ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
A viagem apostólica do Papa ao Bahrein foi o tema da catequese do Santo Padre na Audiência Geral, desta quarta-feira (09/11), realizada na Praça São Pedro.
Antes de iniciar o seu discurso, o Papa chamou a atenção para o comportamento de duas crianças que se aproximaram dele, dizendo que elas foram até ele sem medo, diretamente, “e assim, nós devemos ser com Deus. Elas nos deram o exemplo de como devemos nos comportar com Deus, com o Senhor. Ir adiante. Ele nos espera sempre. Fez-me bem ver a confiança dessas duas crianças. Elas foram um exemplo para todos nós. Assim, devemos nos aproximar do Senhor, com liberdade”. A seguir, agradeceu publicamente a todos que trabalharam para que a viagem do Papa tivesse bom êxito. Agradeceu também a todos aqueles que acompanharam esta visita com o sustento da oração e renovou sua gratidão ao Rei do Bahrein, às outras Autoridades, à Igreja local e à população pela calorosa hospitalidade.
É natural perguntar-se: por que o Papa quis visitar esse pequeno país com uma grande maioria islâmica? Francisco respondeu essa pergunta com três palavras: diálogo, encontro e caminho.
Diálogo. Esta viagem foi feita a convite do Rei do Bahrein, Hamad bin Isa bin Salman Al Khalifa, “para um Fórum sobre o diálogo entre Oriente e Ocidente. Diálogo que serve para descobrir a riqueza de quantos pertencem a outros povos, outras tradições, a outras crenças”. “O Bahrein, um arquipélago formado por muitas ilhas, ajudou-nos a compreender que não se deve viver isolando-se, mas aproximando-se. Exige-o a causa da paz, e o diálogo é “o oxigênio da paz”. Não se esquecem disso: o diálogo é o oxigênio da paz. Também a paz doméstica. Se há uma guerra entre marido e mulher, depois com o diálogo se segue adiante com a paz. Dialogar também na família”, reiterou.
O Papa recordou que há quase sessenta anos, o Concílio Vaticano II, falando sobre a construção do edifício da paz, declarou que «ela exige certamente que [os homens] dilatem o espírito mais além das fronteiras da própria nação, deponham o egoísmo nacional e a ambição de dominar sobre os outros países, e fomentem um grande respeito por toda a humanidade, que já avança tão laboriosamente para uma maior unidade».
Francisco destacou que no Bahrein, ele sentiu esta exigência e desejou que, “no mundo inteiro, os responsáveis religiosos e civis saibam olhar além das próprias fronteiras, das suas comunidades, para cuidar de todo o conjunto. Somente assim podem ser enfrentados certos temas universais, como o esquecimento de Deus, a tragédia da fome, a tutela da criação, a paz”.
Neste sentido, o Fórum de diálogo, intitulado “Oriente e Ocidente pela convivência humana”, exortou a escolher o caminho do encontro e a rejeitar o do desencontro. Quanto precisamos disto! Penso na guerra insensata de que a martirizada Ucrânia é vítima, e em muitos outros conflitos, que nunca serão resolvidos através da lógica infantil das armas, mas unicamente com a força suave do diálogo.
“A Ucrânia é martirizada, mas pensemos em países que estão em guerra há anos, pensemos na Síria, mais de dez anos. Pensemos nas crianças do Iêmen, pensemos em Mianmar. Em todo lugar, agora é mais próxima a Ucrânia. Mas o que fazem as guerras? Destroem. Destroem a humanidade, destroem tudo.”
A seguir, o Papa se deteve na segunda palavra: encontro. Francisco disse que no Bahrein ele sentiu “várias vezes o desejo de que haja mais encontros entre cristãos e muçulmanos, que se estreitem relações mais sólidas, que nos interessemos mais uns pelos outros”. Recordou que “no Bahrein, como se faz no Oriente, as pessoas levam a mão ao coração quando cumprimentam alguém”. “Também eu o fiz”, disse ele, “a fim de criar espaço dentro de mim para quantos eu encontrava. Pois sem hospitalidade, o diálogo resta vazio, aparente, permanece uma questão de ideias, não de realidade”.
O Pontífice recordou o seu encontro com o Grão-Imame de Al-Azhar, com os jovens da Escola do Sagrado Coração, “estudantes que nos deram uma grande lição, pois estudam juntos, cristãos e muçulmanos”. Os idosos deram “um testemunho de sabedoria fraterna”, disse o Papa, recordando o encontro com os membros do Conselho Muçulmano de Anciãos, “uma organização internacional fundada há poucos anos, que promove boas relações entre as comunidades islâmicas, no sinal do respeito, da moderação e da paz, opondo-se ao integralismo e à violência”.
Por fim, a terceira palavra: caminho. A viagem ao Bahrein não deve ser vista como um episódio isolado, faz parte de um percurso inaugurado por São João Paulo II, quando foi a Marrocos.
Deste modo, a primeira visita de um Papa ao Bahrein representou um novo passo no caminho entre fiéis cristãos e muçulmanos: não para nos confundirmos nem para diluir a fé, mas para construir alianças fraternas em nome do Pai Abraão, que foi peregrino na terra sob o olhar misericordioso do único Deus do Céu, Deus da Paz. Por isso, o lema da viagem foi: “Paz na terra aos homens de boa vontade”.
“Diálogo, encontro e caminho no Bahrein tiveram lugar inclusive entre os cristãos”, sublinhou Francisco, recordando o encontro ecumênico, de oração pela paz, com o amado Patriarca Bartolomeu, e com pessoas de várias confissões e ritos.
Os irmãos e irmãs na fé, que encontrei no Bahrein, vivem verdadeiramente “a caminho”: são na maioria trabalhadores imigrantes que, longe de casa, encontram as suas raízes no Povo de Deus e a sua família na grande família da Igreja. E vão em frente com alegria, na certeza de que a esperança de Deus não desilude.
A seguir, recordou o encontro com os pastores, os consagrados, as consagradas, os agentes pastorais e, na missa festiva, celebrada no estádio, os numerosos fiéis vindos até de outros países do Golfo.
O Papa convidou a nos sentirmos chamados “a dilatar os horizontes, corações dilatados, não fechados, duros”, mas abertos, “porque somos todos irmãos e para que essa fraternidade humana cresça. Dilatar os horizontes, alargar os interesses e nos dedicar ao conhecimento dos outros”. “Se você se dedicar a conhecer os outros, você nunca será ameaçado. Para prosseguir, o caminho da fraternidade e da paz tem necessidade de todos e de cada um”, concluiu.
Comments0