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A Assembleia dos Estudantes ocorre a cada ano e é um momento oportuno para a reflexão acerca da caminhada dos religiosos que trilham o caminho da Formação Inicial na Ordem do Carmo. A importância desta reunião se encontra nas luzes, lançadas pelos assessores e pelos superiores, em determinados temas que são relacionados a vivência da vida religiosa consagrada no período da profissão simples. Os candidatos desta etapa são convidados a aprofundar os valores propostos pela espiritualidade carmelita, se adequando, cada vez mais, com os principais horizontes propostos por esta tradição religiosa tão antiga.
Neste ano, o Coordenador da Assembleia dos Estudantes, Frei Ivanildo Justino, O.Carm., estudante de Teologia, que atualmente reside no Convento de São Paulo, na Bela Vista, abriu os encontros na sexta-feira, dia 23 de julho, dando a palavra inicial ao Prior Provincial, Frei Adailson dos Santos, O.Carm., que, fazendo algumas considerações acerca desta etapa formativa para bem vivenciá-la em meio aos nossos tempos, incentivou o seguimento de Jesus Cristo com entusiasmo, em meio aos desafios e alegrias encontrados no caminho:
“Sabendo das diversas crises que houveram ao longo da história da Ordem Carmelita, não será esta pandemia que nos impedirá de continuar a nossa vivência como carmelitas, em meio a este momento dramático da história que estamos vivenciado através deste período pandêmico. Todos nós somos carmelitas, qual é o futuro da nossa Província, uma vez que estamos realizando uma reflexão através da nossa identidade. Os pilares da nossa Província são as bases da oração, missão e fraternidade. Muitos dos formandos parecem que frente a todos estes momentos, estamos cansados só de olhar para esta história, mas recebemos esta história para ser um formando cheio de energia, para construir impactando a vida de milhares de pessoas. Uma indagação que devo realizar frente a este momento da história, seria a indagação para caso eu esteja estacionado. São perguntas próprias para este período da formação inicial, para que possa se buscar o lugar na Província, sendo protagonistas dentro desta família. Dentro deste processo de construção de identidade e de uma nova geração de carmelitas, uma nova geração de discípulos do Senhor, é esta geração chamada a continuar a missão de discípulos missionários. Uma vida pautada na oração, na missão e na fraternidade com equilíbrio, não é possível realizar um enfoque apenas em um destes aspectos”, partilhou.
O tema principal escolhido para abordagem durante estes encontros foi “O Papel dos Formandos na construção da identidade da Província Carmelitana de Santo Elias em seus 300 anos de história”. Através dele, o assessor convidado, Frei Paulo Gollarte, O.Carm., traçou um panorama para a visão desta dimensão formativa ao longo da história de nossa Província, levando em conta três pontos orientadores: A formação antes do Concílio Vaticano II, após o Vaticano II e a Formação na atualidade.
“Antes do Concílio, a importância da estrutura era imprescindível, pois automaticamente os formandos se encaixavam na estrutura e acontecia a formação. Havia uma uniformidade na formação, no estilo de vida, nos horários, no hábito religioso. Neste período não havia formação pastoral, o programa era estritamente teórico, pois o mundo de pastoral era bastante limitado. O formador era praticamente um encarregado da disciplina, palestrando uma vez por mês sobre um tema da espiritualidade carmelitana, assim como o zelo pelo silêncio e o estudo. […] A formação após o Concílio Vaticano II. A mudança de ares, uma vida nova se desvencilhando do regime antigo. O Brasil não se preparou para o Concílio. O documento sobre formação De Perfectae Caritatis, sobre a formação da Vida Religiosa. A formação que era muito fechada dentro de cada Instituto e de cada Seminário Secular passou a ser pluralista, a estrutura antiga caiu, passou-se a uma formação personalista. A estrutura não formava sozinha, mas a própria pessoa através de sua orientação pessoal. O instituto central para filosofia e teologia era um lugar comum, onde se encontravam os religiosos, a convivência com os religiosos fez mudar muita coisa. […] A formação na Atualidade. Se refere ao novo tipo de religioso de nossa contemporaneidade. Padre Libânio escreveu um livro chamado A Volta a Antiga Disciplina, a busca por elementos que os religiosos antigos deixaram para trás. Apesar desta mudança ser considerada por Libânio, não acredito ser o saudosismo o fator desta mudança encontrada na atualidade, pois o saudosismo não pode ser sentido por aqueles que nunca viveram tal passado. A busca pelo patrimônio do passado, possui um significado distinto entre os frades contemporâneos e àqueles antigos, que deve ser um elemento inteiramente novo”, explicou.
