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[vc_row][vc_column][vc_text_separator title=”MARÇO” i_type=”openiconic” i_icon_openiconic=”vc-oi vc-oi-calendar-inv” i_color=”black” add_icon=”true”][vc_tta_tour controls_size=”sm” active_section=”1″][vc_tta_section title=”São Casimiro – Modelo para a juventude” tab_id=”1523555004877-b9815441-4753″][vc_column_text]Mesmo sendo patrono da juventude da Lituânia, o santo de hoje é modelo para todas as idades. Seu nome significa ‘comandar’. De fato, com a graça de Deus e muito esforço, foi comandando ao longo de sua vida, todo o pensar, todo falar, todo o querer para Deus.
Filho do rei da Polônia e de família católica, Casemiro nasceu no ano de 1454. Com a ajuda da oração, da penitência, da direção espiritual e até do Papa do seu tempo, ele pôde discernir que seu chamado não era suceder ao seu pai. Renunciou ao trono, mas não deixou de ser solidário à realidade paterna, às necessidades do reino, sendo braço direito no governo de seu pai.
Teve toda uma vida de ascese e sacrifício, sendo modelo para a juventude.
Faleceu com apenas 26 anos.
São Casimiro, rogai por nós!
Via Canção Nova[/vc_column_text][/vc_tta_section][vc_tta_section title=”O Martírio de Santa Perpétua e Santa Felicidade” tab_id=”1523555004834-c90632e8-6bd3″][vc_column_text]
Víbia Perpétua era filha de um rico nobre de Cartago; era casada e tinha um filho pequeno e esperava outro. Por ser cristã foi presa com outros catecúmenos como Saturnino, Saturo e Secundo, e dois escravos Revocato e Felicidade. O procurador Hilariano foi encarregado de executá-los.
O pai de Perpétua lhe suplicou na prisão que apostatasse, sem nada conseguir. Perpétua não se deixava abater; na masmorra horrível encorajava os demais, e ali ela teve visões místicas durante todo um inverno. Na prisão, Perpétua escreveu um diário até o dia do martírio (Paixão de Perpétua e Felicidade). Tertuliano completou a narração do martírio.
No interrogatório, na presença de seu pai, o procurador Hilariano lhe diz:
“Tem pena dos cabelos brancos de teu pai, e da juventude do teu filho. Sacrifica aos deuses!”.
Ela responde: “Não sacrifico”.
– És cristã?
– Sou cristã. Não precisa mais nada, estava condenada ao anfiteatro, às feras.
Felicidade era escrava; estava grávida de oito meses e deu à luz a uma menina, no cárcere, dois dias antes de morrer. Nos seus gemidos durante o parto, um soldado, zombando lhe disse: “Se te queixas agora, o que será quando estiveres diante das feras”; ao que ela respondeu: “Agora sou eu que sofro, mas lá fora, um Outro estará em mim, e Ele sofrerá em mim eu sofrerei por Ele”.
Na hora de ser lançada às feras não aceitou que lhe colocassem as vestes pagãs: “Damos livremente a nossa vida para não aceitar essas coisas. Há um contrato entre nós, e vós não tendes o direito de nos impor essas vestes”.
Revocato e Saturnino foram presas de um urso e um leopardo, e contra Saturo lançaram um javali. Contra Perpétua e Felicidade, lançaram uma vaca brava que as lançou aos ares. Depois foram mortas à espada. Perpétua tinha 22 anos.
Houve um fato especial: quando Perpétua esperava a morte na prisão, o suboficial da guarda, Pudente, tocado por seu heroísmo, aceitou receber no meio da arena, o anel que Saturo acabara de banhar no seu próprio sangue.
O heroísmo é contagioso, por isso muitos se convertiam diante do testemunho dos mártires. E os perseguidores já carregavam na alma o sentimento de culpa e de fraqueza. Por isso Tertuliano escreveu ao imperador Marco Aurélio, em 180: “Sanguis martirum, semem christianorum” (O sangue dos mártires é semente de novos cristãos). Por isso, depois de 260 anos de sangue derramado, “a espada romana curvou-se diante da cruz de Cristo”. A soberba águia romana fechou as suas asas (Daniel Rops).
Por Prof. Felipe Aquino[/vc_column_text][/vc_tta_section][vc_tta_section title=”São José, Esposo da Virgem Maria” tab_id=”1523555245796-eaafad33-5cc3″][vc_column_text]Os cristãos celebram com grande alegria a solenidade de S. José, Patrono da Igreja Universal. Assim como lhe foi confiada a guarda da Sagrada Família, assim também, por especial desígnio de Deus, está sob o seu paterno e diligente patrocínio o cuidado de toda a família cristã. Ele é, depois de Maria SS., o maior de todos os santos. Com efeito, Jesus, por ser Deus encarnado, é de uma santidade infinita, inalcançável por qualquer criatura; a Virgem Imaculada, por seu papel especialíssimo na Encarnação, foi ornada de uma pureza e justiça tão elevadas que, como disse o Papa Leão XIII, nada maior se pode imaginar; e S. José, por inefável providência, teve a graça de ser, entre todos os santos, o mais próximo de Jesus, a quem encheu de beijos e sobre o qual derramou todo o afeto de que era capaz o seu virginal coração de pai. Ora, como é o grau de união e proximidade a Cristo o que mede e determina o nosso grau de santidade, não há como pôr em dúvida que S. José é, sim, o primeiro e o maior de todos os santos. Como não atribuir esse posto de honra em nossa devoção privada àquele que conviveu com o Verbo humanado, não com a indiferença e descrença daqueles outros familiares, mas com a fé viva de quem sabia, ainda sem ver, do sublime mistério posto em seus braços? É verdade, sim, que a devoção a este glorioso Patriarca só lançou raízes firmes no coração dos fiéis há relativamente pouco tempo. Mas não será isso um reflexo do silencioso desvelo com que, no trabalho e em casa, ele assistia discretamente os dois maiores tesouros do mundo, Jesus e Maria? É hora, pois, de proclamar sobre os telhados a grandeza de José, a quem Deus “tirou” do seu humilde silêncio para socorrer, proteger e amparar a herança que Cristo conquistou com o seu sangue. — Ó glorioso S. José, zeloso defensor de Jesus Cristo, amparai todos os filhos da Santa Igreja de Deus!
