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Muitas palavras são usadas sem reflexões suficientes sobre seus valores. “Afinação” é uma delas, palavra bonita e importante. Ela pode resolver muitas das questões da vida. É palavra fundamental à música. Sem ela, a música não existe. Pode-se notar o mesmo sentido em palavras como “afinidade” e “afim”. São muito usadas e expressam situações diversas contendo a mesma direção e significado.
Quando se trata de música litúrgica, torna-se necessário o uso de todas as palavras citadas acima. É preciso ser afim de, cair em afinidade, ou seja, sentir algo que possui ligação. Não é possível falar de amor sem ligação. Afinação é ligação.
Pacientes chegam ao meu consultório e logo penso num instrumento musical em busca de ajustes, ou seja, afinação. Não adianta ser um instrumento bonito por fora e desafinado por dentro. Durante as sessões de análise, busca-se o verdadeiro eu e as afinações que o sustentam.
É preciso mergulhar para buscar o eu. É preciso o Batismo para encontrar o eu de Deus.
É lamentável que na música litúrgica as aparências tenham tomado o lugar da afinação e da beleza. As igrejas – riquíssimas em acústica – só precisam de uma boa emissão sonora, isto é, vibrações harmônicas bem-afinadas entre cantores e respectivos instrumentos. É importante lembrar que qualquer instrumento dentro da Igreja está em função da voz, que está em função da Palavra, mas, parece que se busca compensar uma “falta” com a potência da aparelhagem eletrônica. A tal da “falta” é a ausência do belo na alma, que se reflete em desequilíbrio sonoro. É um “viver de aparências”. Um bom trabalho exige afinidade com o que se propõe fazer, disposição ao novo, colocar-se afim de. Não se engane. Não se iluda porque “eu minto, mas minha voz não mente”.
A humildade é perfeita afinação do coração humano ao coração de Deus. É o único instrumento. Se o coração se coloca em busca da humildade trabalhará – fisicamente com todas as forças do seu corpo – na concretização da afinação sonora nos gestos litúrgicos. A cruz afinou de uma vez por todas a humanidade inteira à misericórdia divina.
E jamais confunda incapacidade com humildade. Cantar e tocar sem ter condições passando a imagem de uma pessoa “simples e humildade” só mostra o contrário: o orgulho de achar que se consegue um bom resultado sem muito trabalho. “Se me amais, guardai meus mandamentos.” (Jo 14,15) Se é católico, faça música com humildade. São Bento, afinado ao coração de Deus, foi preciso: “Inclina o ouvido do teu coração e ora et labora”.
A alegria do músico católico é sentir, de fato, a magnitude da humildade presente na Eucaristia! E que maravilha o coração se encontrar afim de, afinado com o coração de Jesus, em afinidade com a humildade; sentirá no coração o mesmo que Gregório de Nissa ao referir-se à Vigília Pascal: “A Palavra que ressoava durante toda a noite em nossos ouvidos por meio dos salmos, hinos e cânticos espirituais era como um rio de alegria que penetrava pelos ouvidos da alma e nos enchia de consoladora esperança”.
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