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Dando continuidade à série de meditações sobre a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, apresentamos neste artigo uma breve reflexão acerca do seu quarto capítulo, que aborda a dimensão social da evangelização. Permitamo-nos ser conduzidos pelo Papa Francisco na compreensão de que ‘evangelizar é tornar o Reino de Deus presente no mundo’ (Evangelii Gaudium, 176).
Nosso Papa, baseando-se em S. Paulo VI, parte do pressuposto de que a missão evangelizadora deve ser abordada de forma integral. Isso implica considerar o conteúdo social presente no querigma, que indica haver uma conexão entre o Evangelho, a vida comunitária e o compromisso com os outros. As Sagradas Escrituras demonstram que existe um ‘laço indissolúvel entre a recepção do anúncio salvífico e um efetivo amor fraterno’ (Evangelii Gaudium, 179). Portanto, evangelizar integralmente significa não apenas discorrer sobre Deus, mas vivenciar o Seu amor nas relações estabelecidas ao longo da vida.
Anunciar e vivenciar o Evangelho não se limitam a uma relação intimista com Deus. Envolve reconhecer essa relação com o Deus pessoal como fundamento das demais relações, de modo que, quando Deus passa a reinar em nós e entre nós, as consequências de fraternidade, justiça e paz se manifestem concretamente. Aqui, estamos no âmbito do Reino de Deus: é o reinado de Deus que nos convoca e nos compromete socialmente.
Dessa forma, a missão dos nossos pastores, do magistério eclesial e da atividade teológica, encontra na cruz seu símbolo mais profundo. A haste vertical indica que a evangelização surge da experiência com Deus e nos direciona a ela; a haste horizontal representa a incorporação desta experiência fundamental nas relações humanas e nas realidades do nosso mundo. Assim, compreende-se que a Igreja tem ‘o direito de expressar opiniões sobre tudo o que concerne à vida das pessoas, dado que a tarefa da evangelização implica e exige uma promoção integral de cada ser humano’ (Evangelii Gaudium, 182).
A religião não é um assunto estritamente privado e não pode se limitar aos templos. Ela possui uma dimensão social e, por isso, seu discurso é relevante para o debate público. Essa relevância é destacada pelo compromisso do cristianismo com os pobres e abandonados. O fato de Cristo ter se aproximado dos pobres e excluídos mostra que o cristianismo é, desde sua origem, uma religião comprometida com a inclusão social dos menos favorecidos.
Por fim, esperamos que este quarto capítulo da Evangelii Gaudium tenha esclarecido, caro leitor cristão, que o seu compromisso com Deus e com os irmãos na sociedade é de extrema importância para a promoção humana e para a melhoria do mundo em que vivemos.
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