Via Padre Paulo Ricardo[/vc_column_text][/vc_tta_section][vc_tta_section title=”Anunciação do Senhor” tab_id=”1523555327707-35243c16-547a”][vc_column_text] Pelo anjo São Gabriel foi anunciada a Encarnação do Verbo à Virgem Maria. Esse importante momento da História da Redenção é apresentado pelas belas e profundas palavras da piedade medieval, eternizadas na Legenda Áurea (ou Legenda Dourada).
Essa importante obra, composta na Idade Média pelo bem-aventurado Tiago de Varazze (arcebispo de Gênova, oriundo da ordem dominicana, 1226-1298), expressa muito bem a inteligência privilegiada e os dotes literários e devocionais do autor; foi ela responsável pela alimentação espiritual de numerosas almas no decorrer de vários séculos.
A Anunciação
A Anunciação do Senhor é assim chamada porque no dia agora comemorado um anjo anunciou a vinda do Filho de Deus na carne. Por três razões convinha que a encarnação do Filho de Deus fosse precedida por um anúncio, que foi feito pelo anjo.
1) Para que a ordem da reparação correspondesse à ordem da prevaricação. Assim como o diabo tentou a mulher para levá-la à dúvida, da dúvida ao consentimento, e do consentimento à queda, o anjo anunciou à Virgem para estimular sua fé e levá-la da fé ao consentimento e do consentimento à concepção do Filho de Deus.
2) Por causa do ministério do anjo, porque sendo o anjo ministro e escravo do Altíssimo, e tendo a bem-aventurada Virgem sido escolhida para mãe de Deus, era sumamente conveniente que o ministro servisse à senhora e era justo que a Anunciação fosse feita à bem-aventurada Virgem pelo ministério de um anjo.
3) Para reparar a queda do anjo. Se a Encarnação não teve como único objetivo reparar a queda do homem, mas também reparar a ruína do anjo, os anjos não deveriam ser dela excluídos. Como a mulher não está excluída do conhecimento do mistério da Encarnação e da Ressurreição, o mesmo deveria ser do conhecimento do mensageiro angélico. Por isso Deus anunciou ambos os mistérios à mulher por intermédio de um anjo: a Encarnação à Virgem Maria, e a Ressurreição a Maria Madalena.
A bem-aventurada Virgem ficou dos três aos quatorze anos de idade no Templo, junto com outras virgens, e fez voto de castidade até que Deus dispusesse de outro modo. Conforme está detalhadamente relatado na história da natividade da bem-aventurada Maria, José tomou-a como esposa após ter recebido uma revelação divina e após seu ramo ter florescido. A fim de tomar providências para seu casamento, José foi a Belém, onde nascera, enquanto Maria retornava para a casa de seus pais, em Nazaré, nome que significa “flor”. Comenta São Bernardo: “a flor quis nascer de uma flor, em uma flor, e na estação das flores”.
Foi lá, portanto, que o anjo apareceu a ela e a saudou dizendo: “Salve, cheia de graça, o Senhor está contigo, bendita entre as mulheres”. São Bernardo explica: “o exemplo de São Gabriel e o movimento de São João [Batista] convidam-nos a saudar Maria, para nosso benefício”.
A anunciação do anjo São Gabriel
Mas convém agora buscar os motivos pelos quais o Senhor desejou que sua mãe se casasse. São Bernardo dá três razões: “foi preciso que Maria se casasse com José porque assim o mistério ficava oculto aos demônios, porque o esposo comprovava a virgindade dela,e porque o pudor e a reputação da Virgem ficavam resguardados”. A isso podemos acrescentar outras razões:
1. Para fazer com que fosse apagada a desonra nas mulheres de qualquer condição, solteiras, casadas e viúvas, tríplice condição pela qual a própria Virgem passou.
2. Para que pudesse receber serviços de seu esposo.
3. Para ser uma prova da importância do casamento.
4. Para estabelecer para o filho a genealogia do marido.
Por isso o anjo disse: “Salve, cheia de graça”. São Bernardo, explicando tais palavras, diz que “a graça da divindade está em seu seio, a graça da caridade em seu coração, a graça da afabilidade em sua boca, a graça da misericórdia e da generosidade em suas mãos”. E acrescenta que “Ela é verdadeiramente cheia de graça, pois de sua plenitude todos os cativos recebem redenção; os doentes, cura; os tristes, consolação; os pecadores, perdão; os justos, graça; os anjos, alegria; enfim, toda a Trindade, glória; o Filho do homem, a natureza humana”. “O Senhor está contigo” – explica São Bernardo – significa que “contigo está o Senhor enquanto Pai, que gerou Aquele que concebeste, enquanto Espírito Santo, do qual concebeu, enquanto Filho, que se revestiu de tua carne”. Bendita entre as mulheres significa que: “acima de todas as mulheres, porque sereis mãe e virgem, e mãe de Deus”.
As mulheres estavam sujeitas a uma tríplice maldição: a da desonra, a da maldição, e a do suplício. A da desonra atingia as que não concebiam, e assim Raquel dizia: “O Senhor me tirou do opróbrio em que estive”; a do pecado recaía nas que concebiam, daí o salmo dizer que “fui concebido em iniquidade”; a do suplício afligia as parturientes, conforme está no Gênesis: “terás filhos com dor”. Somente a Virgem Maria é bendita entre todas as mulheres, pois sua virgindade está unida à fecundidade, sua fecundidade à santidade na concepção e sua santidade à alegria no parto. Ela é cheia de graça, pelo que diz São Bernardo, por quatro razões que fulguravam em seu espírito a devoção da humildade, o respeito ao pudor, a grandeza da fé e o martírio do seu coração.
