ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
Jesus, em sua infância e juventude, viveu com seus pais em Nazaré da Galileia. “Crescia em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos Homens” (Lc 2,52). Assumiu a vida comum dos jovens judeus de sua época. É precioso este tempo da “vida oculta” de Jesus. O fato do Filho de Deus fazer-se um de nós, assumindo totalmente a condição humana, revela que o cotidiano da vida de qualquer pessoa pode adquirir pleno sentido. Os mínimos gestos podem tornar-se caminho de santificação. Jesus foi santo não porque realizou grandes obras aos olhos dos outros, mas porque em todas as coisas fazia a vontade do Pai.
Pelo seu ministério público, a partir dos 30 anos de idade, verifica-se que Jesus cresceu na verdadeira sabedoria extraída da observação do dia a dia das pessoas, do seu trabalho, de suas alegrias e tristezas, de suas aspirações e angústias; da contemplação da natureza, dos pássaros, dos campos, dos trigais, das figueiras, das vinhas… As palavras e ações de Jesus demonstram que ele desenvolveu um espírito crítico frente às instituições políticas, econômicas e religiosas de sua época, assim como muitos jovens de hoje. Constata-se também que ele lia e meditava a Sagrada Escritura a partir da ótica dos pequenos e pobres. Seguiu a linha dos movimentos proféticos e sapienciais. Posicionou-se contra o sistema excludente de pureza. Rompeu com o poder dominante e optou pelo lugar social das pessoas excluídas. No meio delas gestou o seu programa e anunciou o Reino de Deus: um mundo justo, fraterno e solidário.
Sua mãe Maria, ainda muito jovem, assumiu a proposta divina e aceitou ser sua serva acolhendo Jesus em seu seio, enfrentando com coragem os preconceitos da sociedade de sua época. E anunciou que a misericórdia divina se estende de geração em geração para todas as pessoas que o temem; anunciou que Deus dispersa os homens de coração orgulhoso, derruba do trono os poderosos e exalta os humildes… (Lc 1,51-52). Não há dúvida que Maria foi mãe e também mestra de seu filho Jesus. Também José, “homem justo”, transgredindo as leis oficiais de sua época aceitou ser esposo de Maria e pai de Jesus. O filho de Deus nasceu e cresceu no meio de gente simples, trabalhadora e de profunda fé.
Desde o início de sua atividade pública Jesus escolheu um grupo para acompanhá-lo em sua missão. Certamente vários membros deste grupo de seguidores eram jovens. Jesus trabalha em equipe e ensina o modo de viver segundo o projeto de Deus, superando todas as formas de egoísmo, de discriminação e de domínio de uns sobre os outros. Especialmente dedicou-se para libertar as pessoas dos espíritos que impediam de serem livres para amar e serem amadas. Os espíritos imundos ou impuros estão relacionados com a ideologia do sistema de pureza, como vimos acima. Por causa deste sistema as pessoas doentes, pobres, trabalhadoras de vários tipos de profissões, desempregadas, estrangeiras e mulheres eram consideradas impuras e excluídas da salvação divina, uma vez que não conseguiam cumprir as leis estipuladas pela instituição religiosa. Além disto, havia a dominação do império romano: militarismo, escravização, invasões, saques, impostos, violência de todo tipo…
Jesus ensina um novo jeito de pensar e de agir. Abre para a juventude e para todas as pessoas de boa vontade um caminho novo de liberdade, justiça e paz. Os protagonistas da proposta de Jesus são os pobres porque deles é o Reino de Deus; os que choram porque serão consolados; os mansos porque possuirão a terra; os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados; os misericordiosos porque alcançarão misericórdia; os puros de coração porque verão a Deus; os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus; os que são perseguidos por causa da justiça porque deles é o Reino dos céus (Mt 5,3-10).
O novo ensinamento de Jesus é de quem tem autoridade. Suas palavras são expressão de sua fé vivida na prática. Ungido pelo Espírito do Senhor ele veio “para anunciar a Boa Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção e publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19).
Coerente com esta opção inspirada na profecia de Isaías (61, 1-2), Jesus liberta e cura as vítimas do poder econômico, político e religioso de sua época. Entre elas, os evangelhos citam alguns adolescentes e jovens, como a filha de Jairo, de doze anos de idade (Mc 5,35-43). Todos já a consideravam sem vida. Jesus toma-a pela mão e ordena: “Menina, eu te digo, levanta-te”. Ela é um exemplo da situação das adolescentes no tempo de Jesus, onde o patriarcalismo se impunha de forma truculenta. A partir da primeira menstruação a moça ficava à disposição para o casamento sem o direito de escolher o futuro marido. Além disso, o fluxo de sangue era considerado sinal de impureza, devendo nestas ocasiões ficar isolada; quem a tocasse também se tornava impuro, como também impuros ficavam os lugares onde ela sentava ou transitava. Não é por acaso que junto a esta narrativa, o evangelho insere a cura da mulher hemorroíssa. Jesus não segue as leis que discriminam. Segue o único mandamento que sintetiza toda a lei e toda a profecia: o amor a Deus e ao próximo. Diante da dúvida de quem é o próximo Jesus ilustra a parábola do samaritano solidário (Lc 10,25-37). A prática de Jesus, portanto, opõe-se a toda lei que impossibilita a vida digna para todos.
