC, Robert de. A vida oculta em Deus. Lisboa: Editorial Aster, 1960. p. 23
²Cf. I Reis 18, 41-46
³ In: O’ DONNELL, Christopher. Uma presença amorosa:Maria e o Carmelo. Um estudo da herança mariana da Ordem.Projeto diretório espiritual Carmelitano – Horizontes 6. p. 31
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