O anjo acrescentou: “o Senhor está contigo” por quatro razões, que do Céu resplandeceram em sua pessoa, ainda conforme São Bernardo: a santificação de Maria, a saudação angélica, a vinda do Espírito Santo, a Encarnação do Filho de Deus. Disse também: “Bendita entre as mulheres” por quatro outros privilégios que, segundo São Bernardo, resplandeceram em sua carne: rainha das virgens (virgindade absoluta), fecundidade sem corrupção, gravidez sem incômodos, e parto sem dor.
“Ao ouvir tais palavras do anjo, ficou perturbada e refletiu sobre o significado daquela saudação”. Ao ouvir o elogio, a Virgem ponderou sobre ele; afetada na sua modéstia, ficou calada; tocada no seu pudor, pensou com prudência o que significava aquela saudação. Ela ficou perturbada pelas palavras do anjo, não pela sua aparição, porque a bem-aventurada Virgem vira anjos com frequência, porém nunca os tinha ouvido falar daquele jeito. Pedro de Ravena comentou: “a anjo era de aparência doce mas de palavras impressionantes, daí ela o ter visto com júbilo e ouvido com apreensão”. Segundo São Bernardo, “a perturbação que ela sentiu foi resultado de seu pudor virginal, e se ela não ficou mais perturbada isso deveu-se à força de alma, que a levou a calar e refletir, dando prova de prudência e discrição”.
E então o anjo tranquilizou-a, dizendo: “não temas, Maria, tu encontraste a graça junto ao Senhor”. São Bernardo comenta: “encontrou graça de Deus, a paz dos homens, a destruição da morte, a reparação da vida”. “Eis que tu conceberás e darás à luz um menino a quem chamarás Jesus isto é, Salvador, pois Ele salvará o povo de seus pecados. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo”. Diz São Bernardo que “isso significa que aquele que é grande como Deus será também grande homem grande doutor, grande profeta”. Então Maria perguntou ao anjo: “Como será isso possível, se não conheço homem?”, isto é, se não me proponho a conhecer? Ela foi virgem de espírito, de carne e de intenção.
No entanto Maria interroga; ora, quem interroga tem dúvida. Por que então ela não foi, como Zacarias, castigada pela mudez? A esse respeito Pedro de Ravena dá quatro razões:
Quem conhece os pecadores considera não apenas as palavras, mas o fundo de seus corações, julga não o que disseram, mas o que sentiam. A causa que os levou a interrogar foi diferente, e o que esperavam não eram a mesma coisa. Maria acreditou no que ia contra natureza, Zacarias duvidou pela natureza. Ela quis saber como as coisas aconteceriam, ele negou serem possíveis as coisas que Deus queria fazer. Ele, apesar de existirem exemplos anteriores, não teve fé; ela, sem tais exemplos, a teve. Ela ficou admirada de uma virgem dar à luz, ele contestou a concepção. Portanto ela não duvida do fato, mas apenas indaga sobre seu modo e suas circunstâncias, porque como há três modos de concepção – o natural, o espiritual e o maravilhoso – ela se pergunta sob qual deles conceberia.
E o anjo respondeu: “o Espírito Santo virá sobre ti, e Ele mesmo te fará conceber”.
Diz-se que Cristo foi concebido do Espírito Santo por quatro razões:
1. Mostrar que é pela inefável caridade divina que o Verbo de Deus se fez carne, conforme diz João: “Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho único”. Esta explicação nos é dada pelo Mestre das Sentenças.
2. Mostrar que foi uma graça concedida sem que para isso houvesse algum merecimento por parte dos homens. Essa razão é dada por Santo Agostinho.
3. Mostrar que foi por poder e obra do Espírito Santo que Ele foi concebido. Essa explicação é da autoria de Ambrósio.
4. Hugo de São Victor diz que o motivo da concepção natural é o amor do marido pela esposa, e da esposa pelo marido: “ocorreu o mesmo com a Virgem, pois o amor que ela tinha ao Espírito Santo ardia singularmente em seu coração, enquanto o amor do Espírito Santo a ela operava maravilhas em seu corpo”.
“E a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”. Segundo a Glosa, isso quer dizer que a sombra é naturalmente formada por um corpo colocado no caminho da luz, e como a Virgem, por sua natureza humana, não podia receber a plenitude da divindade, “a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra” significa que nela a luz incorpórea da divindade assumiu a humanidade do corpo a fim de que Deus pudesse sofrer. São Bernardo parece aceitar esta explicação quando diz: “Como Deus é espírito e como na verdade somos o corpo de sua sombra, Ele veio entre nós para que por meio da carne vivificada víssemos o Verbo na carne, o sol na nuvem, a luz na lâmpada, a vela no castiçal”. São Bernardo, ainda comentando a mesma passagem, afirma:
“Eis aqui a escrava do Senhor, que se faça comigo segundo a tua palavra”
É como se o anjo dissesse que o modo pelo qual tu conceberás Cristo do Espírito Santo será ocultado pela sombra do poder de Deus em seu asilo mais secreto, para que seja conhecido apenas por Ele e por ti. É como se o anjo dissesse: “Por que me perguntas o que saberás por experiência própria? Tu saberás, saberás, felizmente saberás, mas por intermédio daquele que ao mesmo tempo será teu professor e teu autor. Fui enviado para anunciar a concepção virginal, não para criá-la”. Aquela frase pode ainda indicar que ele a cobrirá com sua sombra, isto é, extinguirá o ardor do vício.
