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Certa vez, eu devia responder a uma entrevista sobre São José. O simpático entrevistador começou afirmando que era difícil considerar São José, pois ele não dizia nada na Bíblia. Para mim isso já foi um mau começo… Eu lhe perguntei se ele tinha filhos pequenos e ele respondeu que era pai de um menino de 7 meses. Assim eu lhe perguntei que idioma eles usavam para dialogar. O jovem pai entrevistador disse que não usavam um idioma, pois seu filho não sabia falar. E eu lhe perguntei se, mesmo assim, eles se comunicavam. A resposta foi “sim”. Mesmo sem usar uma língua formal, com vocabulário, gramática e sintaxe, eles se comunicavam. De algum modo, seu menino “falava” e ele, o pai, entendia e, assim, interagiam.
Assim é também com José, esposo e pai que é, talvez, depois de Maria, o personagem do Novo Testamento mais diretamente relacionado a Jesus. Mais do que os discípulos ou apóstolos. Esse relacionamento se dá de dois modos: por referência imediata ou por influência. É mais fácil compreender o relacionamento por referência, mas a marca significativa está na influência.
Quando indico referência imediata me refiro aos textos bíblicos que apresentam, de muitos modos, José. Quando indico influência, refiro-me ao conjunto humano de interações que foge do controle, pois é algo que a vida impõe. Vejamos…
José é citado nos Evangelhos de modo direto, indireto e implícito.
Chamamos de “direto” quando a presença de José é imediata, na ação. É “indireto” quando ele faz parte da ação, mas não é o seu sujeito. E é “implícito” quando está sugerido no contexto, não sendo mencionado. São sempre presenças que não o mostram falando, com perguntas ou respostas. Mas ele está agindo, está compondo o quadro narrativo ou está no conjunto. Vejamos um exemplo de cada uma destas possibilidades.
A anunciação a José, em Mateus 1,18-25. Aqui ele aparece de modo destacado. É o sujeito da ação, pois está esposado com Maria, percebe sua gravidez e planeja desligá-la de seus compromissos. Ele sonha e, levantando-se na noite, age e o nascimento de Jesus é possível. Isso é palavra viva de José, de modo direto. José está de modo indireto no conjunto da narrativa como na apresentação de Jesus no templo, quando ele não age, mas acompanha Maria e é citado. Vemos isso em Lucas, no capítulo 2. E está de modo implícito quando é recordado de alguma forma, não sendo parte da narrativa, mas, dando sentido a ela, como quando Jesus é chamado de “filho de José, de Nazaré” em João 1,45.
A presença nas influências: um modo de compreender uma pessoa é conhecendo seus pais. Sempre carregamos, em nós, o que veio de nossos pais. José foi o pai de Jesus e isso deve, de algum modo, determinar sua personalidade. Eis mais um bom motivo para considerar o personagem bíblico José na sua missão de esposo e construtor do ser humano, membro do povo eleito, Jesus.
Falando de influências é bom lembrar que elas vêm de muitos modos. Como não perceber em Jesus o sentido elevado de justiça, a enorme capacidade de compaixão, a seriedade absoluta na observância da vontade de Deus, conhecida e acessada na Palavra escrita e nas tradições do povo eleito? Tudo isso são, com certeza, os traços marcantes de sua personalidade e caráter, formados pela sua natureza humana e pela presença de pessoas totalmente especiais em sua vida. Entre elas, seguramente, José, seu pai.
Isso tudo é, de muitos modos, presença de José nos Evangelhos.
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