Sua opção pelas pessoas excluídas o leva a dedicar-se no resgate da integridade de cada ser humano e sua inclusão na sociedade. Tomando o Evangelho de Marcos, o mais antigo dos evangelhos, percebe-se que o primeiro milagre de Jesus foi libertar uma pessoa perturbada pelo espírito impuro proveniente do ensino na sinagoga (1,21-28). Jesus tem o poder de calar a voz dos ideólogos do sistema de impureza introjetado nas pessoas comuns, atingindo o próprio ambiente da casa, como se percebe pelo relato da cura da sogra de Pedro (1,29-31). Pela cura do leproso Jesus denuncia o sistema de exclusão e possibilita a integração da pessoa marginalizada (1,40-45). Pela cura do homem da mão seca ele possibilita a liberdade de ação tolhida pela ideologia religiosa (3,1-6). Assim também a cura do paralítico transportado por quatro amigos e introduzido na casa através de um buraco no telhado. Jesus percebe qual é a causa desta paralisia e, por isso, perdoa-lhes os pecados (2,1-12). O legalismo introduzido pelo sistema de pureza incutia nas pessoas a ideia de serem portadoras de pecado e impedidas de salvação. Assim ainda a cura do surdo-mudo (Mc 7,31-37) e tantos outros gestos libertadores narrados nos evangelhos.
Jesus com sua proposta é boa notícia para as pessoas de todas as idades. Certa vez, em terra pagã, ele acolheu o pedido de uma mulher cananeia e curou sua filha (Mc 7,24-30). Jesus se rende diante da fé manifestada por aquela mulher estrangeira e mostra que o evangelho da vida e da salvação é dom de Deus para todos. Na parábola dos dois jovens irmãos (Lc 15,11-32), Jesus revela o rosto misericordioso e acolhedor do Pai. O irmão mais novo que sai pelo mundo afora representa os estrangeiros, enquanto o mais velho representa os judeus. Eles têm o mesmo pai que não impõe ordens, mas proporciona o caminho de mútua acolhida. Na sua casa tem lugar para todos. O Reino de Deus é de fraternidade e de paz. Um grande esforço fez Jesus para libertar os discípulos da cegueira em que estavam mergulhados. Eles “enxergavam” a própria missão de Jesus com os olhos dos poderosos tanto do sistema religioso como do político; estavam contaminados com o “fermento dos fariseus e o fermento de Herodes” (Mc 8,15). Discutem entre si quem deles seria o maior (Mc 9,33-35). Tiago e João chegam a pedir para sentarem um à direita e outro à esquerda de Jesus na sua glória (Mc 10,35-45). Jesus diz que eles não sabem o que estão pedindo. Os outros dez apóstolos ficaram com raiva de Tiago e João. Jesus insiste no serviço mútuo pelo caminho do sofrimento, da cruz e da morte. Com o cego de Betsaida (Mc 8,22-26) os discípulos precisam ser tomados pela mão e levados para fora da cidade (ideologia de poder) e permitir que Jesus lhes possibilite uma nova visão. Como o cego Bartimeu eles precisam gritar com convicção de fé para pedir o socorro de Jesus, desvencilhar-se da “capa” das seguranças pessoais e institucionais, a fim de ver perfeitamente e segui-lo no caminho na cruz (Mc 10,46-52).
Jesus chamou para segui-lo não somente os doze apóstolos. Chamou também o jovem rico que o procurou para saber o que deveria fazer para alcançar a vida eterna (Mt 19,16-22). Jesus gostou dele e percebeu que ele tinha condições de avançar no caminho da perfeição: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terá um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!”. O jovem foi embora entristecido, pois era possuidor de muitos bens. De modo diferente agiram as mulheres, Maria Madalena, Joana, Susana e muitas outras. Mesmo sem serem convidadas explicitamente por Jesus, puserem-se a segui-lo colocando seus bens a serviço de sua missão (Lc 3,1-3).
Há jovens também que crescem e se educam em ambientes que não proporcionam uma visão verdadeira de Deus e servem aos interesses dos dominantes. Um exemplo é a filha de Herodíades, mulher de Herodes. Para satisfazer o desejo de sua mãe pede a morte do profeta João Batista (MC 6,14-29). A Bíblia mostra que há dois caminhos: o da vida e o da morte. O caminho da vida por excelência identifica-se com a pessoa de Jesus e Nazaré que veio não para ser servido, mas para servir e dar sua vida pela salvação da humanidade.
Comments0