“Eis que tua prima Isabel concebeu um filho na velhice”. O anjo disse isso para contar que ocorrera uma grande novidade na vizinhança. Segundo São Bernardo, a concepção de Isabel foi anunciada a Maria por quatro motivos. O primeiro, aumentar sua alegria; o segundo, aperfeiçoar seu conhecimento; o terceiro; melhorar sua doutrina; o quarto, possibilitar sua misericórdia.
Sobre tudo isso, São Jerônimo disse:
A gravidez da prima estéril foi anunciada a Maria para que um milagre somado a outro milagre juntasse alegria a uma outra alegria. Ou então, porque era conveniente que a Virgem soubesse pela boca de um anjo, e não pela de um homem, a novidade que devia estar sendo divulgada por toda parte, a fim de que a mãe de Deus não ficasse afastada das coisas de seu filho, não permanecesse na ignorância de acontecimentos tão próximos. Ou ainda, porque sabendo da vinda tanto do Salvador quanto do Precursor, sabendo do momento e do encadeamento dos fatos, poderia posteriormente revelar a verdade a escritores e pregadores do evangelho. Ou, por fim, para que conhecendo a gravidez de sua prima já idosa, a jovem a pudesse ajudar, e permitir ao pequeno profeta João prestar homenagem ao Senhor, ocorrendo, diante de um milagre, um milagre ainda mais admirável.
Mais adiante São Bernardo acrescentou: “Ó Virgem, respondei logo. Ó minha senhora, dizei uma palavra e recebei a Palavra, proferi uma palavra e recebei a palavra divina, dizei uma palavra transitória e recebei a eterna. Levantai-vos, correi, abri. Levantai-vos para demonstrar vossa fé, correi para mostrar vossa devoção, abri para exibir uma marca de vosso consentimento”.
Então Maria, estendendo as mãos e erguendo os olhos para o Céu, disse: “Eis aqui a escrava do Senhor, que se faça comigo segundo tua palavra”. São Bernardo explica: “Conta-se que uns receberam o Verbo de Deus no ouvido, outros na boca, outros na mão. Quanto a Maria, recebeu-a no ouvido pela saudação angélica, no coração pela fé, na boca pela confissão, na mão pelo tato, no ventre pela Encarnação, no seio pelo sustento, nos braços pela oferenda”. “Que se faça comigo segundo tua palavra”. São Bernardo continua: “Que ele seja feito em mim não como palavra vazia e declamatória, nem como alegoria, nem como sonho imaginário, mas como inspiração silenciosa, personalidade encarnada que habita corporalmente em minhas entranhas”. Imediatamente o Filho de Deus foi concebido no seu ventre como Deus perfeito, homem perfeito e, desde o primeiro dia de sua concepção, tinha a mesma sabedoria e o mesmo poder de quando alcançou a idade de trinta anos.
“Então Maria partiu, foi para a casa de Isabel nas montanhas, e ao ouvir sua saudação João [Batista] estremeceu no ventre da mãe”. Diz a Glosa que como ele não podia fazê-lo com a língua, demonstrou por movimento sua alegria e começou assim sua função de Precursor. Ela ajudou sua prima durante três meses, até o nascimento de São João [Batista], que ela ergueu com suas mãos, como se lê no Livro dos Justos. Ao longo tempos Deus sempre realiza nesse dia grande número de maravilhas, contadas por um poeta nos belos versos:
Salve, dia festivo, remédio de nossos males,
No qual o anjo foi enviado, Cristo crucificado,
Adão criado e caído no pecado,
Abel ofertou dízimo generoso, e foi morto pelo irmão invejoso,
Melquisedeque ofereceu sacrifício, Isaac subiu ao altar,
O bem-aventurado Batista foi decapitado,
Pedro chorou, e Tiago sob Herodes pereceu.
Muitos santos ressuscitaram com Cristo,
O bom ladrão foi por Cristo perdoado. Amém.
O lírio com as palavras “Ave Maria”
Um nobre e rico soldado, tendo renunciado à vida no mundo secular ingressou na Ordem Cisterciense, mas como não era letrado os monges não ousaram colocar tão nobre personagem entre os irmãos leigos, e então deram-lhe um mestre, esperando que aprendesse algo para poder assim continuar entre eles. No entanto, o mestre não foi capaz de lhe ensinar nada além de duas palavras, Ave Maria, as quais ele memorizou com tal amor que as repetia a todo instante, onde quer que estivesse, seja o que for que estivesse fazendo. Depois de morrer foi sepultado, e em seu túmulo nasceu um magnífico lírio, em cujas folhas estavam escritas em letras douradas as palavras Ave Maria. Todos correram a contemplar tão grande espetáculo, e tirando a terra do túmulo viram que a raiz do lírio partia da boca do morto. Entenderam então que com tal prodígio Deus quis honrar quem tinha tanta devoção ao pronunciar aquelas duas palavras.
A visita de Nossa Senhora a Santa Isabel
Um cavaleiro, cujo castelo ficava junto a uma estrada, espoliava sem piedade os transeuntes, mas cotidianamente saudava a Virgem Mãe de Deus, e nunca se passava um dia sem que ele realizasse a saudação. Certo dia um santo religioso passou por ali e o cavaleiro mandou que o espoliassem, mas o santo homem rogou aos assaltantes que o conduzissem até seu senhor porque tinha certos segredos a lhe comunicar. Levado diante do guerreiro, pediu-lhe que reunisse todas as pessoas da sua família e de seu castelo para lhes pregar a palavra de Deus.
