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O dia 21 de janeiro comemora o Dia Mundial da Religião, uma data criada para lembrar aos povos do mundo que a religião deve unir e não separar os homens. Essa circunstância pode nos levar a colocar uma simples pergunta: o que é a religião?
Antes de tudo, a religião é uma manifestação tipicamente humana: não está presente nos outros seres vivos, mas somente no homem. E trata-se de uma manifestação que encontramos na humanidade de todos os tempos e de todos os lugares. É coisa mais do que sabida que todas as culturas são profundamente marcadas pela religião e que as melhores produções artísticas e literárias, não só das civilizações antigas, mas também das modernas, inspiram-se em motivos religiosos.
Uma das explicações da origem etimológica do termo religião é a seguinte: religião vem de religar, que significa “unir”: e indica a união do homem com sua origem e seu destino: Deus.
Uma outra explicação, sempre de origem etimológica, considera que o termo religião provém do verbo “re-ler”, quer dizer, “ler de novo”. Pense, por exemplo, na “leitura” (ou interpretação) do mistério do sofrimento e da morte. Para a simples leitura da história, a morte de Jesus foi o assassinato de um inocente, condenado injustamente aos piores suplícios. Mas para o religioso cristão, que “lê de novo”, aquela morte é a salvação da humanidade, sem, com isso, negar a “leitura” da história.
É bom distinguir religião como “atividade pessoal”, o que, às vezes, é chamada de religiosidade, de religião como “instituição social”, que indica as religiões do mundo. Neste último sentido, falamos do Hinduísmo, do Budismo, do Cristianismo, do Islamismo, do Judaísmo etc.
O Concílio Vaticano II, no ano de 1965, publicou um documento sobre o diálogo entre a Igreja e as religiões não cristãs, intitulado Nostra Aetate, que significa “Na nossa época”. Esse documento começa com as seguintes palavras: “Hoje, que o gênero humano se torna cada vez mais unido, e aumentam as relações entre os vários povos, a Igreja considera mais atentamente qual a sua relação com as religiões não-cristãs”. E mais para frente, mostra qual pode ser o “elemento comum” das várias religiões. Nestes termos: “Os homens esperam das diversas religiões resposta para os enigmas da condição humana, os quais, hoje como ontem, profundamente preocupam seus corações: O que é o homem? Qual o sentido e a finalidade da vida? O que é o pecado? De onde provém o sofrimento e para que ele serve? Qual é o caminho para alcançar a felicidade verdadeira? O que é a morte, o juízo e a retribuição depois da morte? Finalmente, que mistério último e inefável envolve a nossa existência, do qual vimos e para onde vamos?”.
Esse “mistério” para o qual se dirigem os anseios e as esperanças na religião é designado por um nome: Deus. Ele é o significado último da existência, o Tu com que nos encontramos em nossa solidão e em nossa angústia, o ideal supremo do homem, o horizonte de nossa caminhada e de nossos anseios.
No entanto, Deus é descrito nos modos mais diversos nas diferentes religiões. Com efeito, o mistério de Deus é tão profundo e tão grande, que nenhuma palavra ou estrutura humana consegue “traduzi-lo” de maneira perfeita e completa; nossas tentativas de compreender Deus são sempre fracas. Pois Deus é, ao mesmo tempo, imanente e transcendente, ou seja, interior ao mundo e a cada ser, mas também é alguém que está acima de todos os seres. Por isso, alguns O concebem no interior do coração e outros no alto dos céus.
A raiz da religiosidade é a abertura do homem para o infinito. O homem é um ser insaciável, não havendo realidade concreta fora de Deus que satisfaça seus anseios de infinitude e eternidade. Esse mundo do mistério é tão grandioso e maravilhoso que se prestou, muitas vezes, a sérias deformações. Mas é graças a ele que a humanidade tem conseguido viver e dar sentido a seus sofrimentos e lutas.
A religião faz parte do ser do homem: sem ela, o homem fica mutilado da dimensão fundamental da própria existência. Santo Agostinho expressou a essência da atitude religiosa em sua fórmula: “Fizeste-nos, Senhor, para Ti e o nosso coração permanece inquieto enquanto não repousa em Ti”.
Por Lino Rampazzo, via Canção Nova
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