ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
Em 21 de outubro, celebra-se o Dia do Ecumenismo. A data representa uma oportunidade de aprofundamento sobre o tema e a promoção de ações concretas para a unidade cristã em todo o país.
Mais do que promover encontros entre lideranças de diferentes igrejas, o ecumenismo representa um movimento de unidade entre os cristãos chamados à oração, à vida fraterna e ao trabalho em comum.
Historicamente, a Igreja Católica se mostrou atenta à importância de dialogar com diferentes religiões. O grande estopim ocorreu em 25 de janeiro de 1959, quando o Papa João XXIII anunciou a realização do Concílio Ecumênico Vaticano II. A reflexão sobre essa dimensão estava no centro das intenções de São João XXIII e se ampliaria por toda a Igreja e pelos pontificados seguintes.
Com a morte do Papa João XXIII, o Santo Padre, Paulo VI, deu sequência à missão de unir diferentes igrejas cristãs em busca do anúncio do Evangelho. Em sua Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, o Pontífice escreveu: “Como evangelizadores, nós devemos apresentar aos fiéis de Cristo não a imagem de homens divididos e separados por litígios que nada edificam, mas sim a imagem de pessoas amadurecidas na fé, capazes de se encontrar para além de tensões que se verifiquem, graças à procura comum, sincera e desinteressada da verdade”.
O Concílio Ecumênico Vaticano II, realizado entre os anos de 1961 e 1965, aprofundou a discussão ecumênica, abrindo novas possibilidades para o diálogo.
Desse grande encontro universal foi aprovado o Decreto Unitatis Redintegratio, uma importante diretriz para o diálogo ecumênico. Em sua abertura, o texto esclarece que “São numerosas as comunhões cristãs que se apresentam aos homens como a verdadeira herança de Jesus Cristo (…) mas têm pareceres diversos e caminham por rumos diferentes. Essa divisão, porém, contradiz abertamente a vontade de Cristo e é um escândalo para o mundo”.
O decreto define ecumenismo como as atividades e iniciativas que surgem a partir das necessidades da Igreja e das oportunidades oferecidas pelas transformações dos tempos. Como forma de transformar o diálogo ecumênico em um gesto concreto que perpetuasse por toda a história, o Decreto Unitatis Redintegratio lista oito práticas fundamentais:
Mesmo sendo uma reflexão histórica, ainda existem confusões entre o que significa ecumenismo e sincretismo religioso.
Como entendido pelo magistério, o ecumenismo visa a um movimento de unidade entre as igrejas cristãs. Essa união ocorre, sobretudo, pelo diálogo, aproximação, cooperação e busca fraterna pela superação das divisões. Por outro lado, o sincretismo religioso acontece por meio de vínculos construídos de forma espontânea entre diferentes comunidades religiosas, provocando uma intersecção de seus símbolos e práticas.
Na perspectiva de responder ao apelo de diálogo ecumênico nasceu, em 1982, em Porto Alegre (RS), o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic). Sua fundação é fruto da união entre as igrejas católica, batista, anglicana, luterana e presbiteriana.
Dentre as principais atividades da comissão estão a Semana de Oração pela Unidade Cristã e o curso sobre ecumenismo “Itinerários dialógicos”.
O trabalho do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil ocorre, atualmente, baseado em um plano de ação que prevê a divulgação da raiz comum na fé em Jesus Cristo e do testemunho cristão da unidade na diversidade, baseando-se na vivência ecumênica e na fé da vida pública.
“A razão de o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil existir é a promoção da unidade cristã, testemunhar que as diferentes compreensões sobre a fé em Jesus Cristo não devem nos dividir. Pessoas cristãs têm o dever de se comprometer com a unidade e o diálogo, ambos são exigências da fé em Jesus Cristo. Em contextos de intolerância religiosa, cabe a nós testemunhar que Jesus Cristo jamais aceitaria a discriminação e o ódio religioso. Jesus sempre foi uma pessoa disponível para o convívio, o encontro e o diálogo. Viver a unidade cristã não é concessão, mas é compromisso de toda a pessoa batizada”, exortou Romi Márcia Bencke, pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil.
Já na Igreja do Brasil, a Comissão Episcopal para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso é uma das doze comissões episcopais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e tem por atribuição promover a unidade dos cristãos e o diálogo inter-religioso em âmbito nacional. Para isso, conta com quatro grandes iniciativas: o apoio às dioceses, o acompanhamento e o incentivo às comissões bilaterais de diálogo ecumênico e inter-religioso, a oferta de cursos e estudos de formação ecumênica e a presença e participação no Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasi e em outras organizações de diálogo ecumênico.
Segundo o Padre Marcus Barbosa Guimarães, assessor da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a missão evangelizadora da Igreja implica um caminho de amizade, diálogo e unidade.
“Os cristãos precisam dar testemunho de unidade como desejou o próprio Jesus: ‘para que todos sejam um e o mundo creia’ (Jo 17,21-23). A caminhada ecumênica nos faz lembrar que somos todos peregrinos à casa do Pai. O ecumenismo é uma rica contribuição para a unidade da família humana. A Igreja, ao firmar a dimensão ecumênica na missão evangelizadora, quer nos recordar que o ecumenismo é uma dimensão fortemente unida, intrínseca e constitutiva da nossa fé cristã”, frisou o Padre Marcus.
Fundada na década de 1980 pelos Frades Franciscanos da Reconciliação, a Casa da Reconciliação pertence, desde 1993, à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e é administrada pela Arquidiocese de São Paulo (SP). Ao longo de três décadas, o local se tornou referência para o ecumenismo e diálogo inter-religioso na cidade.
Em entrevista à Revista Ave Maria, o Cônego José Bizon, diretor da Casa de Reconciliação, recordou que os esforços da arquidiocese para promover o diálogo ecumênico começaram ainda na década de 1960 e que ao assumir a Casa da Reconciliação ampliou-se o trabalho de comunhão com cristãos: “A missão da Casa da Reconciliação é de construir pontes para encurtar distâncias e estreitar laços de amizade entre as diferentes religiões”, afirmou o Cônego Bizon.
Com tantas ferramentas, para o padre é fundamental que os católicos compreendam seu papel de construtores da unidade, assim como tem inspirado fortemente o Papa Francisco.
Parte da história ecumênica da Igreja foi construída no Brasil, em Aparecida (SP), durante a 5ª Conferência do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), no ano de 2007. O encontro teve como fruto o Documento de Aparecida, que apresenta as principais conclusões das discussões.
No centro do diálogo, o ecumenismo foi a pauta de duas seções e inspirou a continuidade da dimensão inter-religiosa como caminho de valorização da vida e evangelização. Além disso, a casa da Mãe Aparecida, conforme recordou o Cônego José Bizon, é, historicamente, um local de encontro entre diferentes religiões. Um exemplo claro é a realização da Assembleia-geral dos Bispos do Brasil no santuário, que prevê em sua programação a presença de lideranças das igrejas-irmãs para um dia de convivência. Em outros momentos, o santuário nacional também já acolheu encontros com a presença de representantes das igrejas ortodoxa, muçulmana, evangélica e tantas outras, sempre, segundo o Cônego Bizon, em clima de fraternidade.
Comments0