Quando todos estavam reunidos, o religioso disse: “Não estão todos aqui: ainda falta alguém”. Como lhe assegurassem de que todos já estavam ali, ele insistiu: “Olhem bem, e verão que falta alguém”. Então um deles percebeu que o camareiro não viera. O religioso disse: “Sim, é ele quem está faltando”. Logo mandaram buscá-lo, mas ao ver o homem de Deus ele virava os olhos de forma horrível, agitava a cabeça como louco e não ousava aproximar-se. O santo homem falou: “Eu te conjuro, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, a nos dizer quem és e a revelar diante de todos o motivo de ter vindo aqui”. E o camareiro respondeu:
Ai de mim! É por ter sido conjurado e forçado que revelo que não sou um homem, mas um demônio que tomou o aspecto humano, permanecendo assim catorze anos sob este senhor. Nosso príncipe mandoume aqui para observar com atenção o dia em que ele não viesse a recitar a saudação à sua Maria, a fim de então me apoderar dele e estrangulá-lo sem demora, pois morrendo sob o efeito de suas ações más ele seria nosso. Mas como todos os dias ele dizia a saudação, não pude exercer poder sobre ele. Dia após dia eu o vigio com cuidado, e ele não passou sequer um dia sem saudá-la.
Ouvindo isso, o cavaleiro foi tomado de grande pavor, jogou-se aos pés do homem de Deus, pediu perdão, e a partir desse dia mudou seu modo de viver. O santo homem disse ao demônio: “Eu te ordeno, demônio, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, sai daqui e nunca mais vá a um lugar onde alguém invoque a gloriosa mãe de Deus”. Imediatamente o demônio desapareceu, e com respeito e gratidão o cavaleiro deixou o santo homem partir.
Para a apresentação do texto acima utilizou-se como fontes a versão portuguesa Legenda Dourada (Jacopo de Varazze, tradução de Hilário Franco Junior, Companhia das Letras, 2003) e a versão francesa La Legende Dorée (Jacques de Voragine, nouvellement traduite em français, Abbé J.B.M.Roze, Edouard Rouveyre Editeur, 1902), disponível em:
http://www.abbaye-saint-benoit.ch/voragine/index.htm
Fonte: Gaudium Press
Por Prof. Felipe Aquino, via Editora Cléofas[/vc_column_text][/vc_tta_section][/vc_tta_tour][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_text_separator title=”ABRIL” i_type=”openiconic” i_icon_openiconic=”vc-oi vc-oi-calendar-inv” i_color=”black” add_icon=”true”][vc_tta_tour controls_size=”sm” active_section=”1″][vc_tta_section title=”São Francisco de Paula” tab_id=”1523555894972-7fde9428-e048″][vc_column_text]São Francisco de Paula nasceu na região da Calábria, Itália, numa cidade chamada Paula. Seus pais se chamavam Viena de Fuscaldo e Giácomo Daléssio. O casal tinha muita devoção a São Francisco de Assis. Por isso, os dois sempre pediam a seu santo de devoção a graça de terem um filho. O casal foi atendido em suas orações. Assim, no dia 27 de março de 1416 o filho deles nasceu e recebeu o nome de Francisco, em homenagem ao santo de Assis.
O chamado de Deus
Aos 12 anos, o pequeno Francisco foi levado para o Convento de São Marcos. O menino permaneceu lá durante 1 ano, mas não se sentiu tocado pelo tipo de vida que levavam lá. Assim, voltou para sua cidade. Depois disso, Francisco e seus pais fizeram uma bela viagem visitando lugares santos da Itália. Nessa viagem, o jovem São Francisco de Paula ficou tocado pela graça.
Ao visitar o Monte Cassino (Mosteiro fundado por São Bento), o jovem conheceu a história do patriarca São Bento e se sentiu chamado para a vida de eremita. Assim, ele pediu a seus pais que o deixassem viver isolado, numa vida de rigores, oração e penitência. Sofrendo por um lado e alegrando-se por outro, os pais de São Francisco de Paula permitiram.
O jovem e fundador São Francisco de Paula
O jovem São Francisco de Paula passou a morar isolado numa gruta no deserto. Fazia grandes sacrifícios, orações e jejuns, aos quais ele chamava de quaresmas. Num desses momentos de profunda oração, o próprio Arcanjo São Miguel lhe fez uma visita, entregando a Francisco uma espécie de ostensório, no qual se via escrita a palavra Caridade.
Francisco uniu esta palavra a dois outros lemas que tinha adotado em sua vida: humildade e penitência. Daí em diante, começou a pensar na fundação de uma ordem religiosa. A inspiração foi tomando corpo em seu coração e ele decidiu pedir autorização ao Papa. O Papa concedeu. Assim, tendo somente 19 anos, São Francisco de Paula começou a fundação da ordem que ele chamou de Ordem dos Mínimos.
E este nome tinha um alcance muito claro em toda a filosofia de vida da nova ordem. Para poderem entrar na Ordem dos Mínimos, seria preciso tornar-se pequeno, o menor entre todos, o último, atendendo ao que disse Jesus: os últimos serão os primeiros. O nome, aliás, foi sugerido pelo Papa Alexandre VI, em 1435.
Construção do mosteiro na cidade de Paula
O Jovem São Francisco de Paula começou, então, a construir um mosteiro numa colina que ficava não muito distante de sua cidade natal, Paula. Nesse tempo, Deus lhe tinha dado o dom dos milagres. Por isso, sua fama crescia. Os habitantes de Paula vinham ajudá-lo em todas as necessidades da construção.
Depois disso, a Ordem dos Mínimos cresceu. São Francisco de Paula fundou mosteiros em vários outros lugares como na Cicília, na França e na Calábria. Como o movimento que ele iniciou crescia, ele fundou também um mosteiro para mulheres que seguiam as regras da Ordem dos Mínimos.
Milagres de São Francisco de Paula
Vários milagres são relatados na história de São Francisco de Paula. O mais extraordinário é a ressurreição de um sobrinho seu chamado Nicolas. Ele tinha o dom da cura. Por isso, o povo o procurava incessantemente em suas enfermidades. Inúmeras curas são relatadas pela intercessão de São Francisco de Paula. E as curas, através de sua intercessão, continuaram após sua morte. Além disso, ele tinha também o dom de profetizar e o dom da Palavra, que arrebatava a todos em suas pregações.
