ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
“Para os avós, os netos são a sua coroa de glória, tal como a coroa dos filhos são os pais.” (Pr 17,6)
“Um coração tão capaz de amar sem pedir troco. E a verdade é uma só, todo avô e toda avó é pai e mãe, só que em dobro.”
(Bráulio Bessa)
No mês de julho, celebramos o Dia dos Avós. Eles são, na maioria das vezes, uma das nossas grandes referências sobre amor, doçura e cuidado. Reúnem em si a sabedoria dos anos vividos e a leveza de quem conheceu muito da vida e se encaminha para o reencontro com o Criador.
Reconheceram a sua finitude e a importância de viver cada dia com a reverência que ele pede. Aprenderam a ser pais e, com esse aprendizado, podem ser bons avós. Por isso ouvimos tanto a enciumada reclamação dos filhos: “Nossa! Quando era comigo era tão rígido, mas agora com os netos é um bobo!”. Esse é um reconhecimento de que os pais se tornaram avós.
Às vezes suas mãos trêmulas e corpo já sem muita destreza e viço de juventude guardam almas e corações maiores do que o mundo. Não cabem naquele corpo, transbordam em singelezas cotidianas. A voz doce, a palavra acertada e o afago sempre certo!
A casa dos avós é lugar de encontro para toda a família. O álbum de fotografias com as memórias de tempos que não vivemos conseguem nos ligar à raiz da nossa história, na cozinha a feitura de manjares com pitadas de segredos anunciados com “essa receita eu aprendi com minha mãe, tem um segredo que não conto a ninguém”. Na casa dos avós tudo é festa, tudo é segredo, tudo é partilha, tudo é carregado de sacramentalidade.
Na casa dos avós sempre há um doce guardado, um biscoito a ser servido é um café a ser passado. É lugar certo para os encontros de domingo ou de férias onde a “primaiada” se encontra. Nessa casa há sempre a disputa entre os netos para saber quem é o preferido dos avós. Sabemos que existe um! Sabemos que eles compram a marca de biscoitos do neto preferido só para agradá-lo. Sempre há um neto que recebe um pouco mais daquele dinheiro entregue às escondidas como se tentassem esconder um ato ilícito. Um segredo que todos conhecem, mas ninguém ousa revelar – aquele aperto de mão na hora da saída, quase sempre acompanhado de um sorriso e um piscar de olhos evidencia uma cumplicidade entre netos e avós.
Só quem viveu essas experiências sabe o valor que elas possuem. São sacramentais de amor, humanizam-nos.
Dia desses, li um texto intitulado “Quando a casa dos avós se fecha”. O texto trazia a narrativa de como tudo isso se torna lugar de saudade quando os avós voltam a morar no coração de Deus. Acabam-se os encontros de família, os objetos são partilhados, recorda-se que ninguém nunca conseguiu aprender o segredo daquela receita de sobremesa e, portanto, nunca mais sentiremos aquele mesmo sabor. Descobre-se, inclusive, que na partilha de heranças aquela casa que guarda a nossa história pode ir parar nas mãos de outras pessoas e que nunca mais teremos acesso ao seu interior.
Com a partida dos avós, abre-se em nossa vida um lugar de saudades que jamais será preenchido. Todos nós sabemos bem sobre as verdades contidas neste texto. Aqueles que ainda possuem seus avós reconhecem a maravilha de ter um lugar para encontrar e se reencontrar, para receber sempre o carinho daqueles que são expressão máxima da vida e do amor. Os que já não os possuem sabem quanto as memórias dessas pessoas e das experiências com elas partilhadas são preciosas.
Aproveitemos este mês de julho e rezemos à senhora Santana e a São Joaquim por nossos avós. Agradeçamos a Deus pela graça de sermos presenteados com pessoas que nos revelam o seu amor.
Dedico este texto às avós Arlete de Matos Andrade e Maria de Santana Andrade. Suas casas já foram fechadas, mas a felicidade vivida nelas se perpetua com sacramento de eternidade.
Dedico-o também a todos os avós e netos que continuam com suas casas abertas, celebrando a vida nos mais diversos encontros e manifestações de amor, carinho e cuidado, dentre eles minhas avós do coração, Maria e Neida Curi.
Comments0