ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
A Igreja, mãe e mestra, também é especialista no intercâmbio de cuidado. A Campanha da Fraternidade deste ano ressaltou esta missão e vocação para salvaguardar e promover o dom da vida. No Brasil inteiro, centenas de casas pró-vida dão o exemplo deste cuidado, trabalhando para salvar gestantes em situação de vulnerabilidade e bebês que correm o risco de serem abortados.
“Muitas vezes, a gravidez chega num momento não esperado ou planejado pelo casal ou às vezes até em condições ainda piores, quando é o caso de uma relação forçada, mas, mesmo nesses casos extremos, a vida que está sendo gestada no ventre da mãe merece respeito porque toda vida é dom de Deus”, afirma o casal coordenador da Pastoral Familiar, Luiz e Kátia Stolf, que participam da Comissão de Promoção e Defesa da Vida na diocese de Joinville (SC).
Vulnerabilidade
As casas pró-vida acolhem gestantes em situação de vulnerabilidade social, muitas delas, de acordo com Luiz e Kátia, são pressionadas pelo pai, pela família e a própria sociedade para que abortem e, “como dizem, ‘resolva o problema’”.
“Para quem está olhando de fora, é exatamente isso que acontece, o aborto resolveu algo que o incomodava, porém, a mãe, a partir dessa decisão, passa a enfrentar sérios problemas, sejam eles de ordem física, psíquica, emocional e espiritual”, situam.
A Igreja oferece em algumas paróquias acompanhamentos para orientar as mães de como proceder diante dessa situação de dúvida e desespero e, quando houver a disposição, essas mães podem ser encaminhadas para casas especializadas no acolhimento de mães gestantes em situação de vulnerabilidade social, são as chamadas casas pró-vida.
Luiz e Kátia também explicam que a Igreja tem normalmente grande proximidade e articulação com as casas pró-vida, onde sua participação se torna muito importante no sentido de levar conforto espiritual e ministrar os sacramentos, quando necessário.
Espaço de acolhida
“A grande maioria das mães que buscam essa ajuda ou que são abordadas estão em situação de desespero e por isso desenvolvem um forte desejo de abortar, porém, ao serem acolhidas e receberem a oferta de um acompanhamento digno para elas e para o bebê, normalmente desistem do aborto e assim muitas vidas são salvas”, contam Luiz e Kátia.
As casas pró-vida, muitas delas ligadas à Igreja e administradas por fiéis leigos ou congregações religiosas, também lidam com casos de mães que sofreram com o estupro e que puderam evitar o aborto. Em visitas a estas casas, o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers, pôde ver as crianças que sobreviveram a partir do caminho de superação de suas mães: “Eu as conheci, conheci as mães, conheci suas histórias e no brilho de seus olhos a alegria de superarem o trauma do abuso com suas crianças no colo. São crianças que não podem ser culpadas pelo mal que não fizeram”.
Em outros casos, quando não é possível para a mãe continuar com a criança, o que segue é normalmente a adoção do bebê, já com trâmites jurídicos bem definidos. “As casas pró-vida têm toda uma equipe multidisciplinar com profissionais da saúde e outros que dão todo apoio necessário às famílias que decidem não abortar”, conta dom Ricardo.
Luiz e Kátia explicam que, quando a mãe mantém o firme propósito de doar o bebê, a assistente social da casa comunica à assistente social da maternidade. Esta, por sua vez, encaminha o processo junto ao fórum local para os devidos procedimentos.
Milhares de crianças salvas
Em São José dos Campos (SP) está a Associação Guadalupe, que funciona há sete anos e contabiliza mais de 5 mil crianças salvas do aborto, tanto com atendimentos presenciais, quanto por telefone para outras partes do país.
Mariângela Cônsoli, assistente social fundadora e presidente da Associação Guadalupe, fala que o trabalho nasceu de uma inspiração a partir de Nossa Senhora “para defender a vida do bebê que está para ser exterminado, como também a vida dessa mãe”.
“Nós atendemos, acolhemos e oferecemos apoio total: social, psicológico, jurídico, espiritual, material, financeiro muitas vezes”, conta Mariângela. No local, são realizadas oficinas de empreendedorismo, dando condições para que as mães possam dar continuidade à sua gestação com tranquilidade, “tendo a certeza que ela terá apoio financeiro por ela mesma lá na frente”, conta a presidente da associação.
A casa atende cerca de 40 mulheres presencialmente e chega a cem atendimentos por telefone. Este apoio remoto é realizado pela médica ginecologista e obstetra Marilene Macull Melo, vice-presidente da Associação Guadalupe. Em 10 anos de trabalho na defesa da vida, a médica observa que ninguém quer abortar porque quer: “normalmente ela se vê dentro de uma condição que ela não vê saída”, mas a situação muda quando a mãe compreende o risco que ela corre, tanto do aspecto médico, de saúde, psicológico, emocional e até psiquiátrico.
A associação conta com 70 voluntários e se mantém através de doações. Entre o grupo de pessoas que colaboram no trabalho, há um grupo de intercessão, que promove momentos de oração, meditação do terço e missas. “Trabalhar em defesa da vida sem oração é impossível. Há uma necessidade vital de nos apoiarmos na oração”, afirma Mariângela.
No Distrito Federal, foi inaugurado, em março um novo espaço para acolhimento, assistência psicológica e promoção humana fruto da providência divina e da solidariedade. O Centro de Referência de Defesa da Vida inaugurado pela Associação Santos Inocentes, em Samambaia, região administrativa do DF, busca oferecer alternativas às mulheres que pensam em praticar o aborto.