O santo analfabeto
Por incrível que pareça, São Francisco de Paula era analfabeto. Mesmo assim, rezava e pregava para todos, e todos corriam até ele para ouvi-lo, por causa do dom da Palavra e da grande sabedoria que Deus lhe dera.
Morte de São Francisco de Paula
São Francisco de Paula teve uma vida longa. Ao final de sua vida, percebendo que sua morte era iminente, ele reuniu os monges que estavam no mosteiro de Plessis, na França, e deu a eles as últimas instruções. Depois, pediu que rezassem juntos. São Francisco de Paula faleceu aos 91 anos. Era a sexta feira santa do ano 1507.
Devoção a São Francisco de Paula
São Francisco de Paula foi canonizado pelo Papa Leão X no ano 1519. Em 1943 São Francisco de Paula foi declarado padroeiro dos marinheiros e dos casais que querem engravidar, pelo fato de ele mesmo ter sido concebido depois de muita oração de seus pais.
Oração a São Francisco de Paula
Ó São Francisco de Paula que vos distinguistes na igreja pelo grande espírito de penitência, e em vida convertestes tantos pecadores com vossa palavra, socorrestes tantos necessitados com os vossos prodígios, alcançai-nos também a versão aos vícios e verdadeira contrição dos nossos pecados. Vós que fizestes tudo por caridade, pela caridade reconciliastes tantos homens fazendo-os abandonar o ódio e a inimizade, concedei a paz a cada um de nós, às nossas famílias e ao mundo inteiro, e fazei que também nós, seguindo o vosso exemplo, nos amemos uns aos outros como irmãos, e amemos a Deus sobre todas as coisas. Amém.
São Francisco de Paula, rogai por nós.
Via Cruz Terra Santa[/vc_column_text][/vc_tta_section][vc_tta_section title=”Como viver a Semana Santa?” tab_id=”1523555895256-b7d49f38-d82f”][vc_column_text]Iniciamos, no Domingo de Ramos, mais uma Semana Santa com a entrada triunfal de Jesus na cidade de Jerusalém. Aí começa uma nova fase na história do povo de Israel, quando todos se voltam para a cena da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
A Semana Santa deve ser um tempo de recolhimento, interiorização e abertura do coração e da mente para o Deus da vida. Significa fazer uma parada para reflexão e reconstrução da espiritualidade, essencial para o equilíbrio emocional e a segurança no caminho natural da história de vida com mais objetividade e firmeza.
As dificuldades encontradas não são fracasso nem caminho sem saída; elas nos levam a firmar a esperança na luta por uma vida sem obstáculos intransponíveis. Foi o que aconteceu com Cristo, no trajeto da Paixão, culminando com Sua morte na cruz. Em todo o caminho, Ele passou por diversos atos de humilhação.
A estrada da cruz foi uma perfeita revelação da identidade de Jesus. Ele teve de enfrentar os atos de infidelidade e rebeldia do povo que estava sendo infiel ao projeto de Deus, inclusive sendo crucificado entre malfeitores. Jesus partilha da mesma sorte e dos mesmos sofrimentos dos assassinos e ladrões de sua época.
Associar ao sofrimento de Cristo
Na Semana Santa, devemos associar ao sofrimento de Cristo o mesmo que acontece com tantas famílias e pessoas violentadas em nosso tempo. Podemos dizer da violência armada, dos trágicos acidentes de trânsito, das doenças que causam morte, do surto da dengue, dos vícios que ceifam muita gente etc.
Jesus foi açoitado, esbofeteado, teve a barba arrancada, foi insultado e cuspido. O detalhe principal é que nenhum sofrimento O fez desistir de Sua missão nem ter atitude de vingança. Ele deixou claro que o perdão é mais forte que a vingança.
Devemos aprender com Ele e olhar a vida de forma positiva, sabendo que seu destino é projetado para a eternidade em Deus.
Por Dom Paulo M. Peixoto – Arcebispo de Uberaba (MG), via Canção Nova[/vc_column_text][/vc_tta_section][vc_tta_section title=”Páscoa, festa da Ressurreição de Cristo” tab_id=”1523555895470-9c3f8e52-606b”][vc_column_text]“Com a sua morte destruiu a morte e com sua Ressurreição deu-nos a vida.”
A Páscoa já era celebrada solenemente pelo povo judeu desde Moisés, para comemorar a passagem do Mar Vermelho, onde sucumbiram as forças do Faraó que perseguia o povo de Deus. Foi a passagem da escravidão do Egito para a liberdade da Terra Prometida por Deus a Abraão. Por isso os judeus a celebravam, e ainda celebram solenemente.
Cristo celebrava a Páscoa como bom judeu, fiel às Sagradas Escrituras, e celebrou-a juntamente com os seus Apóstolos na Última Ceia, onde nos deixou o memorial da sua Paixão: a Eucaristia.
A Páscoa cristã, que tem as sua imagem na dos judeus, é a celebração da Ressurreição de Cristo, a vitória da Vida sobre a morte, o triunfo da graça sobre o pecado, da luz sobre as trevas. Cristo desceu à mansão da morte para destruir a morte. “Com a sua morte destruiu a morte e com sua Ressurreição deu-nos a vida.”
Esta é a alegria e a esperança cristã. O verdadeiro cristão jamais se dá por vencido porque sabe que já é vitorioso Naquele que venceu a morte.
Cada criança ao ser batizada participa desta Morte e da mesma Ressurreição de Cristo; é regenerada; e vive uma vida nova na liberdade dos filhos de Deus.
