ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
Todos são chamados a viver a fidelidade a partir da sua vocação batismal, ou seja, todo o cristão deve ser fiel a Cristo.
Com Maria podemos aprender como viver esta fidelidade, para sermos fiéis a alguém é preciso que lhe manifestemos amor. E para amá-lo temos de conhecê-lo. Maria é a expressão mais plena da fidelidade perfeita ao Espírito Santo e à Sua ação na alma, é a expressão da fidelidade que significa cooperar perseverantemente com a graça da vocação.
Cada mãe é transparência do amor, é domicílio de ternura, é fidelidade que não abandona, porque uma verdadeira mãe ama, mesmo quando não é amada.
Por isso, junto da Mãe do Senhor imploramo-la: Mostra-nos Jesus! Mostra a nós, peregrinos, Aquele que é ao mesmo tempo o caminho e a meta: a verdade e a vida.
Precisamos de Deus, daquele Deus que nos mostrou o seu rosto e abriu o seu coração: Jesus Cristo. João, justamente, afirma que Ele é o Deus Unigênito que está no seio do Pai (cf. Jo 1, 18); assim só Ele, do íntimo do próprio Deus, nos podia revelar Deus, revelar-nos também quem somos nós, de onde vimos e para onde vamos.
“Contemplar Cristo!”. Se nós o fizermos, damo-nos conta de que o cristianismo é algo mais e diferente de um sistema moral, de uma série de pedidos e de leis. É o dom de uma amizade que perdura na vida e na morte: “Já não vos chamo servos, mas amigos” (cf. Jo 15, 15), diz o Senhor aos seus. Nós confiamo-nos a esta amizade. Mas porque o cristianismo é mais que moral, é o dom de uma amizade, precisamente por isto tem em si também uma grande força moral da qual nós, perante os desafios do nosso tempo, temos tanta necessidade. Fidelidade à amizade de Deus. Viver com Ele é viver a sua vida e viver a sua vida é viver os seus mandamentos.
De entre tantos títulos atribuídos à Santíssima Virgem, no decurso dos séculos, pelo amor filial dos cristãos, há um de profundíssimo significado: Virgo Fidelis, Virgem fiel. Que significa esta fidelidade de Maria? E quais são as suas dimensões?
A primeira dimensão chama-se busca. Maria foi fiel, quando, com amor se pôs a buscar o sentido profundo do Desígnio de Deus n’Ela e para o mundo. “Quomodo fiat? — Como poderá ser?”, perguntou Ela ao Anjo da Anunciação. Já no Antigo Testamento, o sentido desta busca se traduz numa expressão de rara beleza e de extraordinário conteúdo espiritual: “buscar o Rosto do Senhor”. Não haverá fidelidade se na raiz não houver esta busca ardente, paciente e generosa; se no coração do homem não se encontrar uma pergunta para a qual só Deus tem a resposta, ou melhor, dizendo, para a qual só Deus é a resposta.
A segunda dimensão da fidelidade chama-se acolhimento, aceitação. O “quomodo fiat“(como poderá ser?) transforma-se, nos lábios de Maria, num “fiat“. Assim se faça, estou pronto, aceito: este é o momento crucial da fidelidade, momento em que o homem entende que jamais compreenderá totalmente o “como”, que no Desígnio de Deus há mais momentos de mistério do que de evidência, e que, por mais que faça, não conseguirá nunca aceitá-lo todo. É então que o homem aceita o mistério e lhe dá um lugar no seu coração, do mesmo modo que Maria conservava todas estas coisas, meditando-as no seu coração (Lc. 2 19; cfr. Lc. 3. 15). É o momento em que o homem se abandona ao mistério, não com a resignação de quem capitula perante um enigma ou um absurdo, mas antes com a disponibilidade de quem se abre para ser habitado por algo — por Alguém! — maior que o próprio coração. Essa aceitação realiza-se em definitivo pela fé que é a adesão de todo o ser ao mistério que se revela. Abramo-nos ao Senhor. Deixemo-nos que Ele habite verdadeiramente em nós. Faça Senhor, em nós, a tua morada para sempre.
A terceira dimensão da fidelidade é a coerência. Viver de acordo com o que se crê. Ajustar a própria vida ao objeto da própria adesão. Aceitar incompreensões, perseguições, mas não permitir rupturas entre aquilo que se vive e aquilo em que se crê: é isto, a coerência. É talvez que aqui que se encontre o núcleo mais íntimo da fidelidade. Mas toda a fidelidade deve passar pela prova mais exigente: a da duração. Por isso a quarta dimensão da fidelidade é a constância. Fácil ser coerente por um ou por alguns dias. Difícil e importante é ser coerente toda a vida. Fácil ser coerente na hora da exaltação, difícil é sê-lo na hora da tribulação. E só pode chamar-se fidelidade uma coerência que dura ao longo de toda a vida. O “fiat” de Maria, na Anunciação, tem a sua plenitude no “fiat” silencioso que Ela repete ao pé da cruz. Ser fiel é não trair nos momentos de trevas aquilo que se aceitou em público.
Que a Virgem fiel, da qual aprendemos a conhecer o Desígnio, a promessa e a aliança de Deus, nos ajude, com a sua intercessão, a subscrever este compromisso e a cumpri-lo até ao fim da nossa vida, até o dia em que a voz do Senhor nos diga: Vem servo bom e fiel; entra na alegria do teu Senhor (Mt. 25, 21-23). Assim seja.
Pe. Leandro dos Santos
Assessor Diocesano do Serviço de Animação Vocacional
Comments0