O Conselheiro para a Formação na Província Carmelitana de Santo Elias, Frei Fernando Bezerra, conduziu um momento na Assembleia dos Estudantes durante a tarde de sábado, dia 24 de julho, onde discorreu sobre alguns aspectos da Formação Inicial, falando sobre a importância deste momento na história da Ordem, em meio a estes tempos de pandemia. A identidade do religioso Carmelita foi a chave de sua palestra:
“A Identidade da Ordem no Marco da Igreja atual: o que esperam de nós carmelitas? Os aspectos derivam da resposta a esta pergunta proposta. A meta é o alcance daquilo que fostes chamado a ser, com entusiasmo na própria vocação. Relembrando os responsáveis por este processo vocacional, em suas diversas etapas: o formando, o formador, a comunidade, a comissão para a formação, o Provincial e o Conselho e outros agentes. ‘É chocante e nada alentador encontrar religiosos continuamente de cabeça baixa e zangados’. Precisamos aprender a lidar com as diversas situações dentro do processo de formação. Nem sempre será como queremos. E nem sempre o que queremos pode ser o melhor, inclusive para nós mesmos. Lembrando o Papa Francisco: ‘Queria dizer-vos uma palavra, e a palavra é alegria. Onde quer que haja consagrados, ai está a alegria!’. A necessidade de gostar de falar das coisas de Deus, o diálogo espiritual. É essencial ajudar as pessoas a tratar da amizade com Deus, mas para isso tem que haver pessoas acostumadas ao movimento da interioridade e ao discernimento espiritual. As pessoas precisam de palavras distintas daquelas que o mundo propõe”, partilhou.
Um dos pilares do carisma carmelita é a missão profética, levando este desenvolvimento em consideração, para a sua propícia maturação e assimilação por parte dos estudantes, foi desenvolvido pela Ir. Luciana Aparecida, SAM., na tarde de Domingo, dia 25 de Julho, a temática da “Missiologia na Vida Religiosa Consagrada”. Onde através de suas experiências e com o auxílio de documentos eclesiais deste tema, foram elucidadas alguma considerações:
A missão é um compromisso, oriundo de um mandato: ide e fazei discípulos. O chamado para a missão é desafiador, observamos a partir do Evangelium Gaudim. A Ad Gentes a procura incansável pelo anúncio do Reino, reunindo as forças de todos os fiéis para anunciar as riquezas de Cristo. A nova etapa da evangelização, através da alegria do Evangelho, a ação missionária está ligada as suas aspirações, a Igreja vai ao encontro daqueles que esperam, as mensagens do Papa nos ajuda a tornar essa força missionária sempre atual. Em essência, ser missionário é transmitir a alegria da Boa-Nova, por isso, a alegria não é somente mostrar os dentes, mas ser marcado e configurado pela alegria de Cristo Ressuscitado. A força de Cristo tem de nos tornar pessoas convictas, que vivam verdadeiramente aquilo que elas escolheram.
Ao término das palestras, houve um tempo para a apresentação de propostas pelos estudantes junioristas. Neste momento é oferecido a oportunidade de sugestão para o Prior Provincial e seu Conselho de algumas pautas para a aplicação na etapa formativa. Em seguida, houve a partilha das experiências deste último ano acadêmico entre os estudantes, assim como as dimensões pastorais e religiosas abarcadas em suas vidas consagradas a Deus. O último ato da Assembleia se refere a eleição dos próximos responsáveis pela coordenação e organização da XVIII Assembleia, que se realizará no ano de 2022. O frade juniorista eleito para tal intento foi o Frei João da Cruz, O.Carm., estudante de filosofia no Convento Santa Teresa Benedita da Cruz, em Belo Horizonte.
Informações: Frei Antonio Herberg, O.Carm.
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