Jesus, sendo Deus e Homem ao mesmo tempo, trazendo em si de modo harmonioso as duas naturezas, pôde morrer como homem e oferecer á Justiça divina, como Deus, um sacrifício de valor Infinito, e assim pôde conquistar para todos os homens de todos os lugares e de todos os tempos, o resgate do pecado e da morte.
Após a Ressurreição Jesus instituiu no mesmo domingo desta, o Sacramento do perdão, a Confissão; na verdade Ele estava ansioso para distribuir aos homens o perdão que Ele haveria de conquistar com sua morte e Ressurreição; por isso no mesmo dia em que ressurgiu dos mortos Ele enviou os seus Apóstolos a perdoar aos pecados em seu Nome. “Aqueles a quem vocês perdoarem os pecados, os pecados serão perdoados” (João 20,22).
Cristo ressuscitou e vive entre nós; isto é um fato histórico que os Evangelhos narram. São Paulo afirma na Carta aos Coríntios que “Ele apareceu para mais de quinhentos, dos quais muitos ainda são vivos”.
A verdade da Ressurreição de Cristo é que explica a força dos Apóstolos a saírem pelo mundo pregando Jesus vivo e presente entre eles. Nesta certeza eles enfrentaram o império romano e o tornaram cristão. Nesta certeza eles enfrentaram os dentes dos leões sob Nero, Dioclesiano, Vespasiano, Domiciano e outros imperadores que os massacraram. Foi na força da Ressurreição de Jesus que a Igreja sempre venceu todos os seus inimigos: as heresias, o comunismo, o nazismo, o ateísmo, o racionalismo, as perseguições terríveis da Revolução Francesa e as do século XX na Espanha e no México.
Acreditar que a Igreja chegou até nós com 2000 anos de vitórias, sem acreditar na Ressurreição de Cristo, seria acreditar num milagre maior do que a própria Ressurreição.
Cristo Ressuscitou e vive entre nós. Ele disse aos Apóstolos antes da Ascensão ao Céu: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”.
Coragem meu irmão, Jesus venceu a morte, venceu a dor, venceu o pecado… não tenha medo, porque Ele caminha conosco.
Feliz Páscoa!
Por Prof. Felipe Aquino, via Editora Cléofas[/vc_column_text][/vc_tta_section][vc_tta_section title=”Por que São Jorge é retratado derrotando um dragão?” tab_id=”1526309603203-1676ec56-ceff”][vc_column_text]Neste dia 23 de abril, a Igreja Católica faz memória de São Jorge, um soldado que morreu como mártir durante as perseguições do Império Romano aos primeiros cristãos.
Embora sua principal glória esteja nesse fato histórico praticamente inconteste, o episódio mais conhecido de sua biografia é a vitória que ele alcançou sobre um “dragão” — e sobre a qual o mais completo registro que temos é o que vai abaixo transcrito.
Por trás desta história fantástica, encontra-se, como deve ser, uma lição espiritual. São Jorge libertou o povo de um “dragão” não simplesmente para livrá-lo da agonia e da morte físicas, senão para conduzi-lo à verdadeira fé. Por causa de sua vitória — diz a tradicional história contida na Legenda Áurea —, “20 mil homens foram batizados, sem contar mulheres e crianças”.
Por isso, ao invocarmos a proteção deste santo mártir, devemos fazê-lo da maneira correta, desprezando superstições que nada têm a ver com a doutrina católica e pedindo, além disso, o único bem que verdadeiramente importa: nossa salvação eterna.
Agora, se São Jorge derrotou mesmo um animal grande e aterrorizante, como um “dragão”, não é possível dizer com segurança. A origem da história a seguir é obscura e é praticamente impossível comprovar-lhe a veracidade. De qualquer modo, a Enciclopédia Católica garante: não há motivos para duvidar da existência deste santo, tão cheio de devotos desde os primeiros séculos da Igreja; sejam quais forem as batalhas que travou em vida, bem-aventurado Jorge é um desses tantos santos antigos “cujos nomes são reverenciados com justiça pelos homens, mas cujas ações só por Deus são conhecidas”.
Jorge, soldado nascido na Capadócia, foi certa vez a Silena, cidade da província da Líbia. Ali perto havia um lago, grande como um mar, no qual se escondia um pestífero e enorme dragão, que muitas vezes afugentou o povo armado que tentara atacá-lo.
Para acalmá-lo e impedir que se aproximasse das muralhas da cidade, incapazes de afugentar seu hálito empesteado, que matava muita gente, os habitantes davam-lhe todos os dias duas ovelhas. Quando começou a não haver ovelhas em quantidade suficiente, o conselho municipal decidiu que se daria uma ovelha e um humano, sorteando-se para tanto rapazes e moças, sem excetuar ninguém. Depois de algum tempo também faltou gente, e o sorteio designou a filha única do rei para ser entregue ao dragão.
Contristado, o rei propôs: “Tomai todo meu ouro e prata, a metade de meu reino, mas não deixeis minha filha morrer assim.” Furioso, o povo respondeu: “Foste tu, ó rei, quem promulgaste este edito, e agora que todos os nossos filhos estão mortos, queres salvar a tua filha? Se não fizeres com tua filha o que ordenaste para os outros, queimaremos a ti e a tua casa.”
Ao ouvir essas palavras, o rei pôs-se a chorar a própria filha, dizendo: “Ai, infeliz de mim! Ó minha meiga filha, o que posso fazer por ti? O que te posso dizer? Nunca poderei ver-te casada?” E, voltando-se para o povo, disse: “Eu vos imploro, dai-me ao menos oito dias para chorar minha filha.”
