ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
Estimado(a) leitor(a) da Revista Ave Maria, começo nossa reflexão mensal de novembro propondo a meditação em relação aos dons do Espírito Santo e a aplicabilidade deles nas famílias.
Esses dons, citados no Catecismo da Igreja Católica (1831) foram retirados do texto de Isaías 11,1-3. O temor de Deus é o dom que é a base para o desenvolvimento dos outros dons infusos e, neste mês, falaremos sobre mais um dos sete dons: o da piedade.
No mundo materialista, hedonista e distante de Deus em que hoje vivemos não são muitas as famílias que vivem uma intimidade com Ele e que pautam suas vidas segundo as santas leis do Senhor; também não são muitas as pessoas fervorosas no cumprimento das Escrituras, da vontade de Deus e na busca dos valores eternos. O dom da piedade nos leva a amar Deus profundamente e viver em comunhão com Ele, desejando sempre fazer a sua vontade, leva-nos a amar e reverenciar tudo que é de Deus: a oração individual, a oração litúrgica, a vida sacramental, a adoração ao Santíssimo Sacramento, a reza do santo Terço, o desejo de pregar a Palavra de Deus e sua meditação, a leitura de bons livros e o zelo pelas coisas sagradas.
A palavra “piedade”, no seu sentido original, diz respeito à atitude de uma criança para com seus pais: uma combinação de amor, confiança e reverência. Se essa é a nossa disposição habitual para com o nosso Pai, vivemos o dom da piedade. Esse dom do Espírito Santo é propriamente filial e recebe o nome de filho pois este tem piedade para com o pai, a piedade filial, ou seja, a devoção para com o Pai. Isso também estava presente no coração de Cristo, pois Ele, mesmo em sua profunda agonia no monte das Oliveiras, manteve-se fiel à vontade do Pai e se deu por nós para a remissão dos nossos pecados: “Todavia, não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres” (Mt 26,39).
A prática da devoção tem de atender à nossa saúde, às nossas ocupações e deveres particulares. A verdadeira devoção nada destrói; ao contrário, tudo aperfeiçoa. Essa devoção também se manifesta quando nós nos dispomos a passar pelo vale da sombra da morte, ou seja, pela aridez da nossa vida espiritual e não desistimos de Deus. Quando você, no meio da aridez e de tantas dificuldades da sua vida espiritual, diz “Ele está comigo, Ele é meu Pai, Ele não me abandona” isso representa esse magnífico dom.
Essa qualidade também está presente em Jesus, o Cristo, que se dispõe piedosamente, ou seja, filialmente, a estar com o Pai. Aqui vemos a íntima relação entre os dons do temor de Deus e da piedade: é sempre um coração de filho, o temor filial que sabe adorar e também um coração filial que sabe confiar, mesmo no meio da tempestade e da provação.
O dom da piedade nos leva a manter uma atitude de confiante intimidade e familiaridade com Deus; leva-nos a conversar com Ele como um filho conversa com seu pai ou com sua mãe, com naturalidade, espontaneidade, confiança e amor. Além disso, esse dom do Espírito Santo nos orienta divinamente em todas as relações que temos, não somente com Deus, mas, também, com o próximo, tornando-as mais profundas e perfeitas. São Paulo se refere a esse dom quando escreve “Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: ‘Aba, Pai’” (Rm 8,15). O Espírito Santo, mediante o dom da piedade, faz-nos, como filhos adotivos, reconhecer Deus como Pai. A piedade não estimula os cristãos apenas a cumprir seus deveres para com Deus de maneira filial, leva-os também a experimentar interesse fraterno para com todos os seus semelhantes.
O dom da piedade torna o cristão consciente de sua participação na família dos filhos de Deus e move-o a ultrapassar as categorias do direito e do dever, a fim de testemunhar uma generosidade que não mede esforços, desde que sirva aos irmãos. É o que manifesta São Paulo ao escrever “De muito boa vontade darei o que é meu, e me darei a mim mesmo pelas vossas almas” (2Cor 12,15).
Comments0