“Nosso trabalho começa com o convencimento, mas não adianta convencer se você não tem nada a oferecer para estas mulheres que já vem de uma miséria humana muito grande, de uma necessidade muito grande de serem entendidas e acolhidas no momento em que elas estão gestantes e sozinhas. Esse é o papel da Santos e Inocentes”, afirmou um dos fundadores da obra e presidente da Associação, Areolino Dias França.
Uma das fundadoras da associação brasiliense, Lucimar Rodrigues Nunes, ressaltou que o primeiro serviço oferecido pela instituição é a defesa da vida: “salvar as crianças e as mães do mal do aborto”, a partir daí as ofertas de pediatria, psicologia adulta e infantil, serviço social e atendimento odontológico.
“As nossas mães são muito importantes. Nós fazemos tudo o que está ao nosso alcance para ela ter essa rede de proteção, que é buscar para elas tudo aquilo que ela tem direito via governamental, como atendimento hospitalar, moradia, de tudo aquilo que é uma necessidade e que a realidade delas não oferecia”, conta Lucimar.
Modalidades de atendimento
Luiz e Kátia Stolf contam que as casas pró-vida que acolhem as gestantes normalmente trabalham no regime de internato ou de acolhida durante o dia. “As casas pró-vida que acolhem pelo regime de internato dispõe de espaços para acolher as mães com privacidade e devido conforto, onde recebem atendimento e acompanhamento com psicólogos e assistentes sociais. Já nas casas onde não há o regime de internato, mas o acolhimento é feito durante o dia, às mães frequentam a casa durante todo o período de gestação onde elas aprendem a fazer trabalhos manuais, como preparar o próprio enxoval do bebê, recebem formação sobre empreendedorismo, culinária e outras atividades”, explicam.
As mães são atendidas e acompanhadas por psicólogos, terapeutas e outros profissionais, uma vez que muitas delas chegam às casas com sua baixa autoestima e sem o desejo de dar prosseguimento à gestação, por não aceitar o bebê. “Nesses casos é realizado um trabalho específico de interação entre a atividade que ela realiza e o bebê, o qual ela passa aos poucos a aceitar e amar”, conta Kátia Stolf.
Nos dois modos de atendimento/acolhimento, as mães são acompanhadas e levadas a realizar todos os exames necessários como o pré-natal. Quando é chegado o momento do parto, a mãe é acompanhada até a maternidade. Após o parto elas continuam sendo acompanhadas e assistidas juntamente com o filho durante vários meses.
“Muitas das mães, ao chegarem à casa pró-vida, expressam o desejo de doar seu filho quando o mesmo nascer, porém, a grande maioria delas ao ver seu filho recém-nascido acabam desistindo de doar”, afirma Kátia.
Apoio da Igreja
A proximidade e a articulação da Igreja com as casas pró-vida se dão de várias formas, desde o auxílio na sustentabilidade, quanto no atendimento pastoral. Como estas casas normalmente não recebem ajuda dos órgãos públicos, o que torna difícil sua manutenção e continuidade dos trabalhos, ajudas e doações da comunidade e de voluntários ligados à Igreja tornam possível à continuidade da missão.
A Associação Guadalupe é reconhecida oficialmente como uma Obra Social Pró-vida da diocese de São José dos Campos. Várias iniciativas são realizadas para auxiliar na manutenção do trabalho. Atualmente, a entidade está arrecadando alimentos, produtos de higiene e limpeza e ajuda financeira. As doações podem ser entregues na Avenida Princesa Isabel, 1.235, Santana, São José dos Campos (SP), de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h, ou depósito em conta: Banco Itaú | CC:14.166-8 | AG: 8602 | CNPJ: 20.149.598/0001-92.
Em Brasília, o Centro de Referência da Associação Santos Inocentes foi construído graças a articulação do Padre Luiz Gustavo de Araújo, pároco da paróquia Imaculado Coração de Maria, numa região administrativa e maior poder aquisitivo. O presbítero envolveu a comunidade paroquial pedindo doações e mobilizando ajudas, como a do engenheiro Marcos Vieira, que acreditou na “loucura” de Areolino com o projeto de construção e colaborou doando seus conhecimentos profissionais. O sacerdote abençoou o local e disse aos missionários leigos que “quem salva uma alma tem a sua salva”, recordando a luta contra o aborto.
Na perspectiva da CF 2020
A Campanha da Fraternidade 2020, que tem como tema “Fraternidade e vida: dom e compromisso”, recorda que a Igreja não se limita às declarações de seu Magistério, ela ensina com clareza e defende com vigor os altíssimos valores da dignidade e da inviolabilidade da vida e da liberdade humana. Mas não só: “Ela mesma, por diversos meios, cria instituições para a promoção e a defesa desses valores. Ao longo de sua história, é pioneira na criação de escolas, hospitais, abrigos para órfãos e anciãos desamparados”.
No texto base, há a proposta, como colaboração social, na perspectiva da acolhida no cuidado da vida, para a organização de espaços de acolhida, casas pró-vida, lugares de escuta e apoio à vida, entre outros espaços onde a vida possa ser cultivada e promovida, “lugares de valorização da vida em todas as suas etapas”.
Fonte: CNBB
Foto capa: Wesley Almeida / Canção Nova
Comments0