O povo aceitou, mas ao cabo de oito dias dirigiu-se, furioso, ao rei: “Preferes perder teu povo que tua filha? Estamos todos morrendo por causa do sopro do dragão.” Então o rei, vendo que não podia livrar a filha, fez com que ela vestisse trajes reais e beijou-a entre lágrimas, dizendo: “Ai, infeliz de mim! Minha doce filha, de teu ventre eu esperava netos de estirpe real, e agora estás prestes a ser devorada pelo dragão.” Ele a beijou e a deixou partir, dizendo: “Ó minha filha, queria antes ter morrido do que perder-te assim!” Ela então se jogou aos pés de seu pai para pedir a bênção, e depois de abençoada em lágrimas dirigiu-se para o lago.
O bem-aventurado Jorge passava casualmente por lá e, vendo-a chorar, perguntou-lhe a razão. Ela respondeu: “Meu bom rapaz, monta depressa em teu cavalo e foge, se não quiseres morrer como eu.” Jorge replicou: “Não tenhas medo, minha filha, e dize-me o que toda aquela gente procura ver.”
Ela respondeu: “Vejo que és um bom rapaz, de coração generoso, mas queres morrer comigo? Foge! Depressa!” Jorge então disse: “Não irei embora antes que me contes o que está acontecendo.” Depois que a moça explicou tudo, Jorge disse: “Não temas nada, minha filha, porque em nome de Cristo vou ajudar-te.” Ela replicou: “És um bom cavaleiro, mas salva-te imediatamente, não pereças comigo! Basta que eu morra sozinha, porque tu não me poderias livrar e pereceríamos juntos.”
Enquanto conversavam, o dragão pôs a cabeça para fora do lago e foi se aproximando. Toda trêmula, a moça falou: “Foge, meu bom senhor, foge depressa.” Jorge montou imediatamente em seu cavalo, protegeu-se com o sinal da cruz e com audácia atacou o dragão que avançava em sua direção. Brandindo a lança com vigor, recomendou-se a Deus, atingiu o monstro com força, jogando-o ao chão, e disse à moça: “Coloca sem medo teu cinto no pescoço do dragão, minha filha.” Ela assim o fez, e o dragão seguiu-a como um cãozinho muito manso.
Quando ela chegou à cidade, à sua vista todo o povo pôs-se a fugir gritando: “Ai de nós, logo todos vamos morrer!” Mas o beato Jorge disse-lhes: “Nada temais! O Senhor me enviou para que eu vos libertasse das desgraças causadas por esse dragão. Crede em Cristo e recebei o Batismo, que eu matarei o dragão.”
Então o rei e todo o povo foram batizados, e o bem-aventurado Jorge desembainhou a espada e matou o dragão, ordenando depois que o levassem para fora da cidade. Quatro pares de bois arrastaram-no para campo aberto.
Neste dia, 20 mil homens foram batizados, sem contar mulheres e crianças.
Referências
Transcrito e adaptado de: Jacopo de Varazze, Legenda áurea: vidas de santos. Trad. de Hilário Franco Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, pp. 366-367.
Via Padre Paulo Ricardo[/vc_column_text][/vc_tta_section][vc_tta_section title=”7 curiosidades sobre o jovem evangelista São Marcos” tab_id=”1526309804711-5bdf91bd-09e3″][vc_column_text]São Marcos, um jovem cristão que assumiu seu chamado missionário e fez a diferença por onde passou e até hoje faz por meio de seus escritos que nos aproximam do Cristo. Separamos sete curiosidades para você conhecer um pouquinho mais deste jovem santo. E que São Marcos interceda para que nós, jovens, tenhamos a coragem de assumir nossa vocação e testemunhar nosso encontro com Jesus!
1- Fazia parte de uma das primeiras famílias cristãs
Ao contrário do que muitos pensam, São Marcos não foi discípulo de Jesus, mas o conheceu muito bem. Judeu, era filho de Maria de Jerusalém, e sobrinho de São Barnabé, aquele que foi companheiro de São Paulo em algumas viagens missionárias (Atos 12,25).
2- Foi batizado por São Pedro
Quando Jesus morreu e ressuscitou, Marcos ainda era muito jovem. Portanto, segundo a tradição, ele foi batizado por São Pedro, que era um grande frequentador de sua casa e amigo de sua família.
3- Sua casa recebeu importantes celebrações com Jesus
A casa de São Marcos era sempre aberta para receber as festas e reuniões de Jesus e seus discípulos. Segundo a tradição, a família deveria ser rica, já que conta-se também que a última Ceia e Pentecostes (onde se reuniram cerca de 120 pessoas) foram celebradas lá, e outros eventos depois (cf. Atos 12,12).
4- Foi o primeiro a escrever o Evangelho
Apesar de não ser um dos 12, vê-se que Marcos, desde jovem, pode presenciar momentos importantes e particulares da vida de Jesus e seus discípulos. Segundo historiadores, seu Evangelho é o mais antigo, e foi escrito por volta do ano 60 d.C., quando acompanhou Pedro em uma viagem a Roma.
5- Foi martirizado no dia da Páscoa
Depois das mortes de Pedro e Paulo, Marcos saiu em missão para pregar o Evangelho, passou pela Ásia Menor, no Egito e, de maneira especial, em Alexandria, onde fundou igrejas que muito prosperaram. Foi martirizado no dia da Páscoa, enquanto celebrava a Missa.
6- É representado com um leão
Em suas imagens normalmente é representado com um leão aos seus pés. A representação vem de seu Evangelho, que inicia com a passagem de São João Batista, “uma voz que clama no deserto” (Marcos 1,3). No deserto, era comum ouvir fortes rugidos dos leões, daí então a relação.
7- É padroeiro de Veneza
Depois de seu martírio, mercadores italianos levaram seus restos mortais para Veneza, na Itália. Por conta disso, o santo é padroeiro da cidade, que possui uma catedral dedicada a ele, onde até hoje permanecem seus restos mortais.
Via A12[/vc_column_text][/vc_tta_section][/vc_tta_tour][/vc_column][/vc_row]
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