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Certa vez, um homem indagou a outro: “Como pode Deus estar na hóstia?” Uma resposta a tal questão está no campo da fé da Igreja na presença real de Cristo no santíssimo sacramento. A veracidade de algo é comprovada pelo testemunho de duas ou mais pessoas. A fé na eucaristia é apostólica; Jesus mesmo a instituiu na última ceia, estando reunido com seus apóstolos. A partir de Pentecostes, quando a Igreja iniciou sua peregrinação rumo à pátria celeste, este sacramento divino foi dando ritmo aos seus dias e conforto na presença do Senhor.
Sim, esta é a convicção de fé da Igreja. O Concílio Vaticano II afirmou que o sacrifício eucarístico é “fonte e centro de toda a vida cristã”. Com efeito, “na santíssima eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne, vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo”, falou o papa João Paulo II (Ecclesia de Eucharistia, n. 1).
Quanto ao testemunho de fé dos fiéis na participação da eucaristia, a constituição sobre a Liturgia orienta que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores mudos, mas participem de forma consciente, ativa, piedosa, com boa compreensão dos ritos e orações da ação sagrada; sejam formados pela palavra de Deus; alimentem-se à mesa do Senhor; ofereçam ações de graças a Deus; ofereçam-se a si mesmos e, juntamente com o sacerdote, ofereçam a hóstia imaculada; que, por Cristo mediador, progridam na unidade com Deus e entre si, a fim de que Deus seja tudo em todos (Sacrosanctum Concilium, n. 47).
Que belo testemunho de amor e intimidade ao tão sublime sacramento a Igreja tem em São Tomás de Aquino, maior poeta e compositor sobre a eucaristia. Dele, comenta o papa Bento XVI que, “segundo os antigos biógrafos, costumava aproximar a sua cabeça do tabernáculo, como que para sentir palpitar o coração divino e humano de Jesus” (Bento XVI. Audiência geral, 23/6/2010).
A indagação daquele homem sobre a fé na presença real de Cristo na eucaristia, de certo modo, revela um desejo de conhecer a Deus. Por isso, é tão valioso o pensamento do Padre Pedro Julião, apóstolo da eucaristia no texto ‘Le Trés Saint Sacrement‘: “O culto solene à exposição do Santíssimo é necessário para despertar a fé, adormecida em tantos homens honestos. (…) A sociedade morre quando não tem mais um centro de verdade e de caridade, e tampouco vida em família. Muitos se isolam, se concentram em si mesmos, querem ser autossuficientes. Assim, a dissolução é iminente! Ao contrário, a sociedade renasce com vigor quando todos os seus membros se reúnem em torno do Emanuel.”
Por isso, o convite da Igreja é que se volte o olhar continuamente para o seu Senhor, presente no sacramento do altar, pois é nele que se descobre a plena manifestação do seu imenso amor. Ao comungar do corpo e sangue de Cristo, nosso Senhor comunica também o seu Espírito. Escreve São Efrém: “Chamou o pão seu corpo vivo, encheu-o de Si próprio e do seu Espírito. […] E aquele que o come com fé, come Fogo e Espírito” (Ecclesia de Eucharistia, n. 17).
Que o seu amor a Jesus Eucarístico seja renovado ao receber do seu Espírito a fim de que dê um bom testemunho de fé para que o mundo creia!
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