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O som da caridade é afinado ao coração de Deus. A caridade é a partitura da melodia do que deve ser a vida do cristão. Jesus esticou as cordas da caridade ao ser elevado na cruz. A entrega total. O sublime absoluto! Quem não entendeu a cruz, não entendeu nada.
É interessante observarmos que, mesmo diante de tantos sofrimentos ao longo da história, a humanidade ainda não tenha entendido a brisa suave da música de Deus, a humildade! Por isso, o cristão canta: para, em primeiro lugar, ser humilde e, em seguida, louvar a Deus por ter encontrado o caminho da caridade. Sem humildade não há escuta e caridade.
Quem não escuta a harmonia divina não encontra a música que, de fato, louva seu Criador.
Quem não escuta não se converte. Conversão é escuta! Escutar a si e ao outro simultaneamente. Do contrário, a escuta é egoica e, portanto, sem vida. Ninguém sobrevive espiritualmente incensando o ego, nem o próprio e nem o dos outros.
Thomas Merton nos conta, no livro A montanha dos sete patamares, todo o seu processo de luta para aprender a escutar seu mundo interior e como se deu sua conversão: “Eu não sabia sequer quem era Cristo nem que Ele fosse Deus. Não tinha a mínima ideia de que existia algo que se chamava o Santíssimo Sacramento. Pensava que as igrejas fossem meros lugares onde as pessoas se reuniam para cantar alguns hinos. Todavia, agora vos digo, a vós outros que sois agora o que eu fui antes, ó incrédulos, que é esse Sacramento tão só, o Cristo vivendo entre vós e sacrificado por vós, é somente Ele que sustém o nosso mundo e impede que sejamos precipitados de cabeça para baixo sem mais detença no báratro da nossa destruição eterna. E vos afirmo que existe uma força que emana desse Sacramento, uma força de luz e verdade e que penetra até mesmo os corações daqueles que nunca ouviram nada a seu respeito e que parecem incapazes de acreditar”.
É hora de aprendermos a escutar a voz da caridade dentro de nós! As experiências que não deram certo têm a vantagem de nos guiar a não as repetir. As igrejas estão muito ruidosas, sem escuta verdadeira, sem caridade musical. Serve-se a Deus para servir-se de Deus. É preciso recomeçar! É preciso escutar! É preciso caridade! É preciso escutar o ritmo da criação: “Não existe uma flor que se abra, não existe uma semente que caia ao chão, não existe uma espiga de trigo balançando na extremidade da sua haste ao vento, que não preguem e não proclamem a grandeza e a misericórdia de Deus para com o mundo inteiro!” (Thomas Merton).
Que a música de nossas igrejas seja a escuta da caridade para não sermos somente “um metal estridente e um címbalo que tine” (1Cor 13,1), mas pacientes, mansos, reverberando a doce melodia da fé, da esperança, da caridade, da misericórdia! O cantar cristão é viver plenamente afinado ao diapasão da Eucaristia!
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