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Algumas almas se perguntam qual o limite da entrega de si a Nossa Senhora.
A resposta pode ser adquirida pelo mistério da Visitação. Neste momento a Virgem tinha sido encoberta pelo Pai com sua Sombra, isto é, o Espírito Santo, tendo como consequência a encarnação do Verbo e sua habitação entre nós (Jo 1, 14).
É possível notar o mistério Trinitário que acompanha Maria. Foi deste modo que Ela foi visitar Santa Isabel. Deve-se lembrar que até este momento o mistério da Trindade ainda não havia sido revelado, pois só o foi com Jesus, e entendido plenamente pelos discípulos com a descida do Espírito Santo. Mas ao saudar a Filha de Sião à Santa Isabel, essa última fica repleta do Espírito e exclama: “Donde me vem que a Mãe do meu Kyrio (isto é, Senhor) venha me visitar?” (Lc 1, 43). Kyrio é usado para se referir a Deus, mostrando que a terceira Pessoa da Trindade revelou à mãe do precursor esse mistério até então velado.
Mas como se deu essa revelação? “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu-lhe no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo.” (Lc 1, 41). Ora, Isabel poderia ter ficado plena do “Sopro” apenas pelo fato de chegar o Verbo ao recinto, mas Ele esperou a saudação de sua Mãe para que o Espírito enchesse Isabel. Isso significa que, muitas vezes, Jesus se revela através de sua Mãe e A acompanha sempre, como muitas vezes é visto em Seu colo, como na gloriosa Virgem do Carmo ou na dolorosa imagem da Pietat.
Além do mais, aquela que foi visitada só entendeu o mistério quando Maria chegou e o Espírito agiu por meio de Sua saudação. Sendo assim, quando se refere a Maria, deve-se lembrar que permanece sempre unida ao Verbo como esteve durante a gravidez, por isso é impossível separá-La d’Ele. É possível também dizer que Jesus gosta de se revelar a alma como se revelou a Santa Isabel, por meio de sua Mãe. Claro está que Maria é uma criatura humana, nas não como as outras. Pelos méritos de seu Filho, adquiriu algumas características próprias – como a preservação de qualquer mancha e sua gloriosa Assunção.
Desse modo, é a única criatura que não impede a lama e nem a atrasa na união com Deus, mas ao contrário, a adianta, como aconteceu a esposa de Zacarias. Portanto, ao unir-se a alma com a Rainha, terá de “disputar” esse colo com Jesus, até o momento d’Ele largar o abraço da Mãe para abraçar a cruz. Então essa Mãe exortará o mesmo ao outro filho. Isso não quer dizer que Ela o abandonará, mas ficará ao pé da cruz esperando o momento para cuidar atenciosamente do corpo de seu filho, e aquele que de seu colo saiu, tornará a voltar, a exemplo de seu Mestre e Senhor. Para melhor esclarecer o que foi dito, a passagem de João se faz excelente: “Mulher, eis aí teu filho… eis aí tua Mãe. E a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo 19, 27).
Ela foi dada como Mãe espiritual a nós, portanto a casa também se trata da casa espiritual, isto é, a alma. Ao saudar Isabel, Ela entra na casa (Lc 1, 40), ou seja, no coração. Mas essa casa já é habitada por Alguém, o que pode Maria fazer? Como foi dito, levar a união da alma com Deus, pois foi esse o desejo do Criador – servir-se de uma Criatura alvíssima para gerar seu Filho na alma, como uma “segunda visitação” em que a Virgem grávida visita o mais íntimo do ser para ali fazer nascer o Redentor.
Então qual o limite para a entrega a essa Rainha? Digo, não há limite para as obras de Deus quando se trata da salvação da alma. Entendendo que Ela é humana participante da Salvação junto a todos (mas não do mesmo modo que todos, pois Ela foi preservada do pecado, mas participou dos mesmos méritos de Jesus na cruz como toda a humanidade), não há que temer trazer essa Mãe para o íntimo e d’Ela necessitar para unir-se ao Cristo, pois Ela jamais se aparta d’Ele, e também jamais se apartará de cada um de nós.
ARTIGO por Frei Paulo Victor
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