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A Campanha da Fraternidade 2022 foi homenageada em sessão solene na Câmara dos Deputados, na manhã desta quarta-feira, 6 de abril. O evento contou com a participação do bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado.
Em seu pronunciamento, dom Joel afirmou que a Igreja constata que o processo educacional no Brasil é “inacabado e devedor”. Tema de uma Campanha da Fraternidade pela terceira vez, a educação no país precisa trilhar um caminho que “implica uma grande dívida com um grande número de brasileiros e brasileiras que, por diversas razões, acabam ficando sem acesso à educação formal”.
“Diante de muito do que nós conhecemos, não podemos negar que pesa sobre todos nós uma hipoteca educacional cujo pagamento é urgente. Se um país quer, efetivamente dar os passos que precisa dar em termos de progresso, justiça social e bem comum, esse país deve colocar a educação como um dos primeiros itens de sua lista de suas prioridades”, disse dom Joel.
O secretário-geral da CNBB salientou que não é possível brincar com a responsabilidade educacional, “pois nós vamos dar contas disso às gerações futuras e a Deus que está acima de nós”.
Dom Joel explicou sobre o princípio do humanismo integral e solidário defendido pela Igreja como base para o processo educacional, citando suas implicações, como a defesa da vida em todas as suas instâncias; a preocupação com as diversas dimensões que compõem o ser humano; a importância de toda a sociedade no processo educacional, a começar pela família; a sensibilidade com as inúmeras formas de sofrimento, pobreza e exclusão; e a importância de “se educar para a efetiva democracia”.
Para dom Joel, o Poder Legislativo tem papel importante “como promotor e garantidor de todo esse processo”. E isso reforça uma das propostas da CF deste ano que diz respeito às políticas públicas de Estado, “que efetivamente permitam que enfrente a questão educacional com coragem, firmeza e sentido de bem comum”.
“Em tudo isso, o Poder Legislativo mostra toda sua responsabilidade, toda a sua importância educacional. Por isso, senhores deputados, eu quero parafrasear o lema da CF e desejar que nesta casa sempre haja um legislar com sabedoria e um servir ao bem comum com amor”, exortou.
Dom Joel agradeceu aos deputados que propuseram a sessão em homenagem à CF: Jesus Sérgio, Vicentinho e Diego Garcia. Ele encerrou “falando do coração a cada professor do país, sonhadores, idealistas, realizadores de verdadeiros milagres” com uma prece: “Que o bom Deus abençoe cada um e cada uma, dando-nos a graça de trabalharmos sempre mais pela educação”.
Em seu discurso, dom Joel também destacou que dos 70 anos de atuação, a CNBB se dedica há 58 deles à realização da CF. Lembrou aos parlamentares que a iniciativa não tem como objetivo “olhar para as preocupações mais especificas da Igreja Católica, nem defender pautas corporativas”, mas, principalmente a partir da década de 1970, “a CF tem buscado ser um serviço ao país, a todo o povo brasileiro”, um “serviço a partir da fé, a fé colocada em serviço”, o que justifica a ligação com temáticas não especificamente religiosas.
“A partir da compreensão de cada um dos temas, a Igreja Católica quer dar sua contribuição para que a sociedade brasileira avance como um todo para o bem comum”.
No início da sessão, o presidente da sessão, deputado Vicentinho, de São Paulo, leu uma carta do presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira, que não pôde estar presente. No texto, o parlamentar reconheceu o compromisso dos legisladores na elaboração de políticas públicas que favoreçam uma educação pública de qualidade e o desafio que dele decorre. Para Lira, a CF muito contribuirá para enriquecer a reflexão sobre educação no Brasil.
O deputado Vicentinho, ressaltou em sua fala que “não garantir o direito humano a uma educação pública de qualidade piora a condição de vulnerabilidade”. O deputado Jesus Sérgio, do Acre, destacou a proposta da CF como momento de reflexão no período quaresmal para “pensar em novos caminhos para a humanidade”. O tema, segundo o parlamentar, reforça a oportunidade para a sociedade dizer qual educação deseja.
A sessão também contou com uma partilha da prefeita de Tarauacá (AC), Maria Lucineia, sobre a situação das escolas no município que atua no Acre, com escolas que precisavam de reformas e estruturas mínimas, como banheiros e pias para a preparação das merendas. “É preciso ter sabedoria e amor para atuar na educação”, segundo Lucineia.
A prefeita também destacou que “a educação precisa ser o primeiro motivo para aqueles que atuam em qualquer cargo de gestão pública”.
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