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“Eu sou o caminho, a verdade, a vida” (João 14,6)
Cristo vive em nós, em nossos corações, em nossas almas, em nossos espíritos. Viver essa presença nos torna semelhantes a Ele. Nossas palavras e nossas obras revelarão Cristo.
Se vivermos com Ele, com Ele vamos nos parecendo. É preciso que Cristo se forme em nós para sermos verdadeiros discípulos dele, verdadeiros cristãos. A vida de Jesus deve se manifestar em nós, seus discípulos, porque todos os que foram batizados nele devem dele se revestir.
Jesus se mostra em tudo semelhante a nós, menos no pecado. Todos nós somos iguais a todos, mas devemos nos distinguir pela vida de seguidores de Jesus.
Todos temos características pessoais que expressam as nossas personalidades. E é assim que vamos construindo nossa caminhada de fé, com a personalidade que temos. Vamos nos aperfeiçoando na compreensão e na vivência desse caminho de Jesus. Se Deus está em nossas vidas, em nossos corações, tudo o que pensamos, falamos, fazemos, expressa a ação do Espírito. Quando agimos apenas com nossos impulsos e inclinações nossa motivação é apenas humana, falta a novidade do Evangelho. Se as contrariedades da vida nos arrasam, os fracassos nos confundem, os desenganos nos irritam, os elogios nos estimulam, o aplauso nos engrandece, ainda não somos suficientemente cristãos.
Ainda que vivamos na carne, não militamos segundo a carne (cf. 2Cor 10,3-5). Não queremos outro mestre senão Jesus. Não temos outra regra de vida a não ser o Evangelho. Não colocamos o coração nas riquezas, nas glórias, no poder. Nossa força e nosso poder é Deus, em quem está nossa confiança. Só Deus é onipotente. O mundo está submetido a Ele, que é o Criador e do qual procedem todo o bem, toda a grandeza, toda a beleza.
Como cristãos nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus (cf. 2Cor 10,5). Por mais que nos surpreendam, sejam belas e profundas, por mais atraentes que pareçam, as ideologias e tantas formas de conhecimento são ainda carentes da sabedoria de Deus e podem nos desviar do essencial. Tudo o que não estiver edificado sobre Cristo não terá sustento para se manter para sempre.
Um discípulo de Cristo se deixa conduzir pelo Espírito (cf. Gl 3,3). Deixar a paz, a alegria, o amor por outros interesses é tornar-se escravo do egoísmo nas suas múltiplas expressões.
“Descobrir Cristo é a mais bela aventura da vida”, assim afirmava o Papa São João Paulo II na Jornada Mundial da Juventude em Santiago de Compostela. Essa mensagem atualíssima é um convite a todos nós, a descobrirmos e testemunharmos Cristo. Veja, contemple, medite e viva. Por meio de uma jornada para jovens essa mensagem é para todos nós.
Já descobristes Cristo, que é o Caminho?
Sim, Jesus é para vós um caminho que conduz ao Pai – o caminho único. Quem quer alcançar a salvação deve encaminhar-se por esse caminho. Vós, jovens, com muita frequência vos encontrais na encruzilhada, sem saber que caminho escolher, para onde ir; há muitos caminhos errados, muitas propostas fáceis, muitas ambiguidades. Nesses momentos não esqueçais que Cristo, com o seu Evangelho, com o seu exemplo, com os seus mandamentos, é sempre e exclusivamente o caminho mais seguro, o caminho que leva a uma felicidade plena e duradoura.
Já descobristes Cristo, que é a Verdade?
A verdade é a exigência mais profunda do espírito humano. Sobretudo os jovens são sequiosos da verdade acerca de Deus e do homem, da vida e do mundo. Na minha primeira encíclica, Redemptoris hominis, escrevi: ‘O homem que quiser compreender-se a si mesmo profundamente… deve, com a sua inquietude, incerteza e também fraqueza e pecaminosidade, com sua vida e com a sua morte, aproximar-se de Cristo’. Cristo é a Palavra de Verdade, pronunciada por Deus mesmo, como resposta a tantos interrogativos do coração humano. É aquele que nos desvela plenamente o mistério do homem e do mundo.
Já descobristes Cristo, que é a Vida?
Cada um de vós deseja ardentemente viver a vida na sua plenitude. Viveis animados por grandes esperanças, por tantos bons projetos para o futuro. Não esqueçais, porém, que a verdadeira plenitude da vida só se encontra em Cristo, morto e ressuscitado por nós. Só Cristo é capaz de preencher o espaço do coração humano. Ele dá a força e a alegria de viver, e isto apesar de todos os limites e obstáculos exteriores.
Sim, descobrir Cristo é a mais linda aventura das vossas vidas.
Porém, não basta descobrir Cristo. É preciso testemunhá-lo.
Não basta descobrir Cristo só uma vez. Cada descoberta que se faz dele torna-se um convite a procurá-lo cada vez mais, a conhecê-lo mediante a oração, a participação nos sacramentos, a meditação de sua palavra, a catequese, a escuta dos ensinamentos da Igreja. É essa a nossa tarefa mais importante, como tinha compreendido muito bem São Paulo, quando escrevia: ‘Para mim, o viver é Cristo’ (cf. Fl 1,21).
Da nova descoberta de Cristo – quando é autêntica – nasce sempre, como consequência direta, o desejo de levar aos outros, ou seja, o empenho apostólico. Toda a Igreja é destinatária do mandato de Cristo: ‘Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura’ (Mc 16,15). Toda a Igreja, por conseguinte, é missionária e evangelizadora, vivendo em contínuo estado de missão. Ser cristão significa ser missionário, apóstolo. Não basta descobrir Cristo, é preciso levá-lo aos outros!
O mundo de hoje é uma grande terra de missão, até nos países de antiga tradição cristã. Em toda parte, hoje, o neopaganismo e o processo de secularização constituem um grande desafio à mensagem evangélica. Mas, ao mesmo tempo, apresentam-se também nos nossos dias novas ocasiões para o anúncio do Evangelho; nota-se, por exemplo, uma crescente nostalgia do sagrado, dos valores autênticos, da oração.
Portanto, o mundo de hoje precisa de muitos apóstolos – sobretudo de apóstolos jovens e corajosos. A vós, jovens, compete de modo particular a tarefa de testemunhar a fé hoje e o empenho de levar o Evangelho de Cristo – Caminho, Verdade e Vida.
Ao terceiro milênio cristão, compete a tarefa de construir uma nova civilização que seja civilização de amor, de justiça e de paz. Para cada geração são necessários novos apóstolos. E aqui surge uma especial missão para vós. Sois vós, jovens, os primeiros apóstolos e evangelizadores do mundo juvenil, atormentado hoje por tantos desafios e ameaças. Principalmente vós podeis sê-lo, e ninguém vos pode substituir no ambiente de estudo, de trabalho e de recreação. São muitos, dos vossos conterrâneos, que não conhecem Cristo ou que não o conhecem suficientemente. Portanto, não podeis ficar calados e indiferentes! Deveis ter a coragem de falar de Cristo, de testemunhar a vossa fé mediante o vosso estilo de vida inspirado no Evangelho.”
Artigo de autoria do Padre José Alem, cmf.
Texto extraído da seção “Espiritualidade” da Revista Ave Maria – Edição Abril/2017.
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